Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 43

Coragem do amor

Se tens a coragem de parecer cobarde não revidando as agressões que te chegam, nas diversas posições de trabalho em que te situas; se enfrentas com perseverante destemor as circunstâncias adversas, porfiando de ânimo resoluto; se lutas com brava decisão íntima para refrear impulsos primitivos que teimam por dominar-te; se exerces a vigilância para a manutenção do comportamento cristão a que te afervoras, malgrado as tentações insistentes; se ignoras as pedras que, embora te atinjam, não te fazem revoltar contra os que as atiram; se fluem esperanças no teu espírito em renhidas pelejas, quando rareiam possibilidades de triunfo aparente; se podes porfiar quando desertam as mais caras afeições que protestavam fidelidade e faziam à tua volta os ruídos da alacridade, hoje transformados em acusações azedas, já atingiste a posição na qual a natureza espiritual exerce predomínio sobre a natureza animal, conseguindo impedir o transbordamento das paixões.

Alegria interior canta, então, uma balada suave na consciência, como aplauso as tuas vitórias que poucos identificam, mas que, no entanto, são apoio a todos os embates dos quais não foges.

O cristão autêntico, como pretendes sê-lo, se identifica com o espírito do Cristo em todo lugar. Para sua percepção aguçada há sempre uma mensagem-convite que enseja autorealização, autoaprimoramento.


* * *

As lágrimas escorrem como rios de nascentes invisíveis e gostarias de ocultá-las. Abundam, silenciosas, convulsionando o teu mundo interior, como se, surgindo na comporta aberta dos olhos, procedessem das ignotas regiões do sentimento dilacerado.

Muitos choram, é verdade. E o plangor universal flui através de mil razões, maioria das quais ignóbeis, malsinantes...

A ira extrai lágrimas de fogo e a inveja consegue verter pranto de fel.

A soledade rebelada derrama linfa de ácido e o orgulho ferido se dilui em choro de vulcão.

O egoísmo respinga fluxos lacrimais como lavas ardentes e o remorso entorna caudais de lágrimas ferventes...

Também o amor perola os olhos em todas as suas elevadas manifestações.

Não te constranjam as lágrimas, nos testemunhos da fé, quando estejas lutando por iluminar o obscurantismo e fazer a superação dos preconceitos de "seitas, raças e cores" em nome da legítima "solidariedade que um dia os há de unir como irmãos".

O amor — antídoto do egoísmo, essa "chaga da Humanidade" — será a força da vitória que almejas.

Revolve, desse modo, a terra das paixões interiores e ilumina-te, iluminando.

Rearticula, após cada provação, as forças que te sobrem e confirma os propósitos superiores que te animam, reiniciando o trabalho do amor interrompido, que triunfará por fim.

Não desfaleças, portanto, nunca.


* * *

Não poucas vezes as lágrimas empanavam a visão d’Ele.

Não poucas vezes O viram chorar, aqueles que eram os seus melhores amigos.

Não poucas vezes, em solilóquios de prece, na imensa busca ao Pai, Ele chorava.

Na cruz, as lágrimas se misturavam ao seu sangue; sem embargo, era Ele o Excelso construtor do Orbe...

Resplandecente, porém, logo após ressurgir das cinzas e legando-nos a imortalidade esplendorosa como lição de paz após as guerras e de bonança terminadas as tempestades, continua a amparar nossos espíritos até hoje, sem desfalecimentos nem cansaço.

Enxuga, companheiro de Jesus, o teu pranto, e lembra-te d’Ele, abandonado, ferido, incompreendido, mas só aparentemente sem ninguém, pois que o Pai estava com Ele. Nos teus testemunhos e nas tuas lutas — essas pequenas guerras que são o embrião da guerra —, quando te suponhas esquecido e desamparado, só exteriormente estarás, pois que contigo Jesus permanecerá coletando as bagas do teu suor e o aljôfar dos teus olhos, apontando a aurora inexcedível da vida libertadora a que aspiras desde hoje.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 3a — Cap. VI — Guerras.

Leitura complementar: E. — Cap. XI — Amar o próximo como a si mesmo. — Itens 1/4.




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