Liberta-te do Mal

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CAPÍTULO 14

Sacrifício por amor

Ninguém conhece, e, portanto, não avalia as dores acerbas que te dilaceram a alma, porque não te veem desfilar o rosário das queixas e reclamações comuns em quase todos os comportamentos.

Porque sorris jovialmente e tens sempre uma palavra, um gesto de bondade para oferecer, todos acreditam que a felicidade aninhou-se-te no coração e as preocupações que sempre afligem diluíram-se-te nos painéis do Espírito.

Em razão de possuíres recursos financeiros para uma existência cômoda, fruto do trabalho e da exaustão de atividades, atiram-te pechas, chamando-te de privilegiado e abençoado pelos Céus, como se estivesses usurpando o direito de outrem.

Muitos que convivem contigo invejam-te a existência e, talvez, inconscientemente, desejam ver-te em situação aflitiva para observarem se manterias o mesmo comportamento.

Silencias dúvidas e anelas por paz, nada obstante trabalhando com afinco e tenacidade, a fim de que a hora vazia não te assinale a existência honorável, tornando-te um peso no organismo social.

Ninguém sabe apenas tu, do quanto darias para seres livre, para desfrutares das alegrias das almas simples e descomprometidas.

Se o disseres, bem poucos acreditarão em tua palavra, porque os julgamentos humanos são quase sempre frívolos, superficiais ou caprichosos...

Por mais que faças, procurando servir e amar, atendendo, não poucas vezes, àqueles que te ludibriam com os seus lamentos, recebem tuas dádivas e mantêm-se ingratos, porque sempre desejam mais, anelando pela posse total, naturalmente sem que envidem os necessários esforços para amealhar os recursos.

Pensam que tudo quanto consegues é resultado de facilidades ou de astúcia, de privilégios ou de desonestidade.

Infelizmente, desconhecem os teus sacrifícios por amor, as tuas contínuas batalhas internas para superar as situações afugentes que te maceram, permanecendo em clima de tranquilidade e de gentileza.

Toda obra que se engrandece é argamassada com o suor e as lágrimas daquele que a empreende.

Nenhuma construção digna é resultado do improviso ou da astúcia, exigindo um preço alto de renúncia.

Sacrifício por amor e de devotamento.

No mundo, nada é fácil, especialmente para quem trilha o caminho da honradez e da austeridade.

Ocorre que são bem poucas as pessoas que acreditam nos valores éticos do seu próximo, sempre o julgando conforme a própria conduta, desse modo, pensando que as realizações daqueles que se esfalfam no trabalho e na ação digna sejam apenas aparência e não realidade.

Continua, porém, sorrindo e cantando a honra de conheceres Jesus e Sua doutrina que te constituem o alimento de sustentação da existência, o estímulo para o prosseguimento da jornada e o porto seguro para onde rumas com alegria legítima.

Alma querida!

Rogaste a bênção da reencarnação amparada por afetos profundos, e hoje trilhas caminhos juncados de cardos que deves transformar em flores abençoadas a te exornar o comportamento.

As pedras miúdas que te fazem sangrar os pés, enquanto avanças pela estrada da evolução, deveras suportá-las, atritandoas no solo, de modo que percam as arestas pontiagudas que te ferem...

Nas tuas noites solitárias e nas apreensões que te amarfanham os sentimentos, quando os demais estão tranquilos, dormindo, benfeitores do Mundo Maior acercam-se-te e entoam doces baladas que te acalentam o coração, enquanto as ouves nos painéis do Espírito abnegado.

Nunca percas a alegria de viver, em razão da maldade dos maus, nem permitas que algumas nuvens sombrias e teimosas dos testemunhos empanem a claridade da tua jornada de iluminação.

Renasceste para transformar lágrimas em sorrisos, para socorrer os infelizes de todo porte onde quer que se encontrem, de modificar as paisagens tristes e enfermiças em santuários de ternura e de beleza.

Não te aflijas, portanto, em demasia, sempre confiando em Deus, que jamais te desampara.

As dores te alcançam, porque ninguém transita no abençoado Planeta terrestre em regime de exceção, sem o contributo do sofrimento nem a dádiva do amor.

Existem, sim, aqueles que aparentemente não experimentam aflições nem provações, porque se encontram anestesiados pela ilusão ou desintegrados na alienação mental, havendo perdido a lúcida faculdade de pensar.

Continua desse modo, sorrindo, alma generosa!

Todas as tuas íntimas inquietações lentamente serão transformadas em condecorações luminosas que te destacarão como servidor das hostes do Cristo a serviço da renovação do mundo em Seu nome.

