Rejubila-te Em Deus

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CAPÍTULO 23

Afetividade conturbada

A psicologia da afetividade é portadora de muitas complexidades.

O ser humano tem como uma das metas fundamentais da existência a conquista e a vivência do amor. Nada obstante, o sentimento de amor brota suavemente como o desabrochar de um botão de flor que aromatiza e oferece beleza na haste onde se encontra.

Deve ser cultivado com ternura e encantamento, sem perder o rumo da plenitude.

E uma emoção que se deriva do instinto de preservação da vida, dilui o medo, elimina a violência e esparze tranquilidade.

É também manifestação grandiosa do estágio de humanidade alcançado pelo desenvolvimento antropossociológico do ser.

Possui o mister de emoldurar a personalidade e uni-la à individualidade sem qualquer necessidade de artifício, faculta imensa alegria de viver e de participar do grupo social.

Infelizmente, os impulsos do primarismo da evolução que ainda permanecem em predominância, propõem ao ego e à sua sombra o desejo de domínio sobre o ser amado, não poucas vezes, asfixia o sentimento que emurchece, transforma-se em capricho ou paixão dos sentidos.

Decorrente, algumas vezes, dos impulsos da libido, fixa-se apenas no interesse imediatista do prazer, sem os compromissos da abnegação, do companheirismo, da amizade e da ternura.

Ao confundir-se com os impulsos sexuais, de que se é portador, a afetividade apresenta-se em cada indivíduo conforme os seus conteúdos psíquicos de posse, de domínio, assim como as tumultuadas emoções ainda na fase primária.

Igualmente se expressa mediante os estágios de elevação moral e riqueza espiritual que exornam o Self.

À medida que o Espírito progride no corpo, as sensações mais fortes da matéria se transformam em emoções de delicadeza, de generosidade, de doação, de afeição.

Nessa fase, a afetividade sobrepõe-se ao sexo, às aparências da beleza ou da inteligência, da arte ou de quaisquer outras valores que caracterizam as demais criaturas.

—Por isso, pode-se compará-la, numa analogia singela, a um círculo onde ocupa o centro, de cujo fulcro partem raios na direção da periferia, formam angulações específicas que se podem traduzir, como fraternal, maternal, paternal, filial, sexual, com amplificaçóes ao sacrifício, à renúncia, ao holocausto, forma um conjunto complexo que a define em profundidade.

Quando há predominância de apenas uma parte, ainda não alcançou o objetivo essencial, inicia-se, porém, o processo que irá exigir o amadurecimento psicológico para expandir-se noutras direções.

Ao permanecer dentro desse raio limitante faz-se paixão que se pode converter em transtorno, dando lugar a sofrimentos desnecessários, tanto naquele que o experimenta, assim como no outro a quem é dirigido.

O cárcere da afetividade tumultuada tem dimensões colossais na sociedade terrestre e responde por muitos crimes e alucinações, desvios das rotas do dever e da saúde.

Inúmeras síndromes de transtornos emocionais, psiquiátricos e orgânicos, são resultados da afetividade conturbada.

Herança de existências transatas ou de conflitos na atual, reponta como tormentos que aturdem o indivíduo que busca mecanismos de fugas psicológicas com medo do enfrentamento com a realidade do ser carente e angustiado que é.

Dominado, não poucas vezes, por complexos de inferioridade ou de narcisismo, crucificado na culpa consciente ou náo, resultante de comportamentos aviltantes, assume composturas estranhas e exóticas, agride a sociedade com as máscaras que chamam a atenção para a aparência, ao esconder o mundo interno de sofrimento e dor que o trucidam.

Muitos buscam na cultura física a sua autor realização, evitam comprometimentos mais profundos por medo dos desfechos infelizes ou da incapacidade de mantê-los por largos períodos.

Vivem a superficialidade das sensações, esses indivíduos, refugiam-se nas buscas dos campeonatos da competição de qualquer natureza, mediante os quais dão vazão aos seus temores, sem que encontrem as legítimas compensações que preencham o seu vazio existencial.

Provocam inveja porque não sabem despertar amor.

Evitam relacionamentos sérios, por sentirem-se incapazes para assumir o lado bom da existência que ainda permanece quase intocado...

Tornam-se agressivos ou isolados, mantêm o semblante cerrado, como que para intimidar, já que temem ser descobertos na fragilidade emocional e na ansiedade de encontrar afetos que os possam asserenar.

Quando mais fragilizados, optam egoisticamente pelo prazer individual, e entregam-se aos vícios das drogas de diferentes matizes, fingem felicidade entre esgares e medos crescentes...

... Apesar disso, é muito mais fácil experiênciar o amor do que fugir dele!

Nunca temas a afetividade saudável e desinteressada de compensações prazerosas imediatas.

Planta-a em tua volta, começa pelo autoamor, pelo autorrespeito, considera a preciosidade deste momento em tua jornada, e verás, a pouco e pouco, germinar sorrisos de simpatia, abraços de fraternidade, oferta de carícias...

Enquanto te escuses, permanecerás em conflitos atrozes, mas a partir do momento em que consideres que a existência terrena tem a grande finalidade de amar, logo se descerrarão as cortinas que impedem a claridade do sol da alegria e tudo mudará de aparência, assim como de significado psicológico.

Não esperes milagres da afetividade sem que te faças receptivo e doador. A avareza em qualquer situação é sempre uma conduta perversa. Se desejas receber, mas temes retribuir, certamente ficarás crestado na dureza dos sentimentos doentios.

Não elejas especificamente uns em detrimento de outros indivíduos. Começa a amar todos que se te acerquem especialmente aqueles que mais te sensibilizem, sem exigires nada em retribuição, e ficarás rico de harmonia interior.

A afetividade é presença de Deus na existência humana.

Se está adormecida em teu mundo interno e ainda não a experimentas, aquece-a com a ternura, agradecendo à Vida a oportunidade de viver no corpo, de auxiliar os caminhantes cansados que seguem pela mesma senda, receptivo às ondas de amizade que vibram em a Natureza.

Acostuma-te a manter a esperança de felicidade, e estarás amando desde já, sem dar-te conta, porque o amor é a alma de todas as coisas e de todos os seres.




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