Rejubila-te Em Deus

Versão para cópia
CAPÍTULO 28

Amanhecer da imortalidade

Desde épocas remotas que o fenômeno da morte é acompanhado por cerimônias depressivas, que assinalam o fim da existência corporal e procuram ocultar-lhe a realidade através de símbolos cabalísticos e representativos da destruição da matéria, ou em alguns casos, do aniquilamento da vida.

De alguma forma, trata-se de uma conduta exterior para ocultar todo o sofrimento que decorre da desencarnação do ser querido, que encobre ou dissimula a ocorrência fúnebre.

Rituais complexos, indumentárias sombrias, cânticos melancólicos, decoração carregada de sombras são o pano de fundo sobre o qual repousa no esquife o corpo de quem concluiu a jornada e é reverenciado pelos que permanecerão temporariamente, e desse modo exaltam-lhe as qualidades reais e as atribuídas pela bajulação, concede-lhe a glória celestial a peso de ouro, libera-o das graves consequências dos atos insanos, como se a Divindade se submetesse ao talante das vaidades humanas.

Sicários de povos que foram sacrificados, governantes odientos e impiedosos, réprobos morais, mas portadores de fortunas expressivas, recebem dos religiosos interessados nos seus bens homenagens póstumas e perdão dos crimes hediondos que praticaram, como se o simples morrer pudesse apagar todas as máculas e desgraças deixadas pelos caminhos percorridos.

Muitas dessas cerimônias fúnebres escondem os ódios dos familiares que aguardam a apropriação dos bens que lhes serão passados legalmente, cumprem um dever social, sem qualquer sentimento de solidariedade e de compaixão por aquele que irá enfrentar os ditames da própria consciência, longe das fórmulas exteriores e das aparências faustosas...

Aguardam que logo terminem as exéquias, a fim de volverem ao campo das ilusões em que se comprazem distanciados das responsabilidades para com a vida e em relação a eles próprios.

Em algumas culturas do ocidente, após o sepulta-mento agitado, os convidados retornam ao lar do desencarnado para repastos de alto preço, nos quais os comentários desairosos sobre o falecido ocupam lugar de destaque nas conversações frívolas.

Felizmente, os pobres e desafortunados da Terra não dispõem de recursos para essas exéquias pomposas em nome da morte, e atravessam o mitológico rio Estiges na barca dirigida por Caronte, chegando à outra margem, sem os funerais perturbadores nem os comportamentos estranhos dos que irão disputar as heranças faustosas daqueles que partiram...

A morte é ocorrência inevitável que a todos alcança, que interrompe planos e atividades, sofrimentos e angústias, ambições e programas elaborados como se a existência física não tivesse limite...

Antecedida por enfermidades diversas ou surpreendendo em impacto inesperado, essa fatalidade faz parte da experiência humana iluminativa através da reencarnação.

O corpo, mesmo quando aquinhoado pelas bênçãos da beleza, da saúde, da harmonia, é sempre susceptível de alterações e desajustes que o fazem sucumbir.

Morrer, portanto, é parte da programação existencial de que ninguém se poderá eximir.

Vive cada momento da tua jornada como se fosse o último.

Não te creias em regime de exceção ante a morte, porque esse privilégio não existe.

Permanece vigilante na tua jornada humana, recorda-te de que, por mais longa se te afigure, depois que passa, dar-te-á a impressão que foi breve demasiadamente, e que não tiveste o necessário tempo para bem atendê-la.

Não postergues os deveres de libertação moral para melhor, nem acredites que amanhã poderás realizar o que hoje se te afigura como impossível.

Atende a cada compromisso com responsabilidade e consciência de ação correta, porque eles fazem parte do teu esquema evolutivo e te acompanharão através dos resultados das ações perpetradas.

Não te iludas quanto à possibilidade de driblar o acontecimento infausto, porque transitas numa faixa relativa da vida portadora de efêmera duração.

Igualmente considera que a tua existência tem um grande significado espiritual para ti mesmo, assim como para a sociedade de que fazes parte.

Mantém-te vigilante quanto aos pensamentos, evita cultivar ideias dissolventes, que preservam os sentimentos viciosos e destrutivos.

Enquanto vige a oportunidade carnal, semeia alegria de viver e bondade em toda parte, e faze que a paisagem da tua morada seja adornada de gentilezas e de ternura.

A gentileza e a ternura fazem muita falta à atual sociedade terrestre.

Sempre armado pelo egoísmo, o ser humano esquece-se que deve ser amado e nunca temido, pois que essa é a finalidade das conquistas morais que lhe estão programadas.

O processo de crescimento que lhe cabe desenvolver é de natureza íntima, a fim de que brilhe a sua luz.

Desse modo, nunca lamentes a desencarnação do ser amado, pois que havendo concluído a tarefa para a qual renasceu na matéria, deve retornar ao Grande Lar para futuros comprometimentos.

Tem certeza que ele não te abandonará, manterá intercâmbio mental e emocional contigo, se permaneceres na faixa vibratória do amor sem apego, da saudade sem revolta, da gratidão sem amargura.

Ademais, prossegue na construção do bem no mundo interior, porque ao chegar o momento do teu retorno, ele estará esperando-te com inefável alegria para o reencontro, após o qual não haverá mais separação.

A morte não é o fim da vida, mas o início de uma outra sua expressão, que é a verdadeira!

De igual maneira, é inevitável a ressurreição, qual ocorreu com Jesus, que retornou ao seio daqueles a quem amava, a fim de confirmar a glória da imortalidade.

Faze, pois, da tua atual existência um hino de louvor à Vida.

Se te excruciam padecimentos diversos, alegra-te, porque logo passarão e deixarão impressos nos painéis do ser que és as conquistas libertadoras.

Se experimentas angústias ou sofres escassez de algo, tem bom ânimo, porque logo mais estarás livre e feliz.

Se te sentes enriquecido de paz e de saúde, de alegria e de conhecimentos, aplica-os na construção do futuro, e reparte-os com os demais viandantes do caminho que percorres.

E seja qual for a situação em que te debatas, lembra-te de que logo mais, ela cederá lugar ao sublime amanhecer da imortalidade.




Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 28.
Para visualizar o capítulo 28 completo, clique no botão abaixo:

Ver 28 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?