Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 4

Corpo

Por mais ásperas repontem as provações, no curso incessante das horas, durante a vida física, o corpo não pode ser sacrificado em holocausto à revolta, como solução dos problemas que a invigilância arquitetou e que se manifestaram como ímpios algozes.

Organizado pela excelsa mercê da Providência, para servir de santuário ao princípio espiritual em evolução, atinge, na espécie humana, o clímax da sua destinação.

Para que nele o espírito habite e através dele se manifeste, trilhões de vidas microscópicas se harmonizam em perfeito intercâmbio, gerando equilíbrio e atendendo a determinações da própria estruturação.

Resultado de experiências multimilenárias nos laboratórios da Natureza, e digno do mais alto respeito, a fim de ser preservado integralmente na contextura em que se apresenta.

Preparado desde o momento da concepção para atender as finalidades da evolução espiritual, é laboratório de contínuos ensaios, através dos quais milhões e bilhões de células, em circuitos especializados, oferecem valiosas contribuições para o êxito das atividades a que se destina.

Mantido por equipamento eletrônico que assegura a consolidação da forma, é suscetível de desarranjos, quando se desmantelam os comandos psíquicos a se expressarem no sistema nervoso, através dos aparelhos central, periférico e neurovegetativo. Originário esse sistema nervoso da placa neural, que é uma lâmina do ectoderma ou gástrula, após incontestáveis adaptações ao ambiente e atendendo às exigências funcionais, ditadas pelo espírito reencarnante, alcança o seu maior grau de evolução, agindo através de respostas próprias aos estímulos que são enviados do exterior. Essa função, que é desempenhada pelos diversos órgãos receptores e efetores, tanto quanto pelos estímulos que dirige a medula espinhal e ao encéfalo, que associa as diversas e várias sensações que o córtex cerebral interpreta, constitui a faculdade intelectual, pela qual a razão se expressa.

Todos os choques violentos que a intemperança produz atingem-lhe os centros vitais e desequilibram-no. Sensível às mefíticas vibrações da cólera, do ódio, do ciúme e das paixões desordenadas, necessita do eficiente concurso do amor, das expressões da prece e da meditação para cumprir o sublime desiderato a que se destina.

Nele a vida responde aos desígnios da misericórdia de Deus de maneira providencial e sábia.

Nenhum dissabor pode atingir a sua desorganização violenta sem que ocorram consequências imprevisíveis para o autocida.

Tudo nele expressa a sabedoria com que foi elaborado. Se um estilete pontiagudo o pica, centenas de preciosos capilares são destruídos; outros tantos, porém, se formam instantaneamente. Se uma lâmina o fere, imediatamente delicada ramificação de fibrina se estende sobre o corte e prende os glóbulos vermelhos, elaborando um coágulo tampão, que impede a hemorragia, sem o que a morte poderia ser inevitável...

Os capilares, embora microscópicos, permitem na sua estrutura e porosidade que o oxigênio do sangue os atravesse numa direção, enquanto as escórias, tais como gás carbônico, água e os detritos resultantes do metabolismo proteínico, passam noutro sentido!

O coração, essa incomparável bomba eletromuscular, que mantém o sangue em circulação através dos seus dois circuitos principais (coração-cérebro-coração e coração-pé-coração), funcionando ininterruptamente numa vida de 70 anos, pulsa cerca de dois bilhões e meio de vezes, sem cessar, sem pausa para reparo, excetuando-se o ligeiro descanso entre a diástole e a sístole!...

Qualquer interrupção do curso natural de sua finalidade ou qualquer ultraje à sua estrutura física ou fisiológica se transforma em flagício para quem a tanto se atreva.

Amá-lo, preservando-lhe as finalidades santificantes, é dever mínimo, por ser ele degrau de ascensão e felicidade.

É comparável à semente que, naturalmente despedaçada na terra, com espontaneidade gênerosa liberta a vida que encerra em embrião, ou a flor que, desabrochada, desencarcera o pólen da vida. Ele também, gasto nos nobres e elevados misteres para que foi edificado, descerra os painéis da imortalidade ao espírito que retorna livre do presídio ao país da ventura donde saíra antes para a conquista da felicidade real.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 1a — Cap. III — Formação dos seres vivos.

Leitura complementar: E. — Cap. XVII — Cuidar do corpo e do espírito. — Item 11.




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