Trigo de Deus

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CAPÍTULO 2

PRESENÇA EM CAFARNAUM

A região escolhida para a base operacional do Seu ministério não poderia ser outra em Israel.

De Jerico até às águas profundas do Genezaré o verde luxuriante confraternizava com o azul transparente dos céus.

A terra, sorrindo flores silvestres e recoberta de árvores generosas, recebia os ventos gentis do entardecer e das noites agradáveis, salpicadas de estrelas luminíferas.

Por isso, Jesus elegeu a Galileia, onde a alma simples e nobre das gentes afeiçoadas ao trabalho poderia fascinar-se com a música da Sua palavra libertadora.

Em Nazaré, as dificuldades familiares e as lutas derivadas da inveja colocaram as primeiras barreiras ante o desafio de implantar nas paisagens dos corações o reino de Deus.

Na Galileia bucólica, porém, beijada pelas espumas incessantes das vagas do mar, entre tamarindeiros e latadas floridas, os pescadores, os vinhateiros, os agricultores, tinham os ouvidos abertos para a mensagem da luz.

Cafarnaum, Magdala, Dalmanuta, faziam recordar pérolas engastadas na coroa de um rei, a duzentos metros abaixo do nível do Mediterrâneo, encravadas como um diamante estelar para refletir a beleza do firmamento.

Cafarnaum notabilizara-se pela sua Sinagoga, pelo movimentado comércio e pelas águas piscosas de onde se retirava o alimento diário. E pelas terras férteis que escorrem na direção das águas, atendidas por filetes de córregos velozes que se avolumavam.

Ali, Jesus situou o fulcro do Seu ministério, e foi na casa de Simão Bar Jonas que Ele estabeleceu o piloti para erguer posteriormente o Seu reino.

Crivado de interrogações que a ingenuidade dos pescadores arquitetava, Ele respondia mediante a linguagem florida das parábolas, enternecendo-lhes as almas por usar as palavras simples da boca do povo e profundas da sabedoria divina.

Inquirido a respeito da política arbitrária pela governança injusta, desviava o assunto, apontando a política do amor e a governança divina em cujo bojo todas as criaturas se encontram.

Observado com suspeição pela massa, e aceito sob desconfiança, