Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 45

Deveres de agora

Enquanto respeitáveis pesquisadores investigam, infatigáveis, o problema da imortalidade da alma em laboratórios que obedecem às mais exigentes conquistas da técnica moderna, vês desfilarem à míngua de compaixão os filhos do Calvário...

Muitos companheiros atilados, empolgados pela terminologia complexa sugerida na sistemática da psicologia experimental, apresentam teses arrojadas, fixados a conceitos respeitáveis, e tu observas os descendentes da Casa do Caminho, tresmalhados e tristes na faina do sofrimento, deambulando sem rota...

Parece-te, as vezes, que o complexo aparato dos laboratórios penetra o teu santuário de fé para interpretar as manifestações espirituais em linguagem nova, fazendo exigências a que se devem submeter os espíritos da caridade, de modo a atenderem impositivos intelectuais, no mesmo momento em que entidades atribuladas do além-túmulo batem angustiadas às portas da mediunidade, rogando palavras de consolo em nome de Jesus...

Momentos difíceis atravessas, considerando a valiosa bibliografia que te chega às mãos, sugerindo novas fórmulas de interpretação do amor em relação à comunicabilidade dos espíritos, embora enxameiem ao teu lado os órfãos, as viúvas, os atribulados em abandono total, desejando comunicar-se contigo, espíritos também que são, encarnados no domicílio da matéria...

Todavia, a mensagem cristã é tão suave e simples!

Os ensinos do Rabi, que enflorescem as mais caras evocações cristãs da Humanidade, são um convite vigoroso para a manutenção do amor entre os homens!

E os conceitos esflorados por Allan Kardec, na admirável Doutrina Consoladora, refletem, todos eles, o impositivo da transformação moral do homem, à base do culto dos deveres agora, todos os dias, para alcançar o ápice da evolução impostergável de todos nós.

É verdade que o homem não atinge as Altas Esferas sem as luminescências do conhecimento; da mesma forma ninguém evolui realmente sem a santificação dos sentimentos, através da conjugação do verbo amar, em todas as suas expressões.


* * *

Diante do poviléu esfaimado e aturdido, o Senhor solicitou aos companheiros o repasto de que dispunham, após o que multiplicou pães e peixes para todos eles; ao lado da mulher surpreendida no delito conjugal, fatigada pelos próprios desencantos e humilhada pela massa em rebeldia, vítimada quase pela lapidação pública, o Senhor, depois de exprobrar o comportamento dos adúlteros presentes, disse-lhe com piedosa misericórdia: "Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vai e não tornes a pecar"; após ouvir o relatório minudente sobre o culto dos deveres externos, apresentado por um jovem que ansiava encontrar o Reino de Deus e fruí-lo, o Mestre foi peremptório: "Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, vem e segue-me"; a obsidiada, que transformara o corpo em instrumento de aflição, mas que se compungira ante a mensagem fascinante da Boa Nova, irrompendo, desesperada, na casa de Simão, que O hospedava momentaneamente, d’Ele recebeu a palavra de alento: "Por muito amares, os teus pecados te serão perdoados"; e ao ladrão, que no momento extremo Lhe rogara oportunidade de aportar, também, na Região da justiça, Ele acenou com a esperança próxima de recebê-lo oportunamente no Paraíso...

Em todos os momentos da vida do incansável Seareiro do Amor, essas pequenas-grandes lições de toda hora, deveres de todo momento, constituíram a seara sublime da perene Boa Nova.


* * *

Dir-te-ão muitos que já não há campo para aquela vida de odor evangélico, qual a dos primeiros dias dos homens dos caminhos; falar-te-ão que é necessário aplicar a inteligência e os favores do conhecimento moderno e explicarão quanto à necessidade de utilizar a técnica para viver com tranquilidade e em plenitude do gozo.

Sem desconsideração às nobres conquistas do pensamento hodierno, ama, serve, aprimora teus ensinamentos e renova-te incessantemente.

Não descures de acender a luz do Evangelho na tua casa, não deixes de plantar uma arvore generosa e frutífera no caminho, não recuses a palavra gentil ao transeunte e, seguindo as pegadas de Jesus, embora a distância que medeia entre ti e Ele, faze-te, mesmo assim, mensagem viva do Evangelho, coroado pela luz da imortalidade, luz que haures na Revelação espírita da atualidade, cumprindo com os teus deveres agora, a fim de penetrares no Reino dos Céus, desde este instante, mediante a tua integração no espírito vivo e atuante do Cristo.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 3a — Cap. VIII — Civilização.

Leitura complementar: E. — Cap. XVIII — Pelas suas obras é que se conhece o cristão. — Item 16.




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