TESOUROS LIBERTADORES

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CAPÍTULO 27

ESCOLHOS NA TAREFA DO BEM

Em qualquer atividade referente ao bem pessoal, da sociedade e do planeta, a mesma encontra uma reação natural nas criaturas apegadas ao imediatismo da matéria.

Destituídas ou bloqueadas na área da sensibilidade, acreditam, equivocamente, que a existência humana tem, como finalidade primordial, a fruição do prazer dos sentidos, mediante os quais o tempo corre sobre os trilhos do trem da alegria, propiciando venturas e encantos que não devem parar.

Em razão disso, permitem-se a embriaguez dos sentidos físicos até a exaustão, quando são consumidas pelo tédio, filho precioso do vazio existencial, e se atiram lúbricas e perturbadas na busca de novas sensações que somente podem ser fruídas sob a ação de drogas alcoólicas, derivadas do tabaco e de outra procedência química ou descendo aos desvãos sombrios e primitivos do sexo em aturdimento...

Tornam-se fantasmas de si mesmas, hebetadas para os ideais de engrandecimento, enxameiam os consultórios de psicoterapias variadas ou de psiquiatria, em busca do alívio para os tormentos íntimos, ou deixam-se sucumbir lentamente nos pântanos da mente atribulada, sem qualquer perspectiva de soerguimento pessoal. Perderam a fé em si mesmas e, consequentemente, naqueles que as rodeiam, empolgados ainda pelas mágicas ilusões da ignorância.


Se observares com cuidado, notarás a grande massa, a correr para lugar nenhum, a buscar coisa alguma, porque dominada em

parte pela ansiedade de uns e de outros amargurados pelo desencanto, quando todos apelam para a violência como forma de extravasarem o mal-estar em que estão mergulhados ou da soberba infeliz que os empurra para a solidão, e, por efeito, para os transtornos depressivos a que se entregam sem resistência.

Alguns indivíduos, quando ainda jovens e ambiciosos, procuram trabalhar com afinco, preenchem todas as suas horas com labores compensados com salários elevados, com distinções sociais e exaurem-se, abandonam a família, os amigos e vivem somente para o seu estilo de ganância... Mais tarde, quando alcançam a velhice, gastam tudo quanto amealharam na busca da saúde perdida, do tempo em vão, sem lembranças ditosas da convivência familiar, que não tiveram em consideração, da ausência do culto ao belo, à bondade, à renovação espiritual.

São as suas atitudes paradoxais: a busca do incessante ter-poder para desfrutar e tombam no ter sem prazer, em face dos distúrbios orgânicos e psicológicos de que se tornam vítimas pelas incursões desvairadas na ansiedade e no tormento de alcançarem as metas insignificantes, mas, às quais atribuem valor excessivo.

Armados, portanto, de conflitos, não têm espaço mental nem emocional para as questões simples e grandiosas da existência, para a contemplação da Natureza, nem para as bênçãos domésticas da afetividade e da carícia, do convívio ingênuo com a família e com os amigos.

Todos os passos que se permitem são direcionados para o lucro, para o destaque, sem a capacidade de contribuírem em favor dos outros, daqueles que lhes podem proporcionar o amor e facultarlhes o significado existencial.


Muitos deles, irônicos ou indiferentes, cínicos ou exaustos de não crerem em nada, tornam-se escolhos na atividade do bem, torpedeando as iniciativas edificantes, humanitárias, construtivas

do mundo novo da simplicidade e do amor.


* * *

Não os receies nem os tomes como padrões de triunfo.

Sim, eles brilham nas colunas sociais, onde aparecem sorridentes e poderosos, enquanto choram no silêncio das noites, nos quartos elegantes dos hotéis de luxo ou nas suítes de alto preço dos lares ricos.

Vivem em terrível solidão, como não podes imaginar, tu que tens amigos e irmãos na caridade e no bem fazer, nos atos de gentileza e nos cânticos da fraternidade!

Se alguns deles atravessam-te o caminho e se te impõem contrários, desculpa-os, mas não lhes cedas campo, deixando o terreno em que semeias para que as plantas más se multipliquem e o abandono malsine o solo que poderás transformar em jardim ou em pomar.

Se te menosprezam, alegra-te, ao constatares que eles não te conhecem e não dispõem da capacidade de entender a beleza que vai além dos valores egoicos que acumulam mas que são mortos, sendo obrigados mais tarde a deixá-los, porque os não podem levar até além do túmulo para onde todos marcham.

Se tentam conduzir-te para o parque das suas paixões, tem cuidado com o seu fascínio, com o brilho enganoso do seu ouro sedutor, e segue a trilha da dificuldade que te enrija o caráter e fortalece os sentimentos, carente de coisas, mas rico de amor e de paz.


Não consideres esses escolhos humanos, materiais, emocionais, como de grande valia. Insiste nos teus propósitos e os verás diluirse, desaparecer do caminho e abrir-te horizontes mais novos, mais amplos, mais encantadores, em convites para conquistá-los. No entanto, não apenas esses existem. Os teus demônios internos — as tuas fragilidades, tuas ambições humanas, frutos da cultura do

consumismo, tuas falsas necessidades de prazer e de gozo, teus cansaços e desencantos — constituem terríveis escolhos que vencem muitos trabalhadores do bem, que se detêm a lamentar as dificuldades para avançar e conquistar a harmonia interna.

Essa, a harmonia dos sentimentos, não pode ser adquirida de um momento para outro, de um salto, porque ela é uma experiência nova que ainda não existe nos arquivos do teu inconsciente, portanto, sendo necessário insculpi-la no interior, a fim de que se venha a exteriorizar mais tarde como bênção de tranquilidade e de alegria de viver.

É necessário que exorcizes esses demônios, que abras espaço para a instalação dos anjos da confiança irrestrita em Deus, das reais satisfações que preenchem a alma com objetivos cada vez mais elevados, dos sorrisos que a encantam e propiciam a produção de imunoglobulinas para a completa saúde orgânica.

Nunca, portanto, te assustem os escolhos, que se encontram pelo caminho das tuas atividades iluminativas, porque foram deixados antes por ti mesmo ou por outrem, e agora necessitam ser retirados, a fim de permitirem que muitos lutadores venham após e encontrem a estrada liberada.


* * *

Apesar do esforço envidado, se persistirem alguns de origem espiritual, de perturbações obsessivas, lembra-te de Jesus e busca- O através da oração, recordando que, também Ele os enfrentou, porém, com elevação e misericórdia, por saber que eram seres infelizes que se haviam distanciado do caminho do amor.

Procura fazer o mesmo, unge-te de piedade e de compreensão, envolve-os em vibrações de ternura, porquanto são teus irmãos carentes que se encontram na retaguarda, à espera da oportunidade de libertar-se das próprias mazelas que lhes fazem mal.

Nunca desanimes e jamais desistas da atividade do bem, por causa dos escolhos que aparecem, geram enfermidades, desencantos e dor...

A vivência do Bem é um hino de beleza à vida e de exaltação ao amor que necessitas experiênciar.




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