Sementeira da Fraternidade

Versão para cópia
CAPÍTULO 14

O APÓSTOLO DE LYON

Parte 1
Entre a publicação da "Filosofia Zoológica", de João Batista Lamarck, editada em 1809 e o notável "Da origem das espécies por. via de Seleção natural", de Carlos Darwin, apresentado em 1859, aparece, em Paris, "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, apresentando à cultura europeia, a partir de 18 de abril de 1857, uma nova era para o pensamento intelectual.

 

Postulados vigorosos são apresentados nos três livros que se vão constituir, através dos tempos, pedras angulares da Filosofia, da Ciência e da Religião, ante o edifício da Razão, nos tempos futuros.


Os dois primeiros, afirmou, mais tarde, Gustavo Geley, foram recebidos pela crítica filosófica com estrondosa ovação, que esperava neles encontrar as respostas finais da ciência materialista contra os postulados tradicionais da religião, enquanto o último foi aceito, a princípio, com reserva, senão com indiferença, servindo, apenas, de consolo a alguns pou-

< cos aficionados das Doutrinas da Imortalidade.

 

Subitamente, todavia, chegaram as três Obras a um entendimento inesperado.


O Transformi

&no, que objetivava destruir o CiHacionismo, encontrou em "O Livro dos Espíritos" o de que tem necessidade para preencher as lacunas do pensamento filosófico que João Batista Lamarck não pôde explicar, . e o Evolucionismo, que experimentou, de alguns, a sistemática oposição, em nome da Fé, que via com desagrado o estudo sério de "uma alma impenitente", como foi cognominado Darwin, e de outros sofreu a crítica severa, em nome da Ciência, que não desejava aceitar a hipótese do homem ter-se originado do "Primatas", conseguiu, igualmente, em "O Livro dos Espíritos", o elo que serve de ponte entre a fronteira do animal que se levanta e do homem que fita o Infinito.


Todavia, Allan Kardec, em apresentando "O

"Livro dos Espíritos" — resultado das opiniões dos 1mortais a respeito dos problemas sempre atuais da Filosofia —, não se deteve somente na consideraçã) dos enigmas da alma encarnada ou desencarnada. Infatigável, continuou o trabalho de inquirição, pesquisando, comparando e concluindo. E a Codificação, que legou à posteridade, não é apenas o resultado de um cérebro acostumado ao cálculo e ao estudo, mas também um trabalho de sistematização, numa síntese pouco comum, apresentando um pensamento coordenado e lúcido, estético e harmonioso, com os requisitos capazes de enfrentar os debates com que os pósteros a discutiriam.

 

Mas, para atingir esse desiderato, o eminente trabalhador laborou, infatigável, dia e noite, incessantemente.

 

Viagens incômodas foram-lhe impostas ante a imperiosa necessidade da divulgação e da propaganda; a correspondência volumosa cresceu diariamente sobre a sua mesa de trabalho, oferecendo subsídios para estudos, apresentando hipóteses novas ou negações veementes, donde nasceram retoques e aprimoramentos no trabalho imenso que tinha ante os olhos cansados.

 

Aquele espírito bem formado, que caracterizara o professor Rivail, no seu apostolado pedagógico nos anos anteriores, agora ressurgia no cristão Allan Kardec que tudo fêz por legar à posteridade, escoimado dos erros tradicionais pelos Espíritos, o pensamento de Jesus Cristo, profundo e sábio, como bênção sobre a Humanidade angustiada.

 

* * *

 

Os doze anos de acerbas lutas que distanciaram Allan Kardec da publicação de 0 Livro dos Espíritos is o momento da desencarnação, não lhe dobraram o ânimo firme, não lhe modificaram o caráter diamantino, não lhe esmoreceram a alma acostumada às lides continuadas. Kardec trabalhou sem cessar e percebeu, pelo pensamento, a proximidade da libertação. Compreendeu ser imprescindível concluir a Obra que Deus colocou nas suas mãos vigorosas de Missionário abençoado...

 

... E quando, a 31 de março de 1869, o aneurisma, rompendo-se, arrebentou os liames que o retinham à carne, temporariamente, a França chorou um filho que partiu, mas o mundo respeitou e amou um Apóstolo que retornava à Pátria Espiritual.

 

* * *

 

Mestre! Recordando a data da sua desencarnação há mais dé um século, em Paris, os beneficiários da sua mensagem de amor e discernimento alçam aos Céus a prece de júbilo por constatarem que o matrimônio da Ciência com a Religião, de que você se fêz intermediário excepcional, hoje se realiza, quando o sol da Doutrina Espírita clareia o pensamento que avança pela senda da razão pura, dentro dos postulados de uma religião científica pelo seu sacrifício Codificada!

 

Vianna de Carvalho

 


Vianna de Carvalho
Divaldo Pereira Franco


Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 14.
Para visualizar o capítulo 14 completo, clique no botão abaixo:

Ver 14 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?