TESOUROS LIBERTADORES

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CAPÍTULO 5

O REINO DE DEUS

A cultura judaica estabeleceu, baseada nas Escrituras antigas, que o Reino de Deus era reservado a Israel, desde que os seus filhos pautassem a conduta na irrestrita observância das Leis, repudiassem todos aqueles que a não respeitassem e os condenassem, mesmo que mediante o ódio, a segregação, o desprezo total.

Desse modo, aqueles que eram tidos como pecadores por se permitirem conduta incompatível com os livros sagrados, que narram a sua história assinalada por tragédias e vinganças, rica de profetas amargurados e com sentimentos de desforço, aferrados aos castigos que deveriam ser aplicados, também os de natureza divina, somente mereciam o expurgo, o apedrejamento até a morte, ou sofrerem toda uma longa lista de punições concordes com o tipo de erro cometido.

Esses impuros deveriam ser perseguidos de forma inclemente, submetendo-os ao jugo da crueldade, sem o menor sentimento de humanidade ou de compaixão.

Criado o partido dos fariseus, esses viviam preocupados com a aparência, fiscalizando todas as minudências do rigor da Lei antiga, verdugos dos infelizes que nunca lhes encontravam qualquer sentimento de piedade ou de misericórdia.


Desse modo, dividiram o povo em nós e os outros, os herdeiros do Reino e aqueles que deveriam ser reduzidos a hilotas, abandonados à própria sorte. Sob a ira e o rancor dos primeiros, essa cólera individual alongava-se ao clã, depois ao grupo social e,

por fim, à nação, dando lugar a crimes vergonhosos que terminavam em genocídio, quando se espalhavam pelas multidões. Em retribuição a essa fidelidade férrea, na qual demonstravam o seu amor a Deus, Ele enviaria o Messias que os libertaria de qualquer jugo e lhes concederia a plenitude. Aos outros estava reservada a condenação, o aniquilamento.

Para Jesus, o Reino de Deus era lavrado no comportamento amoroso em relação aos infelizes e rejeitados, aos que padeciam a crueldade e a servidão. Por isso, sempre os privilegiava, fazendo refeições com meretrizes, ébrios, ladrões, convivendo e auxiliandoos nas suas necessidades.

Dessa maneira, escandalizava os puritanos cumpridores das aparências, que O seguiam para encontrar motivos para entregá-lO às autoridades, por estimular os desgraçados em flagrante desrespeito aos estatutos legais.

Para Israel, o Reino de Deus caracterizava-se pelo poder temporal, os privilégios durante a existência física, a glória momentânea e enganosa.

Para Jesus, os outros, aqueles que eram desditosos, estes sim, seriam os herdeiros da plenitude.

Em razão dessa visão superior, Ele apresentou o Sermão da montanha, que se tornou o mais admirável código de ética e de moral conhecido até hoje.

Ele evitou a prevalência da dualidade nós e os outros.

Demonstrou que Deus é o Genitor universal e jamais criaria duas humanidades.

Foram o orgulho e a prepotência dos maus que dividiram a sociedade em castas e classes que ainda perduram. Mesmo que, em alguns lugares não mais se encontrem nos códigos legais, permanecem nos comportamentos tiranos, nos relacionamentos vazios de elevação, nos infelizes preconceitos.

Jesus se fez a ponte entre as duas bordas do abismo estabelecido pela ignorância e demonstrou que são os enfermos que necessitam de assistência especializada e os que padecem de carências que devem tê-las preenchidas pela substância sublime do amor.


* * *

Ainda hoje, embora a evolução dos processos sociológicos e legais, enxameiam em toda parte os outros, aqueles que não merecem qualquer consideração e devem ficar desprezados, em exclusão...

O Seu Evangelho, em razão disso, é diretriz segura para a felicidade do ser humano, por oferecer os mecanismos específicos para o burilamento das suas imperfeições, invitando todos ao autoaprimoramento com a sua natural expansão no rumo do seu próximo.

Enquanto viceja a dualidade do nós e dos outros, inúmeros conteúdos psicológicos perturbadores dominam os campos dos conflitos daqueles que não logram superá-los.

Facilmente elegem a infelicidade pessoal como bandeira para opor-se aos outros, que se lhes apresentam como inimigos ou perseguidores gratuitos.

De um para outro indivíduo, essa conduta iníqua amplia-se para a família e o grupo, facultando à sociedade estabelecer critérios que culminam em perseguições generalizadas, em guerras hediondas.

O amor que se irradia da palavra e vivência de Jesus é o único antídoto para esse terrível mal.

Quando o ser humano se permitir agasalhar as bemaventuranças no comportamento, harmonizar-se-á, tornar-se-á harmonizador. Trabalhará em favor da união, preenchendo o abismo da separação com os gestos de bondade, de ações benéficas e de caridade.

As atitudes que se lhe opõem desencadeiam os graves transtornos que assolam a sociedade contemporânea, tais como a depressão, o distúrbio do pânico, as frustrações, as somatizações, os infortúnios...

O Reino de Deus proposto por Jesus inicia-se no mundo que o Pai amou de tal maneira, que O ofereceu para que todos pudessem fruir, depois d’Ele, as benesses da felicidade.

Quando Ele asseverou que era necessário optar-se entre os enganos do mundo e a realidade da transcendência da vida, apontou a imortalidade como a meta a ser conquistada. E assim procedeu, porque as ilusões que se incorporam no século como realidade, diluem-se no momento próprio, e as opções pelos conteúdos imortalistas permanecem, proporcionam o perene bemestar.

Todo aquele, portanto, que trava contato com a mensagem sublime do Mestre dispõe de um tesouro de valor incalculável que, aplicado como se deve, rende juros de paz e de bênçãos especiais.


* * *

O Reino de Deus — Ele informou — está no coração.

E necessário buscá-lo de imediato, a fim de o viver intensamente, e, desse modo, transformar a existência numa jornada exitosa.

Israel havia estabelecido um reino dividido pelo orgulho vão, enquanto Jesus reuniu-o mediante a soberana argamassa da fraternidade, que deve viger entre todos os filhos do mesmo Pai.




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