Sementeira da Fraternidade

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CAPÍTULO 22

CONSCIÊNCIA E CORRIGENDA

Parte 1
Singular abatimento paulatinamente dominava a elegante senhora.

 

Cercada pelo carinho de largo círculo de relações e comodamente instalada, a dama apresentava-se angustiada, inquieta, registrando singulares anomalias físicas e psíquicas, antes ignoradas.

 

Receando agravar-se o estranho sofrimento, resolveu visitar um psiquiatra de renome, espírita que, segundo várias pessoas, realizava milagres.

 

— Não sei a razão do meu atual estado — começou a consulente com desenvoltura, enunciando as síndromes várias da pertinaz aflição.

 

O esculápio escutou-a com serenidade, cenho franzido, gentil.


Após interrogações necessárias a uma anamnese completa quanto possível, esclareceu, delicado:

— Compete-me usar de franqueza, a fim de projetar luz no seu problema. Assim, rogando-lhe desculpas, solicito igualmente, a mesma lealdade.


Depois de ligeira pausa, prosseguiu:

— A senhora não teria abortado recentemente?


A pergunta honesta, endereçada com algum constrangimento, surpreendeu a senhora, que retrucou :

— Sou viúva há mais de cinco anos, doutor, e mantenho uma vida honrada, respeitando a memória do meu esposo.

 

— Contudo, o seu caso me parece típico... Procure recordar-se... Antes da desencarnação do esposo... Às vezes as consequências são tardias...

 

— Nunca, nunca eu me submeteria a tal. Não tive a honra de ser mãe, conquanto o desejasse ardentemente...

 

— Confesso-lhe a minha estranheza, porque essa sintomatologia é de ordem espiritual, mui complexa...

 

Houve um silêncio incômodo. O médico demonstrava embaraço.

 

— A senhora tem religião? — Indagou.

 

— Não exatamente — respostou — Hoje sou livre-pensadora...

 

— Qual a sua profissão?

 

— Sou obstetra prática e, parà ser-lhe franca, somente jpor sentimentos humanitários, para salvar moçoilas inexperientes e senhoras doidivanas, já pratiquei nelas 150 abortos, ou melhor para ser exata: 152. Tenho tudo catalogado, a caráter, com verdadeiro zelo.

 

— ... Aí está a causa da sua enfermidade. Remorso inconsciente, sintonia com as suas vítimas e obsessão sendo instalada com segurança cujas consequências serão imprevisíveis... É necessário voltar- -se para Deus e despertar...

 

... — Mas eu aqui venho — revidou, ofendida, a cliente, — ouvir um psiquiatra não um religioso... De religião, para mim, chega!

 

E saiu, revoltada.

 

* * *

 

Todos os males procedem do espírito graças aos erros praticados, que ressurgem como necessários corretivos para o despertamento dos infratores.

 

Quão poucos, ainda, estão dispostos à reparação e ao enobrecimento pessoal!

 

Acautela-te, portanto.

 

Ignotua

 


Ignotua
Divaldo Pereira Franco


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