Sementeira da Fraternidade

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CAPÍTULO 24

EM TÔRNO DA LIBERDADE

Parte 1
Atira-se o homem nas lutas violentas, oferecendo a vida pela defesa da liberdade.

 

Liberdade que lhe garanta o ideal de pensar e agir, favorecendo-lhe a movimentação pessoal sem impedimentos políticos nem cadeias sociais.

 

No entanto, logo se vê desembaraçado dos elos vigorosor que lhe retêm os passos, arroja-se aos braços do gozo, imobilizando-se em novas grilhetas que o prendem a compromissos crueis.

 

E a liberdade que se fez libertina converte-se em rigoroso sistema de escravidão.

 

Todos anseiam independência, raros, porém, compreendem que a independência real é somente aquela que procede do caráter íntegro e da consciência lúcida.

 

Constroem-se monumentos para combatentes mercenários, que tombaram nas batalhas de sangue, para expulsarem a prepotência e a dominação, aureolando-os de heroísmo que, em muitos casos, é apenas loucura da emoção exacerbada, ante o imprevisível do "matar ou morrer".


Todavia, se ditos heróis, em nome do ideal da li

* berdade, houvessem de lutar nas lides habituais, guardando austeridade moral, removendo óbices sociais, no dia a dia da existência, certamente não se conduziriam com a nobreza que seria de desejar.

 

Transformar os sentimentos de um homem em rapina de abutre é mais fácil do que domar-lhe a força do instinto e desenvolver-lhe as tendências superiores.

 

Não há dúvida de que todos têm o dever de pugnar pela causa da liberdade da terra em que nasceu, com a gratidão do filho ao colo da mãe generosa que lhe deu vida...

 

Entretanto, maior luta deve cada um travar pela preservação da liberdade. Isto é: ser livre, sem impedir os passos dos outros; usar o caminho, sem obstacular o avanço dos que ali jornadeiam; defender a consciência do ultraje, vivendo de tal modo que não ultraje a consciência alheia.

 

Talvez a maior dificuldade do homem livre seja a de manter-se livre.

 

Encontramo-lo em todo lugar, preconizando a felicidade da sua independência política e econômica, mas servo das moedas que o dominam e fâmulo dos bastardos interesses do sexo desregrado.

 

Outros seguem, utilizando os tesouros da vida em altos voos ideológicos, como andorinhas em amplidões azuis, tombando inermes nos fundos abismos das ligações degradantes, a qualquer fascínio do próprio desequilíbrio.

 

Mais além, alguns vivem exaltando a ilusão da carne, prendendo-se aos tecidos dos quais se fazem áulicos necessitados.

 

E muitos outros lidadores da liberdade demoram-se convertendo as mentes em paineis vivos, atormentados pela imaginação desregrada, procurando os vapores escravocratas a que se entregam em busca de esquecimento e de volúpia.

 

O homem livre, que realizou o encontro consigo mesmo, embora algemado sob o jugo das injunções belicosas, é senhor da mente que o conduz às heranças da felicidade.

 

Inútil, pois, a liberdade externa se não há clima interno para a independência real.

 

Jesus Cristo, azorragado e atado ante Pilatos, é o símbolo mais perfeito do homem livre, porquanto, conhecendo a sua procedência e o poder de que era investido, apagou na humildade a condição de Embaixador Celeste, vencendo todas as imposições venais do mundo, para conceder aos discípulos as ilimitadas posibilidades da vida, após a vitória sobre os escombros da matéria e da morte.

 

Vianna de Carvalho

 


Vianna de Carvalho
Divaldo Pereira Franco


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