Lampadário Espírita

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ANTELÓQUIO

Após a vitoriosa façanha do espírito humano, através da alunissagem na cinzenta esfera dos selenitas, vencidas já as primeiras distâncias siderais que lhe abrem as portas para êxitos ainda não esboçados, o homem vislumbra com a imaginação febricitada os futuros voos pelo sistema solar, ébrio de emoções novas e arrojadas.

Ainda há pouco eram fenícios e noruegueses, portugueses e espanhóis abrindo caminhos marítimos, conquistando terras, ampliando horizontes.

Logo depois foram o jesuíta Bartolomeu de Gusmão, o marquês de Bacqueville, Besnier de Sablé, que, prosseguindo no século XVIII com as experiências do monge Olivier de Malmesbury - considerado o "primeiro homem voador conhecido" (Seculo XI) - ensejaram, paulatinamente, a Santos Dumont e aos irmãos Wright a supremacia do "mais pesado que o ar", veículo encarregado de restringir as distâncias em velocidades crescentes, hoje culminadas nos projetos "Apolo", cujos resultados constituem o admirável feito da "conquista da Lua", que descerra nova era para a Humanidade.

Toda a fascinante perspectiva das futuras viagens interplanetárias, não obstante, em nada modificou as paisagens morais da Terra. O planeta em que os homens residem, embora as conquistas da inteligência, somente a duras penas vem conseguindo débeis lances de vitória sobre o egoísmo, a guerra, o ódio, na sementeira do amor e da solidariedade. Convulsionado em todos os pontos cardeais, sofre o malogro das realizações externas que não consubstanciaram no íntimo do homem as bases essenciais da felicidade, lançadas por Jesus através do código sereno do amor e da caridade.

E esse homem fascinado, que se atira pelos espaços cósmicos, abrasado por heroísmo que o faz sentir-se SUPER-HOMEM, sofre no casulo do "eu" os dartros venenosos dos vícios dissolventes que o aniquilam lentamente, ora de dentro para fora, através das paixões, vezes outras de fora para dentro, graças aos excessos da rebeldia que o desgovernam.

Nessa paisagem de luz e sombra, em que os contornos indefinidos da verdadeira paz encontram dificuldades em fixar as claras facetas da felicidade, o lar doméstico surge amesquinhado, padecendo ulcerações de toda ordem.

Dois mil anos de Cristianismo e tão escassa colheita de luz!...

Felizmente, desde o advento do Espiritismo, o tesouro-homem vem recebendo maior investimento de abnegação, e a família - oficina onde se forjam os lídimos heróis da renúncia e os apóstolos da abnegação para os tempos atuais - se encontra carinhosamente amparada no seu ministério de enobrecimento e salvação, graças ao preparo que infunde nos seus membros em relação à vida, através do conhecimento libertador.

Assim pensando, apresentamos este LAMPADÁRIO espírita para os lares da Terra, a fim de clarificar os domicílios em sombras morais ou reacender a chama do amor cristão na intimidade doméstica onde se encontre apagada, a demorar-se como rota luminescente que siga na direção da Vida Maior.

Bacon, o célebre filósofo, considerado um dos pais do método experimental, sentenciava: "O homem é incapaz de gozar sãmente a vida, se ele não tem ideias serenas sobre a morte. " Ideias de tal natureza somente as possuímos quando certificados da continuidade da vida, após a desencarnação, se nos encontramos em condições de prosseguir, em considerando o comportamento durante a experiência física.

Tendo em vista o número expressivo daqueles que se reúnem no ministério hebdomadário do Culto Cristão do Lar, apresentamos algumas considerações inspiradas em múltiplas lições de "O Livro dos espíritos" e "O Evangelho segundo o Espiritismo" 1, num convite ao estudo das Obras valiosas da Codificação Kardequiana, no momento em que a Imprensa Espírita no Brasil celebra o seu primeiro centenário de iluminação de consciências e libertação de espíritos.

Tivemos o cuidado de sugerir ao término de coda mensagem para estudo o ensinamento de "O Livro dos Espíritos" e para leitura complementar os tópicos de "O Evangelho segundo o Espiritismo", a se complementarem em subsídios atuais e adredemente reunidos, a fim de facilitar o estudioso sincero, para o qual, no entanto, o tempo escasso e as atividades profissionais exaustivas são impedimento para uma pesquisa mais aprofundada, inserindo no texto nossas considerações desprovidas de veleidades de qualquer natureza beletrista ou escriturística. E assim procedemos, tendo em conta o filão aurífero inesgotável que é a Terceira Revelação para todos os que anseiam por melhores dias e sentem inadiável necessidade de paz interior.

Sendo o Espiritismo a Doutrina do homem integral, seus livros básicos são, consequentemente, verdadeiros tratados de Pedagogia Integral, de Higiene Mental, de Psicoterapia, valiosos para todas as circunstâncias da vida. À medida que o aprendiz lhe penetra os ensinos mais se felicita e aprimora, tendo ensejo de lobrigar mais amplos descortinos para a sua jornada imortalista.


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Algumas dentre as páginas que constituem o presente volume foram divulgadas oportunamente na imprensa espírita e leiga, aqui comparecendo agora devidamente revisadas por nós mesma para melhor harmonia do conjunto.

Entregando ao leitor estes pensamentos lavrados com acendrado desejo de colimar o objetivo a que se destinam, qual seja o de iluminar e consolar os espíritos, exoramos ao Senhor Jesus suas bênçãos de amor para todos nós, espíritos imperfeitos que reconhecemos ser, pedindo-Lhe nos guarde sob a sua inspiração através dos tempos, a fim de nos libertarmos da condição de servos maus e infiéis.


Joanna de Ângelis


Salvador, 28 de julho de 1969. 1 Usamos para cada Obra consultada as suas letras iniciais. Por exemplo: "O Livro dos Espíritos" - L. E. e "O Evangelho segundo o Espiritismo" - E. As Obras referidas foram editadas pela FEB, respectivamente: L. E. 29a edição e o E. 52a edição. -

Nota da Autora Espiritual.




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