Não te detenhas a examinar o curso dos acontecimentos, pensando em teres diminuídas as resistências necessárias para o percurso.

A longa via que deves percorrer aguarda-te serena e atraente.

Avança, passo a passo, edificando o Bem e amando até mesmo aqueles ingratos, porque a tua alegria transforma-se em canção, toda vez que ofertas bondade e amor, embora com sacrifício.

O largo percurso da evolução exige decisão firme e coragem para os enfrentamentos.

Tu sabes quanto necessitas para atingir os altos cimos da plenitude. Não descoroçoes, portanto, no labor da autoiluminação.

Porfia nos compromissos elevados, entoando o hino de gratidão a Deus por todas as dádivas com que te tens enriquecido.

Em uma sociedade em que todos ambicionam receber e ganhar, sê tu aquele que reparte e que educa, que orienta e que distribui amor, até mesmo nas situações mais difíceis e desafiadoras.

Enquanto te aprimoras na ação da caridade e ascendes rumo ao infinito, sem dúvida, um hinário de júbilo ergue-se da Terra louvando-te a trajetória formosa e rica de bondade.

A distância ou bem perto do teu coração há testemunhas que te seguem, que te vigiam e que te amam, agradecendo a Deus a tua valorosa existência.

Quando o amor atinge a culminância, o que representa sacrifício transforma-se em plenitude.

O Calvário de Jesus, assinalado pelos sofrimentos, tornou-se a véspera da madrugada rutilante da Sua ressurreição gloriosa.

Contigo dar-se-á o mesmo.

Ante os flagelos Destruidores Com frequência a sociedade enfrenta os flagelos destruidores que assustam, gerando sentimentos controvertidos de sofrimentos e de revoltas, de ansiedades e de pavor, de insegurança e de desespero.

Normalmente, esses flagelos apresentam-se como inundações, terremotos e tufões, vulcões e tornados, incêndios vorazes e tsunamis que ceifam a vida de vítimas incontáveis, deixando terríveis rastros de desolação, produzindo transtornos de toda ordem.

No passado, não muito distante, associavam-se-lhes as epidemias, ora relativamente controladas, e a fome, derivada das pragas que devastavam as plantações e das secas prolongadas, embora ainda permaneça na Terra essa terrível e vergonhosa calamidade que humilha a cultura, a civilização e a ética das nações...

Não se podem esquecer as guerras com todas as suas terríveis consequências, demonstrando o atraso moral em que se encontram as criaturas e o alto índice de crueldade em que transitam.

Mais recentemente, podem-se incluir os atos perversos do terrorismo em todos os seus aspectos, especialmente por meio das ações alucinadas dos fanáticos religiosos e políticos que se autodestroem, desde que, mediante o gesto de absoluta ausência de raciocínio, possam destruir outras vidas...

Anteriormente, não se tinham ideia exata dessas ocorrências infelizes, porque as dificuldades de comunicação impediam que fossem tomados conhecimentos das suas tragédias e dos detalhes ignominiosos em que se apresentavam.

Na atualidade, porém, graças aos veículos de comunicação de massa e à cibernética, podem-se acompanhar-lhes as manifestações aparvalhantes enquanto as mesmas estão sucedendo, participando-se das aflições inimagináveis de suas vítimas totalmente impossibilitadas de serem socorridas.

Ademais, por terem caráter desolador, quase sempre sucedem simultaneamente em várias partes da Terra, quais sejam as inundações, os incêndios, os tsunamis e outros de igual ou mais grave porte.

Acidentes de todo tipo, alguns deles resultantes da imprudência humana, surpreendem, especialmente nos denominados fins de semana prolongados, como resultado do alcoolismo, do cansaço, da insensatez e da irresponsabilidade da grande maioria de suas vítimas.

Concomitantemente, a violência urbana transformou-se em flagelo tenebroso, dando lugar a um obituário assustador, que assinala o primarismo em que estertoram numerosos, incontáveis seres humanos.

Quando se tratam dos fenômenos sísmicos, das forças vivas da Natureza em desequilíbrio, o impacto é devastador nas comunidades vítimadas, não somente em razão do fenômeno destruidor, mas também das consequências desditosas que se alastram e se demoram nos sobreviventes.

Bem poucos deles conseguem dar prosseguimento à existência harmônica, pois que as sequelas dos desastres, as incertezas em torno da existência, as angústias derivadas dos acontecimentos infaustos, os pavores que permanecem assinalam-lhes de tal forma o comportamento, que prosseguem vivendo sob os camartelos da saudade, do sofrimento, das aflições malcontidas.

