TESOUROS LIBERTADORES

Versão para cópia
CAPÍTULO 11

TEMPESTADES DA ALMA

Sempre temíveis, as tormentas assolam as regiões por onde passam, deixando rastros de destruição, dor e morte.

Não obstante as calamidades a que dão lugar, em a Natureza tudo se renova, reverdece, volta à beleza original ou apresenta outros aspectos que foram moldados, continuando a paisagem conforme a programação estabelecida.

As tempestades na alma, porém, são mais rudes e clamorosas, por gerarem desconforto de grande porte, aflições que se tornam prolongadas e danos de difícil recuperação.

Ao inverso daquelas que são naturais, as psicológicas são o estourar dos conflitos refreados, malconduzidos ou mantidos na ignorância.

Quando acontecem, e isso sucede com frequência, convertem-se em processos autodestrutivos de pequeno e grande porte, conforme a sua intensidade, assinalando a existência humana com transtornos graves.

O Espírito, no seu processo de desenvolvimento ético-moral, periodicamente experimenta o estrugir de internas tempestades que o sacodem, como verdadeiras catarses de liberação dos resíduos infelizes que permanecem no inconsciente profundo e se vão transformando em venenos íntimos que se expressam como mal-estar, insatisfação, revolta, desajustes emocionais.


Mesmo nas pessoas sensatas e tranquilas ocorre o fenômeno quando algum incidente se transforma no gatilho que faz disparar o trauma oculto, necessitando de muita resistência moral para

diluir o impacto, a fim de evitar desconforto naqueles com os quais convive, ou gerar estados interiores que se agravam com a sucessão do tempo.

O natural mecanismo evolutivo de natureza moral e espiritual do ser humano, infelizmente padece a injunção dessas forças ocultas, aquelas que, em ocasião própria geraram dissabores, perturbaram ou obscureceram a consciência, dando largas aos instintos primitivos que se apossaram da razão, e produzem desaires e angústias.

A reencarnação, no entanto, é o abençoado campo que conduz o infrator de retorno às áreas de combate malogrado, a fim de que novas experiências, agora edificantes, encarreguem-se de facultarlhe a reflexão profunda, para poder reparar os prejuízos ocasionados.

Podem expressar-se, essas tormentas da alma, em arrependimentos e sensações de culpa de origem desconhecida, melancolia ou ansiedade, medos de aparência injustificada, inquietação e insatisfação afligente, que são os frutos espúrios da sementeira do ódio, da malquerença, da imaturidade psicológica ou mesmo da rebeldia sistemática.

Nada se dilui sem a contribuição do esforço pessoal daquele que gerou o desconserto na ordem universal.

O seu autor sempre volve ao campo da ação nefasta para a retificação dignificadora.


* * *

Quando te sentires desnorteado ou submetido a condições inquietantes, não transfiras para as demais pessoas as responsabilidades da ocorrência, supondo seres mal compreendido, submetido a perseguições ou padecendo injustamente castigos ou punições de origem divina.

Autoconscientiza-te da ocorrência, busca, nas paisagens da mente e do coração, as causas dos momentos inquietadores. Nos arquivos do perispírito encontram-se as matrizes de todas as ações das tuas existências pregressas, que aguardam a ação corretora, quando foram más, ou o prosseguimento das atividades, quando hajam sido edificantes os feitos.

O inconsciente humano pode ser comparado a um oceano imenso, sendo a sua consciência um pequenino barco quase à deriva ao sabor das ondas que emergem e o sacodem.

Sucede que a existência terrena é uma experiência de evolução sem limite e cada passo adiante deve sustentar-se em degrau de segurança, onde estejam estruturadas as conquistas significativas.

Como ninguém retrocede, a fim de anular na origem os males que praticou, torna-se-lhe necessário proceder agora com retidão de forma a vivenciar no futuro os resultados benéficos do comportamento saudável que se permitiu.

São as tempestades da alma, assim como as bonanças do coração que formam a personalidade do ser humano, programam-lhe a existência, impõem-lhe os recursos de reparação no primeiro caso, assim como as dadivosas oportunidades de ampliação de conquistas que facultam a execução da existência feliz.


De qualquer forma, é necessário bem canalizar as tormentas do coração, não se facultando prosseguir em descaminhos ou liberação das forças desastrosas, sob a alegação da falta de energias morais, de resistência para lutar contra o mal que se

encontra enraizado no âmago do ser.

De essência divina, todos os Espíritos possuem tesouros inexplorados que aguardam a identificação, a fim de serem aplicados a benefício da elevação moral.

Toda ascensão exige esforço, e ninguém atinge o acume de um monte sem passar pelo vale sombrio e vencer acúleos, frinchas perigosas, paredões de aparência inacessível...

Os montanhistas examinam os desafios que os aguardam e tomam cuidados especiais de acordo com as dificuldades, para poderem enfrentar os obstáculos que os levarão ao ápice.

Há, porém, tempestades da alma que são sutis e, nem por isso, menos perigosas. Trata-se daquelas que podem ser disfarçadas, que dilaceram interiormente aqueles que as padecem, enquanto as suas vítimas deixam-se consumir, atuando de forma incorreta, enquanto lhes permitem a presença daninha.

Podemos identificar algumas como o ciúme, capaz de qualquer ação nefasta para atenuar a insegurança pessoal; a inveja, que corrói como ácido os sentimentos bons, sem qualquer esforço de superação; a intriga, sorrateira e cruel, que desagrega as afeições e fomenta lutas de inimizade; a calúnia covarde, que se esconde sob a máscara de sorrisos pérfidos... E muitas mais!


* * *

Embaixador de Deus para a transformação do mundo de provas e de expiações em planeta de regeneração, Jesus não trouxe qualquer tormento na alma.

Espírito de escol, a perfeição maior que é dada ao ser humano conhecer, conviveu com a sociedade do Seu tempo, dominada por intérminas tempestades da alma, nunca se permitindo qualquer anuência às tormentas que eram criadas pelos Seus inimigos, a fim de dificultar-Lhe a marcha de amor. Ensinou pela paciência e misericórdia, a melhor técnica de vencer esses torvelinhos íntimos: amar-se, inicialmente, para poder amar ao próximo, melhorar-se cada dia, até culminar no amor a Deus.




Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 11.
Para visualizar o capítulo 11 completo, clique no botão abaixo:

Ver 11 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?