Rejubila-te Em Deus

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CAPÍTULO 22

Culpa e arrependimento

Nos painéis mentais do ser deambulante pelo corpo físico, muito facilmente se inscreve a culpa como resultado das atitudes que vão contra a ética do comportamento, as saudáveis leis do equilíbrio, podendo, porém, transformar-se, ao longo do tempo, em terrível látego que o aflige cruelmente.

Estando as Leis de Deus ínsitas na consciência, conforme acentuaram os Mentores da humanidade ao sábio codificador do Espiritismo Allan Kardec, é natural que tudo quanto lhe viola a harmonia ou a dilata, passa a gravitar-lhe em órbita com os efeitos defluentes da qualidade de que se reveste.

O Espírito foi criado para a magnificência da luz por proceder do Divino Foco que a tudo deu origem.

Com necessidade de expandir esse sublime psiquismo que ainda lhe dorme em latência com incomensuráveis recursos de plenitude, necessita do mergulho no aquecimento carnal, a fim de desenvolver-se, libertar todos os conteúdos transcendentes de que se encontra portador.

Mediante uma delicada comparação, Jesus referiu-se a esse tesouro adormecido no inconsciente profundo, ao afirmar que a semente que não morrer, não viverá...

Pode-se depreender do ensinamento através de um paralelismo, que o mergulho do Espírito no corpo, que lhe produz o amortecimento da lucidez plena, faculta o desenvolvimento de todas as suas potencialidades até o patamar de ser numinoso.

Durante esse lento e contínuo processo de crescimento, os impulsos defluentes das fases primárias, em que há a predominância da natureza animal por sobre a natureza espiritual, fazem que o ego imediatista se acautele e se revista de cuidados para o próprio triunfo com a visão distorcida da realidade, e deixe-se arrastar pelas heranças ancestrais. É nesse comportamento primitivo que a consciência desperta e, ao analisar os valores em que se sustenta, abre espaço para a culpa, que se manifesta como conflito de remorso, de insegurança, de malestar, numa necessidade inconsciente de autopunição.

Desequipado da valiosa contribuição do discernimento para melhor eleger a maneira de reabilitação, faculta-se o estado de opressão, que procura dissimular, e tomba no pessimismo, na amargura, na depressão.

O erro, o comprometimento em razão das atitudes infelizes, não são maus, e sim males que favorecem com a experiência de como não mais comportar-se dessa maneira, enrijecem o caráter e dulcificam o coração. A firmeza moral proporciona a eleição de metas edificantes e de condutas corretas, enquanto que a doçura do coração responde pela paciência e compaixão para com todos aqueles que não compartilhem dessa atitude que é pessoal e intransferível.

Infelizmente, é mais cômoda a postura de vítima do que a de autorresponsável pelos equívocos, permitindo-se o envolvimento pela compaixão alheia à decisão saudável e elevada do amor de compreensão.

Todas as experiências no trânsito carnal contribuem para a evolução do ser que está no rumo da plenitude.

Tem cuidado com a culpa, mesmo que se te apresente sob disfarces variados, especialmente em forma de complexo de inferioridade, de síndrome de desconfiança, de busca de solidão, inveja dos triunfadores e de todos quantos se afadigam pela autorrenovação.

Sai do casulo do remorso e procura agir, utiliza-te dos recursos da inteligência e da ação para edificares o equilíbrio interno, reparares o mal que fizeste, impulsionar o progresso individual e coletivo, deixar de ser um peso morto na economia ativa da sociedade.

A compaixão que desejes inspirar, de maneira alguma contribuirá para a tua recuperação.

A piedade é uma virtude para ser aplicada noutros cometimentos e não para embalar a ociosidade dourada e o comportamento doentio.

É natural que o erro, o mal que se fez, permaneça em volta do seu autor, produza-lhe, quando desperto para a realidade, sentimentos de tristeza, de perturbação, de culpa. Isso porém com efêmera duração, para que se não transforme numa bengala de apoio para a vivência da inutilidade na autocomiseração.

Ao descobrir-se que existe algo equivocado que necessite de reconsideração, é indispensável o arrependimento, primeiro passo para as condutas que devem ser seguidas.

O arrependimento propõe o melhor caminho para a correção do que foi mal praticado, não bastando por si mesmo. Torna-se necessária a mudança de comportamento, que se manifesta em forma de sofrimento pela ação nefasta, que enseja a compreensão de que não mais se deve agir dessa maneira, o que, naturalmente, proporciona uma forma de expiação. Nada obstante, é imprescindível a reparação do que foi praticado de maneira perniciosa, a fim de que o equilíbrio volte a vicejar onde antes havia harmonia emocional e vibratória, destroçada pela imprevidência do infrator.

Somente, então, a tranquilidade habitará o ser que se conscientiza da responsabilidade perante a existência na direção de Deus.

Em situação alguma cultives a culpa derrotista e inútil, que se pode transformar em problema emocional da maior gravidade.

Com a mesma naturalidade com que enveredaste pelo desvio do dever, refaze o caminho, retorna à via principal do equilíbrio e da retidão.

A Terra é uma escola formosa onde todos aprendem a lidar com os desafios do processo de evolução e com as lutas de autoiluminação.

Nunca te desesperes quando constatares o teu mal procedimento em relação a alguém. Com a mesma disposição, recomeça o caminho e reabilita-te. Se, por acaso, o outro que se te fez vítima não está disposto a perdoar-te ou sequer a desculpar-te, não te preocupes, pois que a parte que te dizia respeito já a fizeste, agora o restante é com ele.

Segue sempre adiante e, se por acaso retrocederes, que seja somente para corrigir, e não para ficar na retaguarda entre lamentações e pieguismos.

A existência na Terra é rica de empreendimentos, de movimentos, de ações. Qualquer paralisia é perda de tempo e de oportunidade.

Robustece-te na coragem da fé e recompõe-te interiormente, liberta-te quanto antes da culpa.

Se, nesse cometimento, o da superação do erro e do arrependimento, sentires dificuldades e debilidade de forças, recorre à oração ungida de amor, roga a Nosso Pai que te enrijeça o caráter e te faculte emoções nobres a fim de prosseguires no rumo do objetivo saudável, que é a conquista da paz interior.

Não te permitas enfraquecer no ânimo, enquanto te encontras no corpo físico, reabastece-te nos colóquios com Deus através do pensamento edificante que podes cultivar em qualquer situação.

Culpa, nunca!




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