Trigo de Deus

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CAPÍTULO 14

A PACIÊNCIA DE JESUS

A usurpação do poder político abrira espaço para as arbitrariedades e abusos de toda ordem.

A famigerada águia romana sobrevoava o cadáver dos povos dominados, espraiando o cepticismo e o horror por onde se encontrava.

Os ideais de nobreza humana haviam cedido lugar aos ignóbeis conluios do crime com a insídia.

O povo, como sói acontecer em circunstâncias equivalentes, entregara-se à lassidão, à suspeita contumaz, ao abandono de si mesmo.

Antes, confiantes em Deus, os israelitas agora duvidavam da Sua proteção, cujos interesses pareciam distantes das necessidades dos Seus eleitos.

Os profetas, que se apresentaram em períodos contínuos, agora eram vitimados pela própria inépcia e rapidamente abandonados por aqueles que lhes exalçavam as parcas virtudes.

O clima emocional, portanto, era desanimador.

Teimavam, permanecendo em alguns isolados bolsões ideológicos, aqueles que ambicionavam pela libertação, pela restauração da independência da raça, que voltaria a exaltar Javé, o Todo-Poderoso. Desejavam, no entanto, que surgisse um guerreiro, que fosse igualmente impiedoso, utilizando-se da maquinaria da guerra para exterminar o inimigo e propor o retorno da glória antiga ao país decadente...

A suspeição predominava no relacionamento humano e a traição constituía fenômeno necessário à sobrevivência pessoal e social.

A pressão do dominador conduzia as parcas esperanças a estado lamentável de pessimismo.

Em tal situação, apareceu a figura ímpar de Jesus, abrindo os braços à solidariedade fraternal, acenando com perspectivas de um futuro iluminado para todos.

A Sua voz se erguia ante a multidão expectante como um poema de consolo dirigido aos desesperados e aflitos, facultando-lhes uma visão diferente e feliz da Vida.

Os Seus discursos se estribavam nos temas do cotidiano, nas coisas simples e nas ocorrências de cada hora.

As Suas eram propostas de amor com soluções fáceis de serem aplicadas.

Por essas razões, passou a chamar a atenção, atraindo grupos de curiosos ao Seu círculo de atividades.

Em poucas semanas tornara-se assunto de todas as conversações, notório em todos os meios, e comentado sob os ângulos e a óptica daqueles que se afeiçoavam aos temas em voga.


* * *

Era uma aragem refrescante na ardência do sofrimento.

Mais do que uma esperança, fizera-se um lenitivo e um alento inesperado.

A própria Natureza parecia haver-se alterado, tornando-se mais bela e calma.

Por onde Ele passava um vigor novo estabelecia metas elevadas nas mentes e nos corações.

Suas pegadas ficavam impressas nas paisagens das vidas.

Nunca, antes, houvera passado, vivido ali, alguém como Ele.

Quem O visse, escutasse ou sentisse, jamais se olvidaria...


* * *

A notícia dos Seus feitos correu com a celeridade de uma centelha de fogo sobre rastilho de pólvora.

A sede de apoio leva o necessitado a uma busca incessante.

A ausência de paz invita-o à tomada de consciência das ações transatas e do que pode ser feito em favor da sua aquisição.

Assim, os sofredores, que se multiplicavam em inconcebível número, acorriam em busca de solução para os problemas que os afligiam.

A variedade de conflitos e necessidades não os separava, antes unia-os na mesma busca, vinculados pela força telúrica do sofrimento.

Desse modo, narra Mateus (nota), acercaram-se dEle as multidões, que trouxeram os seus enfermos: cegos, endemoninhados, moucos, padecentes das várias decomposições orgânicas.

Ele tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas dores.

... E a todos curou, demonstrando a grandiosidade dos Seus valores e a Sua procedência divina.

Sempre se repetirão cenas de tal quilate.

A paciência de Jesus propiciava uma visão mais profunda do que a superficialidade daquelas dores, que eram decorrentes de causas mais graves, porquanto centradas no comportamento anterior das existências humanas.

As criaturas desejavam libertar-se do fardo, não do jugo moral a que prestavam servidão.

Ignorando a lei dos renascimentos, não sabiam entender a causalidade dos sofrimentos. Tampouco se preocupavam em equipar-se com ações nobilitantes, a fim de se precatarem de futuras dores.

Era a pressa pela liberdade, que não sabiam preservar, pela saúde, que não entendiam como manter.

Jesus compreendia-lhes o drama e ajudava todos, sem exigências, sem reclamações.


* * *

A Sua paciência resultava da compaixão que Ele mantinha em relação aos homens e mulheres sofridos.

Sabia que o povo, explorado e desiludido, era sempre atirado à indiferença e ao desprezo pelos poderosos, enquanto eles, os exploradores, banqueteavam-se no fausto e no abuso da ostentação vazia.

Penetrando, psiquicamente, no futuro, Ele sabia que todo títere é revel, torna-se desditoso, vindo a expungir o crime mais cedo ou tarde, a fim de liberar a consciência e reparar os males que engendrou e praticou em relação aos outros, certamente, contra si mesmo.

Compadecia-se, o Senhor, da ignorância humana, que centralizava suas aspirações no imediato, no transitório, no insignificante.

Na condição de Mestre, Ele veio para despertar as mentes para realidades mais transcendentes, portanto as que são legítimas, até então desconhecidas.

Paciente, amava com ternura as multidões e concedia-lhes o tempo necessário para o amadurecimento do raciocínio e captação de ideias do bem.

Todo o Seu ministério transcorreu, pois, como lição de paciente amor, ensejando, àqueles que O buscavam, a recuperação orgânica, sem dúvida, mas, também, o ensejo de identificar os objetivos relevantes, essenciais, que constituem o impositivo da vida na Terra, rumando para a imortalidade.


* * *

A compaixão de Jesus é um apelo à ação de socorro à dor conforme esta se apresente. E a Sua paciência é convite sem palavras para que o amor se espraie, aguardando o desenvolvimento ético-moral dos 16:17 (Nota da Autora espiritual)




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