TESOUROS LIBERTADORES

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CAPÍTULO 25

A DÁDIVA DO SILÊNCIO

No aturdimento ao qual é conduzida a moderna criatura humana, dominada pela complexidade existencial e pela parafernália dos instrumentos tecnológicos criados, afirma-se, para o próprio bem-estar, não haver espaço para o silêncio reparador.

E certo que, nesse turbilhão de novidades, surgiram espaços variados e frequentes para o isolacionismo, enquanto a mente, em contínua febricidade, salta de uma para outra preocupação, em busca de participação em todos os acontecimentos que lhe são apresentados pelos aparelhos sofisticados de que dispõe.

A ânsia para não se perder nada, para fruir-se todas as sensações que as redes sociais proporcionam, assim como as futilidades douradas, respondem pela intranquilidade que toma conta dos seus aficionados, que agita uns e deprime outros, conforme a área de interesse de cada um.

Rareiam os momentos para as refeições tranquilas no lar, já que, nos restaurantes é impossível, sem mensagens virtuais, para os diálogos edificantes, para a convivência saudável, para a comunicação com a família e para os gestos de carinho entre pais e filhos, irmãos e colegas, nubentes e amigos. E quando surgem, normalmente os indivíduos encontram-se cansados, entediados, insatisfeitos, remoendo na mente as frustrações ou os anseios por novos comportamentos atormentadores.

Cada dia é mais complexa e atraente a rede de divertimentos, agradáveis uns, inquietantes outros.


A ansiedade, em consequência, grassa, assustadora, vítimando

crescente número de pessoas despreparadas para os enfrentamentos, mas que não querem perder a ocasião de gozar ao máximo as falsas comodidades que lhes são obsequiadas fartamente.

Os equipamentos psicológicos do ser humano são muito sensíveis no grandioso arquipelago celular, e não foram elaborados para receber os constantes choques emocionais a que são submetidos pelas cargas volumosas dos hodiernos conflitos. Antes, na sua delicadeza, predispõem-se à ordem, ao equilíbrio, à harmonia.

Quando não são respeitados os seus limites dão lugar a transtornos de variada etiologia, nos quais sucumbem todos aqueles que se permitem os excessos.

A desenfreada ânsia pelo prazer, quase sempre frustrante, porque aligeirado e sem significado emocional mais profundo, atira verdadeiras multidões de insensatos no despenhadeiro dos desequilíbrios, que encontram divulgação na mídia alucinada, que alicia novos deuses, novos campeões-modelos que se encontram sob o açodar das paixões mais primitivas.

Naturalmente, ocorre a perda do sentido existencial saudável e permanecem as injunções propostas pelo momento de encanto e de desvario, e que sempre culminam em dolorosas situações interiores de desgaste e de sofrimento.

Eis em toda parte as suas vítimas, excessivamente tatuadas, escondendo psicologicamente a própria face, em mecanismos de automutilação e de exibicionismo.


* * *

Todos têm necessidade de silêncio interior para a análise da existência e o encontro do seu significado real.


Quando não se medita de modo a encontrar as razões reais para a vida física, o vazio existencial toma conta e a perda da saúde e da

paz torna-se de caráter destrutivo.

O príncipe Sidarta Gautama, após experiênciar o prazer exaustivo, foi dominado pelo tédio e buscou respostas para a vida na meditação, e descobriu que o sofrimento é inevitável durante a viagem carnal.

Saiu do letargo em que vivia e despertou para a realidade a que se entregou em clima de plenitude.

Jesus, após atender as multidões sedentas de pão, de paz, de saúde, quando o entusiasmo das massas insaciáveis desejava continuar no banquete de luz e de bênçãos que Ele ensejava, fugia da balbúrdia e refugiava-se no silêncio, a fim de permanecer em sintonia com Deus, em cuja fonte de amor hauria forças para prosseguir no ministério de amor e de iluminação de consciência.

O deserto era o seu lugar de refúgio frequente, onde reflexionava em torno dos valores éticos fundamentais para a Humanidade.

Sempre quando o aturdimento tomar conta dos teus pensamentos e o cansaço instalar-se no teu comportamento, não titubeis e decide-te pela busca do silêncio, a fim de analisares o que se vem passando contigo, o que realmente necessitas, permitindo-te libertar de qualquer excesso e seguir a trilha do equilíbrio e do indispensável.

No turbilhão, tudo é confuso e perturbador.

Desse modo, quando elejas o silêncio mental, terás facilidade de entender as divinas leis que se encontram impressas na tua consciência, e descobrirás os métodos mais eficientes para vivê-las com inefável alegria e significado existencial.

E natural que vivas no mundo da atualidade com todas as injunções que lhe são peculiares, não fugindo do seu contexto. No entanto, faz-se necessário que elejas o comportamento que mais te propicie harmonia sem a dependência escravagista do modernismo exagerado e da submissão às suas exigências.

O progresso é lei da vida e, nessa corrente de evolução deves navegar com sabedoria, a fim de não seres náufrago afogando-se nas procelas atraentes e traiçoeiras.

Utiliza-te dos valiosos instrumentos da tecnologia e da ciência para a edificação da existência, não lhes permitindo dominar-te os sentimentos e roubar-te as horas para o autoencontro.


* * *

Uma existência tranquila é fruto do comportamento mental sereno.

Podes buscar o deserto, onde quer que te encontres, desde que mergulhes no âmago de ti mesmo e vivencies a transcendência na qual estás mergulhado.

Recorda-te que o corpo envelhece, enferma e dilui-se pelo fenômeno da morte, por mais te conceda momentos de prazer e de gozo, sempre transitórios.

Seguirão contigo, porém, os atos de elevação e de serviço ao próximo, que te facultarão incomparáveis emoções de alegria e de plenitude, o teu reino dos Céus, prometido por Jesus.




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