Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 19

Desobsessão

Se desejas ajudar aqueles que se encontram sob as vigorosas tenazes da obsessão, mergulha o espírito nos sublimes rios da oração, donde vertem as claridades consoladoras da paz, a fim de que não desfaleças no empreendimento almejado.

Lidar com obsessos e obsessores é tarefa sacrificial que demanda paciência e humildade como normativas disciplinantes.

Nem sempre conseguirás lograr resultados imediatos.

Mister se faz confiar na Divina Providência e insistir.

O que te possa afigurar como libertação não passará, muitas vezes, de pausa para recidiva mais cruel, mais avassaladora.

Um coração tranquilo e uma conduta reta devem oferecer-te bases de segurança para que te não enleies nas teias sutis e perigosas em que se enrodilham algoz e vítima, em processo de resgate punitivo.

Diante de obsidiados, não consideres apenas o problema do encarnado. O companheiro sofredor, cuja aflição te punge o coração sensível, é alguém que a consciência da lei alcançou.

É imprescindível considerar a questão pelo ângulo do desencarnado. O cobrador de agora é o lesado de ontem. Imantados por necessidade evolutiva, jornadeiam ao longo do tempo, em processo recíproco de ajustamento psíquico.

Não penses no perseguidor como quem da enfermidade enxerga apenas a chaga purulenta a tresandar miasmas. Nem pretendas penetrar as raízes profundas da animosidade, a pretexto de elucidação.

Unge-te de compaixão e ajuda a ambos, espíritos sofredores que são, em estreito comércio de dor.

Se doutrinas os desencarnados nas experiências de assistência psíquica ou se aplicas passes nos enfermos, morigera-te e mantém o espírito pacífico.

Em silêncio, distende bondade, compreendendo que todos, por enquanto, raríssimas exceções, somos espíritos endividados em batalha redentora.


* * *

Invariavelmente o problema da obsessão é quesito atormentante do obsesso.

Para que a paz assome a mente aflita sob vergastadas incessantes, faz-se necessária a cooperação do próprio obsidiado, que se deve dispor à renovação das paisagens íntimas com mudança de atitudes, norteando-as para as linhas diretivas e salutares do Evangelho.

Serenado o processo obsessivo, raramente está liquidado o compromisso negativo.

A interferência divina não anula débitos, pois que exige do convalescente espiritual o atestado, por atos, de trabalho edificante, em prol da paz geral.

Indispensável, portanto, a atuação direta do paciente, em exercícios de amor e luta, arrebentando amarras e desatando nós que o vinculam à retaguarda.

A simples contemplação do medicamento não confere saúde ao paciente.

A água cristalina, a regular distância da plântula, não lhe concede alimento vitalizante.

A prece intercessória não resolve todas as distonias daqueles que pretendemos ajudar...

Assistindo atormentados espirituais, acende a lâmpada da esperança, mas oferta, também, o combustível do conhecimento espírita, para que a diretriz esclarecedora conceda segurança na libertação do espírito comprometido.

Em qualquer mister de desobsessão a que te apliques, não esqueças de que eles, os que te ouvem, seguirão os teus passos sem que os vejas, sem que os ouças, vendo-te e ouvindo-te.

Quase toda obsessão de hoje começou ontem...

Pede ao perseguidor a dádiva do perdão e ao perseguido solicita a concessão do amor e do trabalho luarizantes, como prova de identificação com o bem.


* * *

Considerando os atormentados na senda humana por onde segues, lembra-te de Jesus.

Ele não se impôs a ninguém.

Não pretendeu transformar ninguém num só golpe.

Semeou a sua mensagem de amor, amando sem queixas e sem imposições de qualquer natureza, espalhando, através da renunciação aos gozos terrenos, as bases da felicidade e da paz.

E diante dos obsidiados, amando perseguidos e perseguidores, lecionou misericórdia, libertando os obsessos dos seus obsessores, dizendo-lhes, porém, com segurança e sem qualquer retórica: "Não tornes a pecar", como a afirmar que a saúde é bem que nasce no coração e se expande estuante por toda a parte.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 2a — Cap. VI — Espírito errantes.

Leitura complementar: E. — Cap. XII — Os inimigos desencarnados. — Itens 5/6.




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