Vitória Sobre a Depressão

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CAPÍTULO 21

O Retorno do Filho Pródigo

Analisando-se a sábia parábola do Filho pródigo, deduz-se que o seu retorno à casa paterna tem muito a ver com a condição dos modernos espiritistas que, no passado, tomaram conhecimento da doutrina de Jesus, e, ricos de conhecimentos, de insuperáveis bênçãos, reuniram todos os haveres do sentimento e da inteligência e partiram para as experiências dolorosas no país longínquo da irresponsabilidade e da insensatez.

Desperdiçaram todos os tesouros de tempo e de oportunidade, entregues ao gozo estafante e perturbador, até o momento quando se sentiram vazios e angustiados, experimentando a grande escassez de meios para prosseguir na luxúria, que se abateu sobre a devastada região da alma.

Sem provisões morais, nem equilíbrio emocional para enfrentar as consequências das suas dissipações, não encontraram ensancha para a reabilitação e a sobrevivência, senão entre os suínos dos vícios, tornando-se mais vilipendiados, quando então pensaram na suprema misericórdia do Pai e retornaram ao Grande Lar.

Assinalados pelas dores e pela carência de tudo, destroçados e sem condições de apresentar-se como filhos queridos, que sempre foram, expressaram toda a sua dor e miserabilidade Àquele que sempre os esperava com ternura e afabilidade.

Enquanto justificavam-se pela deserção do lar paterno, pelos abusos e comportamentos insanos, o Amor amparava-os, misericordioso, oferecendo-lhes os valiosos bens da compreensão e do socorro, não valorizando a sua queda nem aguardando explicações desnecessárias.

De imediato, o Pai Amantíssimo convocou os Seus servidores, a fim de que os vestissem com a túnica da dignidade, oferecendo-lhes apoio para os pés feridos e cansados, permitindo que uma grande alegria se instalasse no Reino, porque os perdidos agora estavam achados e aqueles que se encontravam mortos nas paixões cruéis agora estavam vivos para a Realidade.

O Seu incondicional socorro e toda a Sua assistência, irritaram os irmãos mais velhos, aqueles Espíritos que se compraziam no mal e os assessoraram nos dias da sua alucinação que, amargurados, negavam-se a participar do banquete da Boa Nova toda feita de madrugada festiva e de esperança.

Mesmo a esses, o Pai generoso explicou que também os amava, que sempre estivera protegendo-os e compreendia o seu mal-estar, propondo-lhes, no entanto, renovação e arrependimento pelo procedimento doentio que requeria perdão e afeto.

Envolvendo os filhos perdidos em afabilidade e doçura, levou-os para as reflexões felizes da temperança, de modo que pudessem refazer as trilhas evolutivas mal percorridas e se preparassem para os futuros cometimentos da renovação moral.

Dessa maneira, reencarnaram-se na abençoada escola do Espiritismo, de modo a aproveitar os recursos iluminativos e salvar-se.


* * *

Sem qualquer dúvida, os cristãos novos são aqueles discípulos infiéis e desvairados que malbarataram as dádivas do amor de que Jesus Cristo se fizera mensageiro, perdendo-se no lodaçal dos interesses subalternos, trocando a luz pela treva, a alegria pelo tormento, a verdade pela impostura.

É compreensível que a sua jornada atual esteja assinalada por desafios que foram colocados por eles mesmos ao longo das experiências anteriores e agora apresentam-se para ser atendidos.

Dores e aflições, solidão e carências constituem-lhes o resultado da malversação dos inestimáveis bens de que dispunham e colocaram a serviço da alucinação imediatista do gozo em detrimento da aplicação correta em favor da futura felicidade mediante o trabalho e a autodignificação.

Os ideais que iluminam as suas vidas são as lições ouvidas no lar paterno, antes do renascimento corporal que ora se lhes insculpiu no cerne do ser, transformando-se em estímulos imprescindíveis para o resgate dos erros e para a renovação dos compromissos elevados dos quais se divorciaram.

Aqueles que persistem, mesmo sob chuvas de calhaus e de desespero, estão conscientes da grave responsabilidade que lhes pesa sobre a consciência ante a sublime concessão que receberam, ganhando a dádiva do recomeço no mesmo país longínquo, quando esse se encontra assolado pela seca e pela escassez de alimento espiritual para a sustentação do seu povo.

Compreendendo que os irmãos mais velhos, arraigados no erro e no crime, que se demoram na erraticidade, enciumados e raivosos, os espreitam, sofrem-lhes o assédio, mas não desanimam, porque, a seu turno, têm para com eles uma grande dívida, que é o desamor que lhes devotaram, abandonando-os oportunamente, quando, por sua vez, necessitavam de auxílio e de compreensão.

Traídos uns, enganados outros, caluniados diversos e per-seguidos na sua grande maioria, enlouqueceram de dor e, ainda magoados, recusam-se a recebê-los no coração empedernido, optando pela vingança, em que, por enquanto, se comprazem.

Não admitem ficar à margem, ao tempo em que eles, os seus algozes, são recebidos em festa, e aqueles que se sentem vitimados não fruíram em todo esse tempo a alegria da convivência com os seus afetos desfeitos, nem com as esperanças perdidas… É natural, portanto, que a jornada desses filhos pródigos de retorno ao proscênio terrestre seja assinalada pelos testemunhos, cabendo-lhes empenhar-se para demonstrar que, após terem caído em si, abraçaram novas ideias e estão dispostos a pagar o tributo pelos prejuízos que causaram aos seus irmãos hoje equivocados.

O amor de Deus não tem limites e, por isso mesmo, é misericordioso quando a justiça deve ser implantada, é rico de compaixão quando escasseiam os meios de elevação dos calcetas, abrigando todos no Seu seio.

A ninguém faltam os instrumentos para a renovação e a autoiluminação no país longínquo em que se encontra.

Sem qualquer dúvida, há mais alegria no Senhor quando alguma das Suas ovelhas que se extraviou retorna ao rebanho.


* * *

Perseverando no bem em ação, esses filhos pródigos terminarão por sensibilizar os irmãos mais velhos, induzindo-os à mudança de atitude, renovando-se também.

Os júbilos serão mais auspiciosos, porque o rebanho da fraternidade estará reunido na seara do amor e da luz, trabalhando para que nunca mais ocorram a fome de paz nem a escassez de sabedoria entre os habitantes do país longínquo.

O retorno à casa paterna é sempre feito com ternura e gratidão, porquanto nenhum lugar no mundo de ilusões existe que se lhe compare à segurança e à harmonia.




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