Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 32

Difamações

Alonga os olhos e alcança os horizontes sem fim da imortalidade, embora caminhes entre espessas brumas, na jornada carnal.

Considera o impositivo da oportunidade e não te detenhas no exame dos obstáculos.

Dificuldade vencida, campo a vencer.

Tarefa começada, serviço a realizar.

As vergônteas novas e verdejantes nascem nos braços do vegetal podado, sem indagações, sem queixas...

Da terra sulcada pelas lâminas do arado surgem rebentos vigorosos, sem reclamações, sem exigências...

A água de curso interrompido transpõe a barragem, sem revolta, sem desespero...

O espírito cresce na bigorna do sofrimento, sem reações danosas, sem inquietudes.


* * *

Chamado à abeçoada servidão pelos elos da mediunidade socorrista, despe a camisa do destaque social, esquece os degraus da glória efêmera, deixa o cipoal das ansiedades imediatistas e serve sem cansaço.

Mediunidade e traço de luz entre a vida vitoriosa e a vida em luta.

Mergulha o espírito nas correntes vibratórias do amor e deixa que o amor te responda aos anseios com a linguagem imperceptível da paz interior.

Agasalha a esperança no próprio seio e espalha a messe de luz da consolação alongando os braços como asas de socorro, dispondo-te à caridade pura e simples onde plasmarás a caridade para ti mesmo.

Talvez encontres entendimento e, possívelmente, não serás entendido.

Dirão alguns amigos que a mensagem espiritual a enflorescer-se em teus lábios não passa de miasmas psíquicos resultantes da exaltação da personalidade em desalinho.

Clamarão outros que os teus estudos mediúnicos não são mais do que disfunção da mente em plena rampa esquizofrênica, a caminho do manicômio.

Tuas melhores expressões serão, muitas vezes, desfiguradas do seu caráter real e teus escritos mais sinceros serão lidos com azedume como se fossem acepipes preparados em caldo de fel e vinagre.

Tua reta conduta será considerada anomalia.

Tuas atitudes receberão invectivas impiedosas.

Teu silêncio ante as ofensas parecerá à muitos covardia moral.

E tua permanência no bem, em nome do dever da consciência ligada às Esferas Superiores donde jorram as luzes que te clareiam por dentro, será tida como resultante de demência...


* * *

Desde as primeiras horas da mediunidade em estudo e crescimento, o descrédito e a difamação uniram as mãos, procurando dificultar a fixação da verdade imortal no espírito encarnado.

Grupos de homens açulados por legiões de atribulados verdugos espirituais se têm levantado para o jogo inglório da sombra contra a luz.

Abby Warner, a jovem médium do Ohio, em 1851, na cidadezinha de Massillon, por interromper o serviço religioso no Templo de S. Timóteo, às vésperas do Natal, foi levada às barras do tribunal... E nada puderam fazer seus algozes senão difamá-la, constatando com indisfarçável acrimônia a verdade através dos ruídos que produzia medianimicamente.

Durante cinco anos seguidos, a partir de 1861, a médium Catarina Fox, depois dos acontecimentos de Hydesville e Rochester, materializou, em Nova Iorque, o espírito de Estela Livermore e, anos depois, difamada e perseguida, viu-se em cruéis conjunturas... apesar de, reiteradas vezes, ter sido comprovada a sua honestidade mediúnica.

A senhora Elisabeth d’Esperance, pesquisada por inumeráveis sábios, viu-se, subitamente, difamada na Suécia, por jornalista desonesto, que, no entanto, constatara a legitimidade dos seus recursos psíquicos...

... Grande é a galeria dos difamados, nos arraiais do Mediunismo, desde a eclosão dos fenômenos em 1848.

Não faz muito, a 24 de junho de 1925, o eminente Prof. Charles Richet despediu-se dos seus alunos, na Sorbone, e, tratando da Metapsíquica, recordou a difamação em que se viu envolvido por Areski, infeliz servidor da Vila Cármen, em Argel, após as valiosas experiências de ectoplasmia através da sensitiva Marta.

Não te deixes, pois, descoroçoar pela zoada dos difamadores.

Esconde-te no silêncio da caridade, sela os lábios ao revide, luta contra as imperfeições interiores — algozes impenitentes que todos carregamos — e, confiante em Jesus, o Sublime Médium de Deus, que também foi difamado e vilmente assassinado, permanece fiel ao mandato do Amor, até o momento da libertação silenciosa, longe de toda dor, toda sombra e da morte, como Ele próprio, na grandeza estelar, no dia da Ressurreição triunfal.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 2a — Cap. IX — Bênçãos e maldições.

Leitura complementar: E. — Cap. XXIV — Carregar sua cruz — Quem quiser salvar a vida, predê-la-á. — Itens 17/19.




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