Sementeira da Fraternidade

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CAPÍTULO 25

MEDIUNIDADE E VICIAÇÃO

Parte 1
Quando a indisciplina comanda o corpo surgem os desastres da conduta.

 

À medida que o conhecimento avança e a ética oferece valiosas contribuições sociais, o homem constata a necessidade do equilíbrio das atitudes entre a organização somática e o caráter moral.

 

A Ortopedia, à custa de recursos disciplinantes, corrige as anormalidades da forma física, conduzindo ossos e cartilagens aos seus devidos fins.

 

A Ginástica, facultando elasticidade aos músculos, desenvolve o corpo, modelando e corrigindo imperfeições para seu melhor equilíbrio.

 

Na mesma ordem, muitos desequilíbrios da mente, no que diz respeito ao comando da organização celular, são consequências naturais do descaso que se dá ao aparelho psíquico.

 

Acostumando-se à rebelião dos centros nervosos, o homem encarnado experimenta o impacto de distúrbios de variada classificação, recebendo, através do aparelho neuro-vegetativo, ação desequilibrante que o leva a processos de conduta anormal.

 

Assim como o corpo se amolenta e se desorganiza por falta de ação positiva, a mente se desarmoniza quando escasseiam os valores-estímulos para o seu desenvolvimento.

 

Jesus nos ensinou; desde há muito, que, pensando, o ser elabora o domicílio de carne pelo qual jornadeia, e dirigindo o pensamento à Divindade torna-se templo onde a Divindade se acolhe. Embora a ancianidade do ensinamento, os cristãos, fascinados pelo comando dos valores terrenos, esqueceram as disciplinas mentais, relegando a plano secundário o que, em verdade, representa condição essencial para uma vida sadia.

 

Com. o advento do Espiritismo, que elucida a razão das consequências dos desequilíbrios morais, o cristão novo descobre que o pensamento é o dínamo vitalizador do corpo, através do qual veiculam as energias oriundas do Mundo Espiritual...


Nesse particular, a mediunidade, qúe faculta o intercâmbio entre encarnados e desencarnados, não pode continuar envolta nos "mistérios" clássicos das doutrinas esotéricas do passado nem tão pouco relegada ao descaso da indiferença dos estudiosos, utilizada pela ignorância de uns ou pela inépcia de ou

* tros, constituindo-se veículo perigoso ao alcance da irresponsabilidade...

 

Para que se coroem de êxito quaisquer esforços no exercício mediúnico, éstes devem partir do próprio encarnado, que se deve submeter a disciplina austera, em continuados exercícios da dignificação moral.

 

Estudo sério, ação benfazeja, conduta firme e reta, renovação evangélica constante, aprimoramento infatigável são linhas de segurança para o sucesso no serviço mediúnico.

 

Nesse particular, que se evitem os hábitos da rotina mental, negativa e perniciosa, que se transformam em cacoetes psíquicos de difícil erradicação.

 

Intercâmbio espiritual através da mediunidade significa permuta Ontre os dois planos. Por mais física, aparentemente, seja a comunicação, esta é sempre de espírito a espírito, utilizando-se o desencarnado das possibilidades do perispírito do médium.

 

O médium é filtro por cuja mente transitam as notícias da vida além-da-vida.

 

Nesse sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passageira junto ao Cristo.

 

Graçâs à indisciplina da mente sacudida pelos ventos da polideià nascem, durante o labor intercarabial, ps defeitos e irregularidades que tanto prejudicam o ministério espiritual.

 

Aparecem em tais casos os pontos de fixação psíquica no subconsciente do. médium prejudicando a assimilação da mensagem.

 

Ora, quando a mente desencarnada penetra os círculos vibratórios do médium, este, se desavisado, reflete as deficiências do companheiro que, acostumado à viciação psíquica, não regista as ideias que lhe não sejam habituais.

 

Quando tal fenômeno sucede, o médium, no ato da psicofonia, por exemplo, deixa-se afligir por esgares, tosses, bocejos e, de fácil excitação, transmite ao sistema nervoso síndromes do próprio desequilíbrio como se fossem parte integrante do intercâmbio mediúnico. Em enarmonia, produz gritos e ruídos fácilmente dispensáveis, gerando um clima de balbúrdia incompatível, por viciação, com a necessária serenidade mental de que se deve revestir o estado de transe. Desse modo a seleção das imagens que transitam pela mente do intermediário sofrem as dificuldades que lhe são peculiares traduzindo ao paladar dos recursos defeituosos que lhe são próprios.

 

Quem se candidate, pois, ao serviço mediúnico não descure os impositivos da harmonia mental.

 

Os exercícios de desprendimento das ideias corriqueiras com o objetivo de acurar a audição interior não podem ser relegados, transformando-se em meios de sintonização fácil com as mensagens oriundas dos Espíritos.

 

Jesus, enquanto esteve conosco, na Terra, não poucas vêzes deixou o tumulto para ouvir o Pai, orando e comungando com Ele em busças de transcendência inexpressável pelo verbo comum.

 

Para tanto, porém, não é necessário que o homem moderno se afaste dos deveres a que está ligado, a fim de encontrar a paz interior.

 

Cultive o médium, todavia, o pensamento nobre, silenciando o tumulto das vozes internas da alma, procurando renovação, em Jesus Cristo, cada dia e a toda a hora, e, oferecendo o tesouro da boa vontade em favor da aflição alheia encontrará, na própria libertação, pela mediunidade sem viciação, a sublime "escada de Jacó" que o conduzirá aos páramos da luz, consciente e lúcido como a verdade, descendo para. ajudar, sem perigo de contágio de qualquer natureza...

 

Manoel Philomeno de Miranda

 


Manoel Philomeno de Miranda
Divaldo Pereira Franco


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