Vitória Sobre a Depressão

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CAPÍTULO 23

O sofrimento Purificador

Para onde te voltes, encontrarás vitorioso o sofrimento em atividade, lapidando as criaturas humanas.

Na transitoriedade carnal, ninguém consegue evitá-lo, passando como exceção.

O fato de alguém ser possuidor de expressiva fortuna caracterizada por múltiplas propriedades em cidades famosas, iates, automóveis de altíssimo preço, mansões faustosas, joias e investimentos volumosos, não o torna indene ao sofrimento.

Ele sempre se apresenta de maneira surpreendente, ora em forma de angústia e solidão interior, como de vazio existencial, tanto quanto de enfermidades degenerativas cruéis.

Algumas vezes, manifesta-se como distúrbios de conduta ou transtornos psiquiátricos mais graves, avançando para a desencarnação, isto porque, ninguém consegue evitar o fenômeno da desagregação biológica… Quando essa passa por um lar, deixa as marcas profundas da sua mensagem de desespero e de separação física, não mais permitindo os júbilos e as expectativas de antes.

Muitas pessoas apresentam-se sorridentes e triunfantes, embora carreguem o coração preso de incertezas e de conflitos tormentosos.

A grande maioria das criaturas é constituída por aqueles que padecem os rudes sofrimentos da fome, do abandono, das injustiças sociais, das doenças que se desenvolvem na promiscuidade e na miséria moral e econômica.

Incontável número de outras já renasce com as marcas expiatórias em processos de reajustamento impostos pelas Divinas Leis, nos mais diferentes lares, ricos ou miseráveis, ou fora deles, ao abandono das ruas… O sofrimento também se apresenta nos animais, nossos irmãos menores na escala da evolução, nas plantas —, embora não se caracterize, nessas últimas, em forma de dor, por falta do sistema nervoso e dos órgãos cerebrais… Tudo isso, porque o sofrimento é um escultor que trabalha a ganga que envolve o Espírito nas diversas fases em que se encontra, a fim de arrancar-lhe do íntimo o anjo adormecido que um dia se alará na direção do infinito, pleno de paz e de felicidade.

Não estranhes, portanto, a cantilena triste e inevitável do sofrimento, num canto coral de aflições e lamentos que entristece as belas paisagens terrestres.

Ele significa o estágio inferior em que ainda se encontram os habitantes do abençoado planeta que passa, neste momento, pela grande transição, arrebentando as antigas algemas que os aprisionavam às paixões servis e agora se desfazem, para transformar-se em asas simbólicas para o grande voo da liberdade plena.


* * *

O sofrimento é um mal que faz bem. Sem ele, o ser humano ainda estaria nas fases mais grosseiras do seu desenvolvimento antropossociopsicológico, sem o equilíbrio necessário para os enfrentamentos do processo da evolução.

Tem sido elo que o vem arrastando, às vezes, de maneira penosa, pelo caminho da ascensão intelecto-moral, em cujo patamar se encontra.

Nada obstante, quanto evoluído se encontra o ser, mais sensível se torna ao sofrimento.

A diferença entre o sofrimento do bruto e do esteta, do ser primitivo e daquele que se encontra em nobre estágio de evolução, é a maneira como cada qual enfrenta o impositivo do sofrimento. Os primeiros estorcegam na aflição, rebelam-se, agridem de maneira incoerente até serem submetidos ao talante da circunstância, quais metais vigorosos que o fogo em alta temperatura consegue moldar, enquanto os outros são-lhe dóceis à voz, compreendem-lhe a finalidade, aceitam-no, tornando-se menos tristes.

Lúcidos, quanto à sua função, submetem-se-lhe de forma jovial, quase alegres, porque sabem que tudo que lhes acontece tem uma razão de ser e é sempre para o seu bem, não importando a maneira como se expresse.

Muitos indivíduos parecem portadores da felicidade sem jaça, transitando no mundo como poderosos na política, na economia, nas ciências, nas artes, nas filosofias existenciais, nas religiões, no materialismo… Em realidade, apenas parecem, mas não o são, porque a felicidade não é deste mundo, embora a alegria, sim.

Os sorrisos em público, a algazarra que fazem na convivência social, transformam-se em carantonha na solidão, em amargura silenciosa quando a sós… É natural que disfarcem o que experimentam no mundo íntimo e o que apresentam exteriormente, porque o seu êxito momentâneo depende da maneira como conquistam admiradores, adversários, competidores… Não te deprimas, quando o Irmão sofrimento passar a habitar a tua casa mental ou abraçarte a emoção ou o corpo cansado e dorido.

Considera que todos os seres sencientes experimentam-no em diferentes graus, indispensáveis ao seu desenvolvimento.

Reflexiona em torno da mensagem que ele te oferece e procura introjetá-la de modo que se transforme em sendeiro de luz no teu mundo íntimo.

Tentado ao desespero» que não o resolve, pelo contrário, mais o agrava, convive com ele, diluindo-o na esperança e trabalhando-lhe a estrutura de que se reveste, a fim de o superares.

Ninguém consegue alcançar os pináculos de um monte, sem passar pelos pedrouços da sua base.

A existência terrestre é uma viagem que parte da sombra na direção da luz.

Assim, avança, passo a passo, na direção da claridade diamantina do Amor, em cujo seio se diluem todas as aflições.

Assinalado por sofrimentos complexos e tormentosos, harmoniza-te com a esperança da libertação, rejubilando-te pela oportunidade de resgatar velhos compromissos infelizes que se encontravam em aberto na tua contabilidade morai.


* * *

Jesus, o exemplo máximo que se conhece, não se permitiu viver sem a presença do anjosofrimento.

Embora toda a Sua vida fosse um poema de beleza e de exaltação à Vida, também o foi de testemunhos de amor, de fidelidade ao Bem, de perseverança nos propósitos que O trouxeram à Terra.


Se não experimentou as enfermidades dilaceradoras, nem os transtornos de vária ordem, que assinalam as criaturas humanas, experimentou a incompreensão, a perversidade, a ingratidão e o abandono daqueles aos quais muito amava…

…E permaneceu fiel, devotado ao rebanho que elegeu e que tentou reunir, para conduzi-lo na direção do reino de Deus.




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