TESOUROS LIBERTADORES

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CAPÍTULO 15

FIDELIDADE

A qualidade máxima de ser fiel é a transparência do caráter, através do qual a conduta externa é a representação natural dos pensamentos e anelos interiores do indivíduo, sem a utilização de qualquer máscara que lhe disfarce os sentimentos.

Certamente, não será uma atitude correta desvelar os pântanos da alma, comportar-se de maneira extravagante em razão dos conflitos e atrasos emocionais.

Referimo-nos à autenticidade da forma de viver, sempre compatível com as elevadas expressões da dignidade e da retidão.

Vive-se, na Terra, o período da ilusão, da aparência, ao qual se dá relevante importância, em detrimento do ser e do esforçar-se por conquistar patamares morais seguros e mais elevados.

Há uma verdadeira alucinação em torno do consumismo, da banalidade, do mesmismo, em contínuo banquete da futilidade em todos os momentos.

A exibição de tudo predomina, desde os esdrúxulos e patológicos comportamentos até os aberrantes e chamativos, em tentativas inúteis de disfarçar-se os grandes dramas que assolam as consciências e de forma agressiva voltados contra a sociedade em processo de transferência de responsabilidades.


Os ases bajulados nos esportes, no teatro, no cinema, na televisão, na comunicação virtual, assim como os líderes políticos, religiosos, do pensamento filosófico e científico, os astros da fama transmitem a impressão de que lograram a felicidade ao conquistarem o topo anelado. Não exteriorizam, porém, a perda do

sentido psicológico da existência, os tormentos íntimos e os pavores de perderem o lugar em que se encontram, acompanhando a decadência dos que os precederam e cederamlhes o espaço.

Os afortunados que acumularam somas fantásticas como sua meta existencial, usufruem dos recursos em festivais de extravagâncias enquanto a miséria de centenas de milhões de criaturas outras os espiam magoadas e em condições quase subhumanas...

Distraem-se com os tesouros que consomem em caprichos vãos, que os não impedem de experiênciar ocultamente receios e solidão, ansiedades e insatisfações, porque desvendar-se não seria politicamente correto.

Dão a impressão de que são inalcançáveis, eternos no corpo, e quando as doenças que a todos alcançam, a velhice, mesmo dourada, os vencem e a morte se lhes aproxima, caso não suceda antes, descobrem-se vulneráveis e frágeis como aqueles que desprezaram...

Certamente, nem todos os triunfadores terrestres agem dessa forma, constituindo as dignificadoras exceções.


* * *

A verdade é ainda detestada entre muitas criaturas humanas.

Por isso, a fantasia insinua-se-lhes desde a infância, cultivada com desvelos por genitores invigilantes que parecem cuidar de sonhos, imaginando que os filhos são príncipes épicos e anjos dos céus descidos, mantendo-os nesse engodo, sem os preparar para a realidade existencial.

Ocultam-lhes os caminhos da dignidade, da mesma forma que lhes furtam a infância, disfarçando-os como personalidades famosas para atenderem as próprias frustrações e os bemguardados desencantos.

Acostumadas essas existências aos equívocos da ilusão, aprendem com rapidez a dissimular, a ocultar os sentimentos legítimos, a vestir-se nos modelos em voga, atravessando a juventude, ora com violência, noutras ocasiões com os estados fóbicos e depressivos.

A verdade, porém, tem urgência em todos os períodos do desenvolvimento intelectual e moral do educando.

Necessitam de orientação e assistência, a fim de melhor entenderem desde as manifestações sexuais que os aturdem às variadas facetas do comportamento pessoal, assim como da sociedade em geral.

Não se trata de brutalizar a consciência infantil, de sobrecarregar as suas emoções em desenvolvimento, mas de acompanhar-lhes e ajudá-los a entender as naturais inquietações, de esclarecê-los sem tinturas nem disfarces.

Na época da comunicação virtual, dos jogos eletrônicos e de toda uma parafernália tornada essencial à existência, em que a criança é treinada e realiza todos os trâmites com habilidade, não há como temer-se a sua falta de capacidade para ser transparente, para conviver com a verdade.

Os desastres morais cujas estatísticas assustam, transformados nas tragédias do quotidiano, tornam-se vulgares e o excesso da criminalidade já não choca, porque se vive o mundo da aparência. Nada obstante, a dor campeia terrível vencendo as multidões que se lhe entregam inermes.

Jesus enunciou com singular veemência: — Buscai a verdade e a verdade vos libertará.

Somente através dos verazes pensamentos as palavras se tornam honestas e os atos corretos.


Os poderosos da Terra, que campeiam no crime quase tornado legal e moral, não escaparão de si mesmos, por conduzirem o

sinete da Justiça Divina fixado na consciência que não permanece obnubilada para sempre.

E o despertar para o real é mais angustiante do que se pode imaginar.

Eis, nesse despertar, muitas vezes, as raízes das fugas espetaculares para a embriagues dos sentidos, das alucinações produzidas pelas drogas, das devastadoras depressões defluentes dos traumas não resolvidos, do suicídio.

O hábito de ser fiel às ocorrências é adquirido mediante a transparência moral e o acolhimento natural da verdade.

Dessa maneira simples podem-se banir da Terra males incontáveis: a mentira, a calúnia, a traição, o furto e o roubo, as tramas que desgraçam a Humanidade, as armas agressivas, as guerras...

Tudo isso ocorrerá mediante a fidelidade ao que acontece, à vida conforme se apresente.

Aquele que opta pela ilusão da mendacidade perde o contato com a realidade, desama-se, porque embora finja ser diferente sabe da própria indignidade.

A verdade é cristalina e responsável pelo bem-estar, pela harmonia do ser humano.

Nada teme aquele que é fiel, que se nutre do conhecimento real e vive sempre livre de quaisquer amarras.

No sentido oposto, a culpa, que é semelhante a uma ave agourenta, cobre com suas negras asas a consciência e o equivocado tropeça na treva da própria inconsequência.


* * *

Melhor perder por ser fiel do que lucrar mediante os deploráveis comportamentos da indignidade.

O importante não é falar e agir para agradar, mas contentar e Sê veraz em todos os teus atos.

esclarecer pelo conteúdo da verdade do que se expõe e se vive. Recorda os vultos da História e analisa-os com a visão da transparência.

Passaram, deixaram as suas marcas e sobreviveram à morte, retornaram várias vezes ao proscênio terrestre em vestimentas dolorosas para corrigir os caminhos, reparar os crimes, recomeçar e serem fiéis por fim.

Evoca Pilatos, o sumo sacerdote do Templo de Jerusalém e Jesus!

Ser-te-á fácil constatar o triunfo da verdade e a desventura da aparência, que a morte consumiu.




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