Lampadário Espírita

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CAPÍTULO 58

Cepticismo

As fantasias que acalentaram, vitalizadas anos-a-fio pela imprevidência, decepcionaram-nos. Diluíram-se as névoas quiméricas ante a realidade do além-túmulo e tornaram-se cépticos, desde então.

Adestrados por conceitos arbitrários em torno da justiça Divina, engolfaram-se no prazer, reservando espaços-minutos para acomodação da fé religiosa, qual se fosse moeda colocada em uma área de ambição para render juros multiplicados no Reino do futuro.

Esperavam encontrar um céu beatífico, longe do mérito adquirido mediante suor e lágrimas, e revoltaram-se. A consciência, despertada neles, considerou os engodos a que foram submetidos pelos conceitos das religiões esvaziadas de conteúdo, deixando-se dominar pela negação.

Violentos pelo próprio orgulho ferido zombaram de Deus entre esgares, agonias e blasfêmias inomináveis.

Fizeram-se, então, ateus, irreligiosos na vida espiritual, por suprema desesperação.

Renasceram na carne indiferentes, cépticos quanto as obrigações espirituais em torno do transcendente problema da vida após o aniquilamento da sombra carnal.

Apesar disso, carregam inevitavelmente no imo o gérmen vivo da crença espontânea, desde que o nada não tem substância alguma.


* * *

Contam que, sentindo Voltaire a aproximação do anjo da morte, declarou com segurança: "Morro adorando a Deus"!

Asseveram que Strindberg, antes que a desencarnação o surpreendesse, explodiu: "Estou livre na vida e o meu saldo mostra que a palavra de Deus é a única certa. " Afirmam que Heine, o pensador materialista alemão, diante da desencarnação que se avizinhava, escreveu: "Sim, voltei a Deus. Sou o filho pródigo... " E que o materialismo por mais deseje consubstanciar a ideia do nada, esse nada se dilui na concepção fantasmagórica da sua própria ilusão negativa.

A gota d’água é miniatura do mar, mas a ele se agrega e nele se dilui; o jasmim modesto e nobre, se desejasse competir com outra flor, mesmo de espécie equivalente, teria suas características inalteradas.

As leis cósmicas são inexoráveis e a marcha da vida, em ascendência, é incontrolável.


* * *

Diante dos cépticos, que passam, estremunhados e ferintes, valoriza ainda mais as dádivas da fé que te embelezam as construções do mundo íntimo.

Eles, como tu mesmo, caminham na direção do túmulo e experimentarão nova decepção diante da realidade da vida, embora as amarras da empáfia a que se atêm, despertando, então, por fim, para considerações e cogitações novas. Ninguém foge às realidades da vida. Mesmo negando-a, ela estua.

Em todo lugar e em tudo a vida manifesta o divino amor de nosso Pai.

Acende no coração a claridade esfuziante do amor a rutilar nas expressões da fé, para que a tua lâmpada, no futuro caminhar, espalhe luminosidade a frente da rota por onde seguirás no rumo da imortalidade feliz.

NOTA — Tema para estudo: L. E. — Parte 4a — Cap. II — O nada. Vida futura.

Leitura complementar: E. — Cap. II — O ponto de vista. — Itens 5/7.




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