Sementeira da Fraternidade

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CAPÍTULO 41

IMORTALIDADE

Parte 1
No justo momento em que a técnica atinge as culminâncias, e o homem sofre aflições sem termo, somos convidados a recordar Jesus Cristo exclamando: "Eu venci o mundo!"

A ciência vaticinou, sim, para o século corrente, a morte das doutrinas espiritualistas, tendo em vista a marcha natural do progresso intelectivo.

 

E em verdade, até à metade do século passado, a filosofia espiritualista não passava de um amontoado de informações místicas e de arranjos dogmáticos incapazes de competir com os demais sistemas filosóficos vigentes, resistindo aos descobrimentos da ciência investigadora.

 

Coube a Allan Kardec a inapreciável tarefa de demonstrar, pela robustez experimental, a realidade do fenômeno da imortalidade da alma. E graças a isso, o Codificador da Doutrina Espírita se destacou entre os lidadores do pensamento universal, face ao gigantesco empreendimento de positivar, consoante os dados oficiais da indagação, a continuação da vida além da morte.

 

A tarefa era, a princípio, sob todos os aspectos, intratável, considerando-se a posição da ciência mesma ante os rudimentos da nascente Psicologia.

 

De um lado, o cientificismo pontificava arbitrário, e o empirismo, no outro extremo, ditava leis falseadas sobre a verdade.

 

Kardec, porém, embrenhou-se no matagal das informações.

 

Não foi somente um coligidpr dos informes dos Espíritos. Foi, antes de tudo, um admirável garimpeiro da verdade, separando da ganga o ouro rebrilhante, na mensagem eterna.

 

De 1854 a 1869, pesquisou, selecionou, reparou, fêz acréscimos, sopesou e apresentou uma doutrina que pudesse enfrentar o materialismo, justamente no momento em que Engels e Marx iriam desdobrar os conceitos hegelianos, favorecendo os aspectos dialético e histórico, já que o materialismo mecanicista não podia resolver o problema fundamental da imortalidade por lhe faltarem os elementos basilares para destruir a realidade do espírito.

 

Com Hegel, o pensamento passou a ser uma função do cérebro cuja atividade era pensar, controlando as manifestações nervosas da vida.

 

Allan Kardec se distinguiu pela tarefa de demonstrar que o pensamento não é apenas uma função do cérebro, sendo este a consequência de um pensamento anterior que nele atua através de um outro cérebro mais sutil, comando geral e força dinâmica mantenedora do equilíbrio: o psicossoma.

 

E acolitado por figuras da enfibratura de Crookes, Zõllner, do caráter de Lombroso e de Lodge que vieram a público posteriormente apresentar o resultado das suas pesquisas, Kardec demonstrou, à saciedade, o sentido incontroverso da imortalidade da alma, em experiências que se tornaram notáveis, realizadas mais tarde com o concurso de médiuns de caráter ilibado...

 

A tarefa se avultava, por estarem em jogo os sistemas do monismo e dualismo.

 

Allan Kardec demonstrou também que o homem não é constituído apenas de duas peças: corpo e alma. Mas é formado por uma tríade de elementos: espírito, perispírito e matéria, sendo o perispírito encarregado de funções específicas na engrenagem harmoniosa da vida em evolução.


Quando o materialismo ateu. no seu aspecto dialético, veio a campo combater a Doutrina Espírita, o Espiritismo, como escola filosófica, na sua feição dialética, apresentou "O Livro dos Espíritos" como protesto nobre ao abuso e à arbitrariedade das in

* formações niilistas, como das doutrinas panteístas em voga, bem assim as velhas filosofias espiritualistas sem fundamentação científica.

 

E a previsão da ciência, que aguardava para o século presente a morte das doutrinas espiritualistas, faliu, porque o século XX com os seus valiosos descobrimentos e tirocínios não pode retificar um único conceito da doutrina postulada pelo gigante lionês, que, na atualidade, se faz o maior antídoto aos grandes males que afligem o homem.

 

* * *

 

Como o materialismo é um veneno letal, o Espiritismo é o seu anticorpo, preparado para diminuir ou dirimir os efeitos terríveis dos ódios organizados secularmente e agora disseminados pelo ateísmo existencialista.

 

Enquanto o homem avança pelas trilhas do prazer, outros homens aparecem como exegetas do trabalho e apóstolos da caridade formando a mentalidade para o Terceiro Milênio que colocará bem alto o estandarte da luz cristã refletida na mensagem nobre da Doutrina Espírita.

 

E embora se previsse o soçobro das religiões no século XX, Allan Kardec, semelhante a Copérnico, que veio pôr cobro às fantasias a respeito do Sistema Solar, pôs também termo às superstições em torno da imortalidade da alma, arrancando-a do sobrenatural e do dogma, retificando a sua feição mística, graças à documentação experimental de que a bibliografia espírita é farta, enriquecendo a ciência espiritualista para competir e esclarecer a ciência atual, ajudando-a na busca da verdade.

 

Ante as dores que se acumulam inevitáveis para os próximos tempos, sem nos desejarmos transformar em Parcas a tecerem a túnica mortuária da Civilização, asseveramos que o Espiritismo é a grande esperança, porque afirma não ser a morte mais do que uma grande transição para o despertamento na verdadeira vida: a Imortal!

 

Pontifiquemos, desse modo, com Jesus, o Herói da sepultura vazia, atendendo ao programa da solidariedade universal, transferindo o sangue novo da fé para os corações esfacelados pelo medo e acendendo em toda parte a lâmpada da convicção imortalista, sigamos a trilha da verdade, cumprindo com nosso dever, para, vitoriosos, atingirmos o porto da nossa gloriosa Imortalidade.

 

Vianna de Carvalho

 


Vianna de Carvalho
Divaldo Pereira Franco


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