TESOUROS LIBERTADORES
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A coragem do indivíduo é sempre avaliada pelas suas resistências morais. Se há debilidade de forças interiores, o sofrimento e os desafios da evolução causam-lhe fortes transtornos emocionais, orgânicos, e, muitas vezes, geram-lhe desequilíbrios psiquiátricos. No entanto, se as resistências íntimas possuem capacidade de enfrentar os problemas que mais o amadurecem e o tornam mais vigoroso, as ocorrências afligentes e perturbadoras são suportadas com altas doses de resignação e de valor.
A verdadeira coragem radica-se, desse modo, nos tesouros éticomorais que constituem a organização espiritual do ser humano.
Indispensável treiná-la como ocorre com qualquer outra faculdade que exorna o Espírito, mantendo a vontade de prosseguir nos exercícios da reflexão, da prece ungida de autoamor e de amor à Divindade, de cuja Fonte fluem todas as energias necessárias ao crescimento íntimo.
A coragem ante os fenômenos existenciais, bons e afligentes, torna-se de inestimável significado, por proporcionar bem-estar e alegria de viver, mesmo quando as ocorrências podem ameaçar a harmonia.
Nesse capítulo, destaca-se a coragem da fé, que mantinha os mártires com elevada resignação ante as injunções penosas a que eram submetidos, fato que prossegue em todos os tempos, como desafio àqueles que abraçam os ideais de enobrecimento e de dignificação da sociedade.
Em razão das heranças ancestrais, quando o Espírito se permitia
o luxo da vulgaridade e do crime, as energias morais eram defluentes da agressividade e do orgulho, do ego enfermiço e das paixões vis.
A medida que consegue melhorar-se e se aprimora, aquela força perversa transforma-se em decisão nobre de soerguimento, e mediante o querer com acendrado interesse converte-se em vigor, que é a coragem para os autoenfrentamentos e as agressões externas do meio ambiente e do social.
Sempre que o esforço coroa-se de êxito em pequenos embates, mais se amplia o quadro de resistências morais, o que favorece o Espírito com decisão para avançar resolutamente pelo caminho elegido na busca da sublimação.
E comum acontecer a perda do ânimo, quando falece a coragem diante dos desafios existenciais, debilitando mais o ser que se deve erguer do aparente fracasso, que, afinal, é uma experiência evolutiva enriquecedora.
Ninguém consegue atingir a culminância de qualquer tentame se não persistir na ideia e na ação.
Através do erro alcança-se o comportamento correto, sendo, isto sim, oportuno, jamais desistir, contando com a certeza do triunfo que somente acontece quando se persiste na atividade.
Quem alcançou a plenitude não o fez por passe de mágica, senão mediante o esforço bem-direcionado para o objetivo mantido pela mente.
A coragem, portanto, impõe-se como equipamento de emergência para a autorrealização, para a conquista da plenitude.
Nunca te consideres destituído de coragem moral, porque ainda não foste alcançado pelos testemunhos, não enfrentaste situações agressivas, ao recear, por antecipação, a sua ocorrência.
O temor de um momento desaparece quando se faz imperiosa a
decisão de enfrentar o inevitável, com demonstração de que há reservas de recursos morais e espirituais que são desconhecidas, exatamente por falta de oportunidade para manifestar-se.
Nos grandes combates surgem os heróis, que, não poucas vezes, são pessoas anônimas e simples, que jamais acreditavam poder superar os medos íntimos e agir de maneira correta.
A timidez invariavelmente conspira contra a coragem, dando ideia de fraqueza moral, mas quando desafiada pelos acontecimentos, cede lugar à intrepidez e à valentia da dignidade, com desempenho saudável no enfrentamento dos combates.
Desse modo, nunca se deve permitir o comportamento de subestimar-se a capacidade de luta e a coragem para a preservação da existência digna e saudável.
Quando realmente se deseja algo, fazer e produzir, muito mais fácil e exequível torna-se o empreendimento.
Ao manter-se uma atitude de injustificável receio, autocombatem-se as energias que poderiam ser canalizadas de maneira positiva, sem a diminuição da resistência de que se constituem.
Todo aprendizado é feito por etapas que se sucedem, o que faculta maior facilidade para a aquisição de novas experiências iluminativas e libertadoras.
E certo que o Senhor não direciona fardo com maior peso para as pessoas que não possuem resistências morais.
Ocorre que, facilmente, o indivíduo que se sente vitimado e não está acostumado à luta, foge para a auto compaixão e se esconde entre os fantasmas do medo, quando lhe é imposto o dever de lutar e superar a situação adversa.
Antigo adágio popular ensina: Faze da tua fraqueza a tua força e vencerás.
Todo milagre é resultado de forças que se conjugam em
harmonia para a ocorrência ditosa, em perfeita sincronicidade cósmica e espiritual.
Cresce, portanto, na direção do trabalho, do esforço pessoal, para tornar-te melhor, mantém a alegria de poderes produzir, não te permitas a tibieza cômoda de aceitação do insucesso, sem a tentativa da luta em favor do êxito.
Quanto mais sucesso se alcança em cada tentativa que se coroa de bênçãos, mais se desenvolve a coragem para novos empreendimentos evolutivos.
A vida exige mais daqueles que a amam, que se permitem autorrealização, que laboram em favor do mundo melhor e mais ditoso.
Quem visse aquele Homem de aparência frágil, tombado sob o peso da cruz, não poderia conceber que se tratava do construtor do planeta terrestre, que suportaria a crucificação com altivez, sob dores atrozes e destrutivas, alcançando o clímax do Seu ministério com o brado de perdão aos que se Lhe fizeram inimigos.
Treina a coragem em qualquer situação, cresce sob o peso da tua cruz de rosas e perfuma a estrada que percorres até alcançares a culminância na vitória sobre a própria fraqueza.
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