Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 50

Caridade sempre

Enquanto vigoravam conceitos religiosos procedentes das mais diversas escolas de fé, os Excelsos Benfeitores da Humanidade, através de Allan Kardec, foram concludentes: "Fora da Caridade não há salvação. " Caridade não apenas como virtude teologal.

Caridade não somente como diretriz religiosa.

Caridade não implícita como condicionamento de fé.

Caridade pura e simplesmente como norma de comportamento.

A diretriz lapidar por isso mesmo é a síntese de toda a vida de Jesus, em atos, através da exaltação do amor no seu sentido mais eloquente, consoante Ele mesmo o exemplificou.


Quando Hilel, o velho, o nobre doutor judeu do Século I antes do Cristo, foi interrogado por um jovem discípulo que lhe solicitou ensinasse toda a Bíblia durante o tempo em que ele se pudesse manter de pé, num só pé, teria respondido o sábio: — "Amai!" Surpreendido ante a resposta sintética e inesperada voltou a inquirir o moço:

— "Bastará só isso? E o restante?" Ao que concluiu o pensador: — "O restante do que se encontra na Bíblia é explicação disso: o amor!" Parafraseando o inolvidável mestre israelita, poderíamos também afirmar que todas as lições do amor e da sabedoria, a se fixarem soberanas em "O Evangelho segundo o Espiritismo", podem sintetizar-se na Caridade.

Caridade antes da aflição do companheiro de rumo.

Caridade durante o sofrimento do coração ao lado.

Caridade depois de passada a tribulação de quem segue conosco.

Caridade em pensamentos, em palavras e atos.

Caridade silenciosa, atuante, que desculpa e ajuda.

Caridade compreensiva, renovadora, que perdoa e esclarece.

Caridade sempre.


* * *

Há, no entanto, dentre as muitas conotações de referenda à Caridade, migalhas de dever que deixamos desperdiçar em múltiplas oportunidades, descuidados.

Anotemos algumas: Gratidão aos combalidos genitores nos dias sacrificiais da senectude — dever, e caridade efetiva.

Esquecimento da ingratidão dos filhos invigilantes, tragados pela voragem da insensatez — dever, e caridade de assistência continuada.

Salários dignos aos servidores domésticos e conversações edificantes com eles para que se libertem da engrenagem da ignorância e da rebeldia — dever, e caridade fraternal.

Cordialidade com vizinhos e colegas de trabalho, mesmo difíceis ou irresponsáveis — dever, e caridade da tolerância.

Generosa paciência com parentes da consanguinidade, enfermos e impertinentes — dever, e caridade familial.

Oração pelos perseguidores encarnados e desencarnados como hábito de higienização psíquica — dever, e caridade espiritual.

Pão, medicamento e agasalho àquele que sente necessidade de socorro material, mas oportunidade de trabalhar — dever, e caridade libertadora da miséria.

Muitos falarão em filantropia e ética social, filiar-se-ão a organizações respeitáveis e pomposas, aficionadas da imprensa de propaganda larga, descrevendo a nova mentalidade hodierna. Muitos apresentarão explicações ruidosas sobre deveres sociais e humanos, reprochando tuas atitudes discretas.

Não te detenhas em conflitos desnecessários, mas sobretudo não te esqueças da beneficência e fixa-te na Caridade de Jesus para conosco, caridade sempre nova, sempre atual, sem exigências, sem ruídos, e deixa-te clarear interiormente por essa estrela refulgente, que, brilhando em todos os evos, vem conduzindo o homem a Deus.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 3a — Cap. XI — Caridade e amor ao próximo.

Leitura complementar: E. — Cap. XV — Fora da caridade não há salvação. — Item 10.




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