Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 2

Teofania

Santo Agostinho, o excelente cristão de Hipona, informava com admirável propriedade: "Se ninguém me pergunta que é Deus, eu sei; mas, se me pergunta, eu já não sei", para depois esclarecer concludente: "Eu te procurava lá fora — e eis que tu estavas dentro de mim!" As oportunas lições do eminente filósofo nos convidam a examinar o Criador na criação e senti-Lo no imo da própria vida que vige em todas as coisas.

Não poucas vezes, no entanto, a precipitação de teólogos e exegetas há procurado definir Deus, limitando-O na singeleza de alguns verbetes, como se possível fora determinar o Ilimitado e limitar o Indefinível, que são atributos das suas perfeições.

Desejando elucidar as causas, perde-se o inquiridor na incógnita das origens e no incompreensível dos fenômenos.

Todavia, logicando quanto à realidade dos efeitos que pode constatar, de imediato lhe ocorrem as causas que os produzem, verificando que estas por sua vez são efeitos de outras mais remotas, a se perderem além da dimensão atual do entendimento humano.

Em a natureza encontramos a obra de Deus e a imanência d’Ele manifestada em todas as coisas.

Imanência e transcendência do Criador próximo e remoto.

Assim, portanto, com muita sabedoria informaram as "Vozes dos Céus" ao Codificador do Espiritismo: "Deus está em toda a parte na Natureza, como o espírito está em toda a parte no corpo. "


* * *

Na paisagem festiva, na estepe monótona, no deserto árido, no continente gelado, no céu de luzes cambiantes, o Artista Supremo se expressa; no instinto dos animais, nos microscópicos cromossomos e genes, na razão e na imaginação do homem se desvela o Criador; no arguto equilíbrio dos seres vivos, nas sábias leis da reprodução se apresenta o Arquiteto Excelso da forma; na predeterminação das condições necessárias para o milagre da vida na Terra conforme se manifesta, surge o Onisciente; na geratriz da vida mesma a emergir do protoplasma gelatinoso e transparente, portador da síntese vital, em gérmen de plantas, animais e seres, vivificado pelo sol, o Pai Amantíssimo se revela à admiração da pobre e imperfeita inteligência humana que busca, então, entendê-Lo e amá-Lo...

... E nas galáxias radiosas — pousos felizes dos bem-aventurados — a se multiplicarem e expandirem no Universo, conduzindo bilhões e bilhões de sistemas estrelares, o Supremo Senhor do Cosmo fala da sua grandeza, carinhosamente estendida até nós, ainda rastejantes pelo trânsito do instinto aos vagidos da inteligência sonhando com a futura angelitude.

* "Eu e o Pai somos Um. " — asseverou Jesus, afirmando, ainda: "Ninguém irá a Ele senão por mim. ", para concluir: "Deus é espírito, e os que o adoram, em espírito e verdade o devem adorar. " Ambicionando as dimensões do Universo e a interpretação de Deus, o homem se perde longe do caminho que a Ele conduz, e que para nós, ainda e sempre, é Jesus, o Inexcedível Guia e Condutor da Terra.

Teofania! - exclamam muitos, sequiosos pela imediata revelação.

Estuda, porém, e ama para compreenderes.

Ama, não obstante desamado.

Perdoa, conquanto ofendido.

Trabalha, embora sofrido.

Foi este o legado d’Aquele que se fez o caminho e que, ao invés de acalentar a presunção de decifrar o Criador para nós, denominou-O: Pai!, em lição de incomparável beleza, como a felicitar-nos pela bênção de que estamos investidos na condição de filhos do Seu amor imarcescível.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 1a — Cap. I — Deus e o infinito.

Leitura complementar: E. — Cap. I — Aliança da Ciência e da Religião. — Item 8.




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João 4:24

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

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