Seja Feliz Hoje

Versão para cópia
CAPÍTULO 20

O TESOURO DA ORAÇÃO

Francisco Osuna, sacerdote e místico espanhol do período renascentista, séculos 15/XVI, na sua grande obra Abecedário terceiro, afirma que: "A primeira forma de orar, a que se situa no plano da fé, é como escrever a um amigo. A segunda forma de orar, situada no plano da esperança, é como escrever a um amigo e esperar por uma resposta. A terceira maneira de orar, situada no plano do amor, é como se fôssemos pessoalmente à casa desse amigo. A primeira é como um beijo nos pés. A segunda, como um beijo nas mãos. A terceira, como um beijo na boca".

A antiguidade do conceito, mais de quinhentos anos, é de grande atualidade, porque esse Amigo é Deus, cuja oração deve ser-Lhe dirigida.

Trata-se de um grito emocional na hora da aflição encaminhado ao Pai Criador, como um ato de irrestrita confiança.

Noutras vezes, é uma descarga de angústia que necessita de socorro imediato e, por fim, é um enlevo de gratidão em delícia de emoção.

Por isso que a oração, de maneira alguma, não se circunscreve apenas ao ato da rogativa, mas também é instrumento de louvação e, por fim, de júbilo pelo bem alcançado, em forma de reconhecimento.

Orar é romper as barreiras mentais limitadas das emoções e necessidades imediatas para alcançar os altiplanos da vida.

Nem sempre é tão fácil a oração assinalada pela perfeita integração da criatura no Criador.


A falta do hábito salutar interrompe o fluxo do pensamento e ideias estúrdias

interferem no ato, dificultando a sintonia. A insistência disciplinadora, mediante a criação de novo programa, termina por facultar a doce interação entre o orante e o Destinatário.

Emoção específica de paz percorre o ser que ora, sempre que consegue alcançar com a mente e o sentimento a Fonte Geradora de Vida.

Determinações tradicionais, no passado, impondo a prece, não se preocuparam em estabelecer que se trata de um colóquio de fé, de esperança, de amor. Torna-se indispensável a identificação de propósitos entre o necessitado e o Sublime Dispensador.

Quando a fé ora, uma vibração ascendente superior rompe as cristalizações mentais e abre o psiquismo ao Senhor.

Quando a esperança ora, há uma natural comunhão que devolve a onda de luz que beneficia quem faz a solicitação.

Quando é o amor que ora, sucede uma fusão de psiquismos que culminam no êxtase.

É compreensível que, à semelhança de todo empreendimento psíquico, haja um exercício contínuo, a fim de que surja afinidade com as Esferas superiores.

Reclama-se que nem sempre a oração resolve a problemática.

Esta, porém, não é a sua finalidade real: solucionar os problemas que promovem o ser, mas o inspirar na equação, dar-lhe sabedoria e lucidez para superar as circunstâncias.

Nem sempre aquilo que se solicita em um momento aflitivo terá o mesmo valor e significado passados a urgência e o padecimento.

Orar é buscar a paz de Deus para a caminhada iluminativa.


* * *

Há aqueles que oram quando apenas estão defrontados pelos problemas e sofrimentos. São apelos desesperados entre revoltas e exigências que nem sequer saem do campo mental.

Outros oram sob situações aflitivas, sem o sentimento de amor e de respeito ao Pai.

Descabidas presunções impelem os indivíduos ao ato da prece, e como se exigissem os resultados que esperam, impõem os seus tormentos.

E necessário orar com a ternura que se devota a quem se ama: sentimentos de humildade, de afeto, de refúgio e de confiança no apoio de que necessita.

Orar, todos podem fazê-lo, apenas repetindo palavras sem que o objetivo seja alcançado.

A verdadeira oração é aquela na qual o Espírito se isola do mundo, encontra-se no santuário da fé e funde-se com o Supremo.

Pode-se orar a Jesus e aos Espíritos bem-aventurados, mas o Pode-se orar a Jesus e aos Espíritos bem-aventurados, mas o método é o mesmo.

Pensar no Ser transcendente, sintonizar com a sua inefável misericórdia e depois expandir-se em pensamento até a perfeita identificação.

Embora Jesus, atendendo ao apelo do discípulo amado, que Lhe pediu um modelo, no-lo deu na Oração dominical, orar é falar com os Céus e silenciar na meditação para receber-lhe a resposta.

Muita falta faz a oração ao ser humano.

O soberbo, o egoísta não se preocupam com a oração, porque se acreditam capazes de equacionar os enigmas do caminho, superar os ásperos desafios da ascensão, mas quando o fazem, raramente o realizam com a humildade de coração, entregando-se aos desígnios divinos.

Deveria ser uma prática natural, porque pensar no bem, agir corretamente, viver com dignidade são também formas enriquecedoras de oração sem palavras.

Sempre que te sintas acoimado por qualquer incerteza e aflição, ora com unção.

Quando te encontres em júbilo, ora em gratidão. Quando estejas em expectativa, ora, acalmando a ansiedade.


* * *

Jesus, que vivia em plena identificação com Deus, orava com frequência, a fim de que permanecesse em sagrada união.

... E quando na cruz, Suas últimas palavras de louvor foram de aquiescência à vontade do Pai, numa verdadeira oração: Tudo está consumado!




Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 20.
Para visualizar o capítulo 20 completo, clique no botão abaixo:

Ver 20 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?