Os léxicos definem a calúnia como "imputação falsa, ofensiva da reputação e credito de alguém: a calúnia é a arma dos cobardes. " Muitas vezes se origina num apontamento leviano. Observação menos digna logo se corporifica em outra mente invigilante, acostumada ao exagero, afeiçoada à ofensa.

Passando de pessoa a pessoa, transforma-se em acúleo cravado no caráter do próximo até que recebe o ácido da afirmação de alguma testemunha desassisada, retalhando a vida de um inocente, criando amargura num espírito, destruindo lares...

Irrompe, também, dos lábios cruéis da ira, e embora a consciência acusadora nem sempre faça coro, o estrídulo da acusação impensada calcinará, daí em diante, aquele que se encontra na direção do dardo venenoso.

A calúnia é crime de difícil reparação nos tribunais da ordem divina.

Quando ouças uma acusação desabrida e maldosa, coloca-te na posição do ausente-acusado e condói-te de ambos: vítima e sicário.

Não passes adiante a anotação deprimente sobre outrem.

A Natureza é um poema de luz e a vida é uma sinfonia de bênçãos aguardando teus apontamentos e comentários.

Se não encontras temas edificantes que te enflorem os lábios, perfumando as tuas palavras, não te convertas em gral de vinagre e fel ou almofariz onde se triturem as mazelas alheias.

Há estudos elevados que merecem ponderações, conotações e exames proveitosos.

Porque gastar o tempo na sementeira da maledicência, onde medram calúnias incontáveis, colhendo detritos morais da fraqueza alheia?

Recompõe as paisagens mentais e retoca, pelo exemplo, o conceito: "compaixão para com os ausentes. " O que não devas ou possas dizer perante o interessado não o comentes na sua ausência.

Quem educa a mente à malícia não consegue identificar pureza na gota de luz desprendida de um raio de sol...

Relaciona as tuas próprias dificuldades, examina as imperfeições que não conseguiste corrigir, medita nas arestas grosseiras da personalidade deficiente e concede ao próximo o direito de ser imperfeito também, lutando com as forças possíveis para a melhora intima.

Não sejas o escolho do progresso do teu irmão.

A calúnia que atirares na direção de alguém seguirá contigo, com remordimento consciencial para afligir-te mais tarde, após a transposição do portal da carne, caso não sejas constrangido, mesmo nesta jornada, a experimentares o travo da aflição com que brindas, por teimosia do caráter, aqueles que seguem lutando ao teu lado, e que se encontram, talvez, em posição espiritual mais credenciada que a tua.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 3a — Cap. IX — Igualdade natural.

Leitura complementar: E. — Cap. X — O argueiro e a trave no olho. — Itens 9/10. 5 "O Evangelho segundo o Espiritismo" — 52a Edição da FEB — Cap. X. — Nota da Autora Espiritual.