Lições para a Felicidade

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CAPÍTULO 25

VIRTUDES

893. Qual a mais meritória de todas as virtudes ?


"Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade. "

As virtudes existem em todos os seres humanos, mesmo quando em estado embrionário, porque procedem de Deus, Fonte Plenificadora do Universo.

Manifestando-se como tendência para o Bem - qual ocorre com o fototropismo que altera a direção do vegetal no seu rumo, a fim de o vitalizar e realizar a fotossíntese - há uma atração inevitável para a sua realidade, que se encarrega de produzir a transformação do ser para melhor, mantendo-o em clima de harmonia.

O escultor examina a pedra bruta e vê a estátua que lhe estua interiormente, arrancando o excesso exterior e apresentando-a gloriosa.

O pintor descobre na tela em branco a figura exultante que lhe cumpre revestir com tintas e cores, exteriorizando-a para os olhos atónitos dos que são incapazes de enxergar a beleza oculta.

O músico escuta os sons do Universo e põe-nos no pentagrama, para que sejam reproduzidos por quaisquer instrumentos que desvelem a sua harmonia e sonoridade.

O poeta contempla a paisagem ou desvela o sentimento, cantando em palavras de significado profundo o que outros não conseguem perceber.

Quanto mais aprimoram a capacidade artística, mais se lhes ampliam as percepções e penetram nos conteúdos do que jaz oculto para outros indivíduos.

O santo arde em chama de unção e devotamento, tocado pela Presença de Deus, que capta em todas as coisas, todos os seres, pulsando em a Natureza.

O cientista sabe que, perseverando na busca daquilo que sonha e sente, encontrará a resposta para as interrogações que lhe povoam a mente e inquietam a existência.

O mártir antecipa a glória que lhe está reservada, por saber que no sacrifício está a maior felicidade existencial.

O homem de virtude identifica o benefício que dela resulta, quando a põe em ação, porque vive-a com intensidade no âmago dos sentimentos.

As virtudes são a presença do amor e da sabedoria de Deus pulsando nas artérias da alma, até exteriorizarem-se em forma de ações dignificantes e sacrificiais.

Sem a presença das virtudes a vida estaria destituída de qualquer significado.

São elas que fomentam o progresso, quando imolam no trabalho aqueles que se dedicam à conquista do desconhecido, a fim de tornarem a vida dos seus conterrâneos e da sociedade futura mais amena e digna de ser fruída.

Constituem a força que vivifica os que se recusam a enfraquecer na luta, mesmo quando tudo conspira contra as suas aspirações engrandecedoras.

Graças ao poder de persuasão de que dispõem, nunca desistem de bem servir nem de amar, embora nem sempre encontrem compreensão ou boa vontade pelo caminho por onde jornadeiam.

Não obstante, arrancam da pedra grosseira do primarismo aqueles que estão adormecidos ou incendiados pelas paixões dissolventes a que se entregam. Insistem no labor silencioso de amparar o revel e conduzi-lo à tranquilidade. Permanecem vigilantes, sem enfado ou cansaço, quando se dispõem a iluminar e libertar as consciências que estão em sombras ou escravizadas aos vícios.

Jamais reagem com violência, sempre agindo com bondade.

Desenvolvem-se com o valor do sentimento e crescem em horizontalidade na direção das criaturas e em verticalidade no rumo de Deus, com absoluta segurança do êxito nos resultados do empreendimento, sem a preocupação do tempo ou do esforço que lhes sejam necessários.

Quanto mais se doam, mais se fortalecem e mais se multiplicam, pela necessidade de uma apoiar-se noutra e, de forma especial, por se tornarem envolventes e convincentes de tal maneira que mudam a cada instante a face do planeta e o comportamento dos seres humanos.

As virtudes são como determinadas plantas que resistem à invernia, mantendo toda a seiva na raiz para depois explodir em tonalidades ricas de vida, ou que são atacadas pela ardência do verão, resguardando a seiva nas bases, que retorna exuberante, logo a bênção da chuva as vitaliza.

Podem parecer frágeis, porque são delicadas e sutis, jamais se utilizando de violência para alcançar os seus objetivos; no entanto, movem montanhas sem perturbação da ordem até conseguirem as metas a que se propõem.

Quem as experimenta jamais deixa de buscá-las e vivenciá-las, tal a força de paz de que se fazem portadoras.

Incessantemente povoam o ser humano, às vezes entorpecendo-se em ocasiões muito graves, para ressurgirem com vigor logo a oportunidade se lhes apresenta.

... E quando tudo parece conspirar contra a sua existência, ei-las iluminando os caminhos do mundo e cantando esperanças aos ouvidos da Humanidade.

No pretório, em Jerusalém, Pilatos era o símbolo da dubiedade moral e da sordidez social, crivado de paixões subalternas e aspirações ilusórias.

Barrabás era o exemplo do crime e da venalidade, ignorando a própria insânia e desconhecendo o que se lhe passava em volta.

A multidão enfurecida, representava os vícios morais de todas as épocas, assinalada pelos interesses sórdidos do imediatismo.

Judas, que se evadira da massa, representava o despertar da consciência culpada.

Pedro, que ficara a distância, martirizava-se com os cardos do medo cravados no íntimo.

João, expectante e afável, solidarizava-se em lágrimas com a Vítima...

... E Jesus, o exemplo das virtudes por excelência, sublimando a caridade do amor e do perdão para com todos, aguardava pacientemente o momento extremo do sacrifício, para confirmar que somente na renúncia e no devotamento até a doação da própria existência terrena é que a felicidade total se faz possível.




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