Rejubila-te Em Deus

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CAPÍTULO 20

Convulsões morais

A mansuetude deveria ser o estado natural do ser humano, cuja consciência desabrocha para o discernimento. Nada obstante, é a belicosidade que lhe jaz adormecida, que o comanda nas experiências relacionais do quotidiano.

A predominância do instinto sobre a emoção coloca-o, invariavelmente, em defesa; opta pelo comportamento de agressão, em vez do sentimento de fraternidade que um dia unirá todas as criaturas num só rebanho...

Com facilidade surgem pugnas sem qualquer justificativa, separam os indivíduos que se deveriam unir cordialmente ao impositivo do ancestral instinto gregário. No entanto, o predomínio do primarismo psicológico faz que o ego sobreponhase aos valores transcendentes do Espírito e a dissensão estabeleça-se.

A saudável arte de conversar, de dialogar, de permu-tar informações e conhecimentos, experiências e sabedoria, cede lugar às sistemáticas discussões que deixam mossas emocionais nos relacionamentos.

Armando-se contra o próximo por nele vê um potencial inimigo, logo surgem as suspeitas e desconfianças que se ampliam em agressões infelizes, ora verbais e noutras ocasiões de natureza física, inconsequentes...

Seria muito mais fácil ver-se no outro o amigo, o coração afetuoso capaz de produzir calor na afeição, a depender, apenas, de um pouco de gentileza ou de paciência, ou mesmo de compaixão...

A gentileza cede lugar à grosseria, à ausência de civilidade, quando deveria ser um estado natural no comportamento, porquanto é essencial à saúde emocional e física, gera simpatia e une as pessoas.

Dessas maneiras doentias de convivência, nascem as convulsões sociais, as agressões violentas nos lares, nas ruas, em todos os campos de atividade.

O ser humano, em consequência, desumaniza-se, retorna emocionalmente ao primarismo.

A cultura enlouquecida, como efeito do vandalismo que grassa, faz-se estímulo frequente para a ocorrência das convulsões externas, frutos espúrios dos tormentos íntimos.

A mansuetude e a doçura do coração, a que se refere o Evangelho de Jesus, deveriam constituir um alicerce comportamental para o equilíbrio social, porque é no indivíduo que a sociedade tem início. Se ele é pacífico, ao exercer uma função relevante torna-se pacificador, mas se é agressivo faz-se sicário dos outros.

São esses homens e mulheres do dia a dia que ao se tornarem autoridades podem fomentar a paz ou a guerra, de acordo com as características emocionais que os tipificam.

Todos estão fadados à plenitude, e as experiências cotidianas constituem recursos valiosos para o abrandamento das paixões inferiores, para a aquisição da bondade e da mansidão.

O mundo moderno conseguiu milagres na sua face externa, sem lograr a iluminação, a pacificação do ser interior. Em consequência, tornam-se inevitáveis as convulsões morais que têm a tarefa de demolir as construções antigas e mórbidas asselvajadas, cedendo espaço emocional para o desabrochar da natureza espiritual.

Nesse sentido, a filosofia de Amor exarada no Evangelho de Jesus é a única portadora dos valores saudáveis para a mudança de patamar evolutivo, para a superação das tormentosas convulsões destrutivas.

Confiar mais nos próprios recursos morais e proporcionar ao próximo a oportunidade de auto edificar-se, oferecer-lhe chance de recuperar-se, quando se equivoque ou se comprometa negativamente, é dever impostergável.

A mansuetude é conquista do esforço pessoal e da determinação para a conquista da auto cordura e da paz.

Não te permitas intoxicação com os vapores morbosos da dissensão, mantém-te em equilíbrio mesmo quando ocorram situações vexatórias e que te provoquem reações de violência.

Provocações e agressividade surgem a cada momento, desafiam-te, porque te encontras no mundo em processo de desenvolvimento intelecto-moral, sujeito, portanto, às condições ambientais e sociais.

Envolve-te na lã do cordeiro de Deus e evitarás o choque dessas reações violentas.

Desconfianças e acintes seguir-te-ão empós, mas não te perturbes, e permanece digno de respeito pelas palavras e atos.

Acusações indébitas e aversões espontâneas criar-te-ão embaraço, no entanto, não lhes consideres as injunções penosas, mantendo-te generoso e saudável, pois que renasceste na Terra para ascender no rumo da Grande Luz.

Tem em vista que somente acontece aquilo que constitui motivo de progresso para o educando espiritual.

É claro que o desagradável, o perturbador, o incidente malsáo constituem rude provação, mas assim sucederá somente se o considerares sob esse aspecto. Quando alterares o foco de observação e levares em conta tratar-se de bênção, diminuirá de intensidade a ação molesta, e compreenderás o bem que defluirá da preservação da tua paz.

Quando o grão de areia invade a ostra, ao invés de expulsá-lo, ela o envolve, transforma-o em pérola reluzente.

De igual maneira, transforma o aparente mal em significativo bem.

Não será fácil evitar-se a convulsão social, enquanto não se corrigirem as de natureza moral.

— Começa de tua parte, o programa de transformação da humanidade, em ti mesmo, sem permitir que a tua seja a contribuição perturbadora, aquela que impede o progresso geral.

Francisco, o santo de Assis, sempre considerava que tudo quanto lhe acontecia, e era vulgarmente tido como um mal constituía-lhe bênção para a edificação espiritual e vivência de Jesus no seu dia a dia.

Imita-o, já que te parece difícil ser um símile do inolvidável Mestre de Nazaré.

A mansuetude é irmã da paz.

Mesmo que tenhas a percepção da serpente mantém a mansuetude do pombo.

Na montanha, Jesus tornou bem-aventurados os manso, os pacíficos e humildes, elegendo-os como filhos de Deus.




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