Lições para a Felicidade

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CAPÍTULO 7

PROCESSO DE EVOLUÇÃO

330 a) - Então, a reencarnação é uma necessidade da vida espírita, como a morte o é da vida corpórea?


"Certamente; assim é. "

A reencarnação é Lei da Vida assim como o são a gravitação universal e a eletricidade.

Incursa nas Leis morais que regem o Cosmo, constitui o processo de crescimento dos valores que jazem adormecidos no ser, qual ocorre com a glande que guarda o carvalho imponente, aguardando os fatores próprios para o seu surgimento.

A Magnanimidade Divina a todos cria iguais, portadores de simplicidade e ignorância das verdades transcendentes, facultando-lhes, a esforço pessoal, arrebentar a couraça do desconhecimento em que se ergástulam para lograr a sabedoria que lhes está destinada.

Esse formoso processo é áspero, tornando-se, não poucas vezes, semelhante ao parto que faculta a libertação de uma vida pulsante e prisioneira através do sofrimento de quem a encarcera.

Essa dor, no entanto, é relativa à maior ou menor materialidade moral em que permanece o ser. Quando atrasado, somente portador de instintos e de impulsos, as suas resistências são muito tenazes, exigindo a ruptura da couraça a fortes golpes de dilaceração das suas estruturas. À medida que a razão lhe faculta o entendimento da necessidade do progresso, a vontade contribui de maneira vigorosa para a ocorrência, diminuindo a força inevitável da ruptura, ocorrendo a dissociação paulatina dos envoltórios que a limitam. Por fim, no período mais avançado, tudo se dá suave e prazerosamente, superados os mecanismos de obstrução da percepção divina.

Uma existência física é período muitíssimo breve para a aquisição dos tesouros inimagináveis da sabedoria que promana de Deus.

Comparando-se os seres que compõem o tecido social da Terra, veremos as diferentes faixas em que transitam, desde o primarismo, que é peculiar a povos muito atrasados, mas que também remanescem na denominada sociedade de consumo, passando pelos indivíduos educados e cultos e alcançando o patamar do espiritualizado e livre.

Do bruto ao apóstolo, do agressivo ao pacífico-pacificador, do complexado e de comportamento mórbido ao cordato e gentil permanece um grande pego, que não pode ser vencido em uma etapa carnal apenas.

O salto em direção ao sublime não ocorre pelo impulso de um momento, senão mediante a lenta construção de valores morais e espirituais que são específicos para cada criatura.

Assim, a reencarnação representa o inefável amor de Deus, auxiliando Suas criaturas na aquisição dos tesouros eternos de beleza, sabedoria e amor.

O desenvolvimento intelecto-moral do ser é lento e contínuo, resultando das aquisições que são realizadas nas diversas experiências carnais, abrindo espaços para outras mais profundas quão significativas.

Em cada etapa o Espírito desenvolve uma ou mais aptidões no campo do conhecimento, da inteligência, do sentimento, da arte, da beleza, da fé, inevitavelmente crescendo para Deus.

Quando se equivoca e faz uso indevido de alguma das experiências, retorna ao mesmo proscênio para refazer o episódio, aprendendo a não errar, semeando luz pelo caminho e liberandose das algemas retentivas da retaguarda.

O avanço dá-se sem qualquer retrocesso, às vezes paulatino, graças às leis que regem a vida, ensejando provações iluminativas e expiações redentoras.

Quando o seu é um delito de pequeno porte, volve ao campo de batalha com as marcas do dano causado, de maneira a reabilitarse, envolvendo aqueles que se lhe tornaram vítimas em vibrações de compreensão e de fraternidade, conseguindo o perdão necessário ao equilíbrio da consciência. Experimenta, então, enfermidades que induzem à reflexão, dificuldades que se fazem problemas exigindo soluções, impedimentos no processo de aquisição de valores de vária ordem, carência afetiva e financeira, enfrentamentos sociais e inquietações íntimas, constituindo-se recursos de refazimento pessoal e emocional.

Quando reincidente inveterado no desar, insensível ao apelo do Bem, recomeça a jornada sob injunções dolorosas de que se não pode evadir, sofrendo enfermidades dilaceradoras ou situações vexatórias, inibições e limitações orgânicas, tais a cegueira, a surdez, a mudez, a idiotia, a paralisia, impossibilitado de volver aos mesmos descalabros que lhe assinalaram as atividades pretéritas.

No primeiro caso, dispõe de recursos e lucidez para novas conquistas, somando valores que contribuem para a diminuição dos gravames morais e facultam o desenvolvimento moral que proporciona iluminação e paz.

Na segunda situação, os graves limites impostos exigem, pelo sofrimento, a reflexão em torno dos objetivos essenciais da existência e de como recuperá-los através da senda dos espinhos que ficaram aguardando para ser recolhidos.

O amor, no entanto, será sempre o benfeitor eficaz para o mecanismo de crescimento espiritual.

Graças à sua vivência, o percurso poderá reduzir-se em extensão e em tempo, em face dos prodígios que faculta, anulando etapas amargas e oferecendo campos férteis para a sementeira da felicidade.

A reencarnação, portanto, é indispensável para o Espírito no formoso processo de busca interior, onde se encontra a fonte inexaurível da felicidade plena.

Sem ela, a vida humana se reduziria ao caos das circunstâncias propiciadas pelo acaso, que geraria uns seres ditosos com todas as possibilidades ao alcance, enquanto que outros talados desde o princípio sem a mínima chance de plenitude.


Jesus, conhecendo esse incomparável instrumento evolutivo constituído pelo ir-e-vir, acentuou no Seu formoso diálogo com Nicodemos, o célebre doutor da Lei e mestre do Sinédrio:

—Em verdade, em verdade, te digo que é necessário nascer de novo, para poder entrar no reino dos Céus.


E noutra ocasião muito própria, afirmou:

—O reino dos Céus está dentro de vós - convidando-nos todos a tomarem-no com decisão, arrebentando os impedimentos no avanço realizado com invulgar coragem e decisão irrefragável.

Reencarnar-se, pois, é preciso, para o Espírito que ruma para Deus.




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