Muitas vezes, acusam-se as autoridades negligentes que poderiam ter tomado providências preventivas ou posteriores que minimizassem os danos psicológicos, morais, econômicos e sociais...

Comprometendo-se em assumir responsabilidades imediatas durante as tragédias, essas pessoas irresponsáveis, logo transcorrido algum tempo após o horror, relegam os compromissos a planos secundários até quando os desastres voltam a suceder, anualmente, em períodos cíclicos.

Por outro lado, fatores sociológicos e econômicos empurram os pobres para as áreas de perigo onde constroem os seus barracos sob riscos previsíveis de tragédias com as quais se acostumam por absoluta falta de recursos para evitá-las.

Esses flagelos, que decorrem da Natureza, comovem a sociedade aturdida ante os mesmos, e poderiam ser evitados, em expressivo número, graças às conquistas da Ciência e da Tecnologia que os prevê com alguma antecedência, facultando a tomada de providências específicas. Nada obstante, repetem-se, cansativamente, tornando-se triviais e fazendo parte das estatísticas que os classificam quais aqueles que produziram danos mais graves e número maior de vidas arrebatadas.

No primeiro momento, produzem comoção e despertam a solidariedade de todos, o que oferece um significado de dignificação para o ser humano. Entretanto, também revelam a hediondez dos exploradores, dos bandos de criminosos que se aproveitam das angustiantes circunstâncias para se locupletarem com a miséria do seu próximo, agredindo, roubando, desviando os auxílios que lhes são encaminhados...

O mesmo ocorre com muitas autoridades que recebem ajudas internacionais e de particulares, objetivando socorrer as vítimas e as desviam para suas contas bancárias em paraísos fiscais ou para administradores ignóbeis que fazem parte de seus grupos políticos e de simpatizantes.

Torna-se patética a situação e paradoxal, porquanto, diante da dedicação e do sacrifício dos heróis que salvam vidas sem preocupação com a própria, esses aproveitadores perversos mais lhes aumentam as aflições, gerando ódio e desejos de vingança.

Tal comportamento atesta a carência de amor e de respeito humano que existe no mundo, assim como a necessidade de mais abnegação de todos aqueles que sentem o dever de auxiliar.

Os flagelos destruidores, porém, são efeitos das Leis da Vida, necessários para a renovação das expressões da evolução, apressando as mudanças que se devem operar sob os desígnios divinos.

Espíritos, gravemente comprometidos com a ordem e o dever, sintonizam uns com os outros e se reúnem em lugares onde as destruições irão ocorrer desse modo resgatando os crimes hediondos cometidos contra a Humanidade em reencarnações anteriores e que lhes pesavam na economia moral.

Não existindo o acaso, as Divinas Leis elaboram programas de expurgo e de purificação para os infratores que necessitam da experiência dolorosa a fim de se reajustarem no conjunto espiritual.

O fenômeno da morte faz parte do processo da vida, não tendo importância maior a maneira como venha a ocorrer.

O significado mais expressivo é a atitude de cada qual diante da ocorrência infausta ou esperada, que lhe proporciona o auto aprimoramento e a consciência do dever perante o progresso moral.

Nada, porém, que justifique a violência provocada pelo ser humano perverso, uma vez que a lei de destruição sempre alcança todos aqueles que se lhe encontram programados para sofrê-la.

Ante a impossibilidade de serem evitados alguns flagelos sísmicos e acidentes coletivos, deve o ser humano obstar a onda de insanidade que domina a civilização, contribuindo em favor da harmonia geral com aquilo que possua, esforçando-se para se automodificar, evitando as emissões mentais deletérias que aumentam as tragédias do cotidiano.

Pequenos exercícios de solidariedade, de compaixão, de bondade, de gentileza criam condições favoráveis à paz, diminuindo a incidência dos crimes e da alucinação em predomínio no mundo.

A repetição dos flagelos destruidores de todo porte culmina em fenômeno natural, permitindo que os indivíduos com eles se acostumem, em mecanismo natural de sobrevivência, ficandolhes indiferentes com o passar do tempo.

Por outro lado, podem gerar mais egoísmo em alguns outros, que se cuidarão, poupando-se a qualquer tipo de sofrimento, atirando-se ao prazer que desejam fruir, mesmo quando haja desespero e grandes amarguras em sua volta.

Acautela-te interiormente, em relação à indiferença no que diz respeito aos sofrimentos do próximo hoje, porque pode ser que ele signifique o teu amanhã.

Faze todo o Bem pelo prazer de ser fiel à Vida, ocorram ou não flagelos destruidores, porque uma das maiores desditas para o ser humano é ter enregelado o sentimento e ser incapaz de amar.




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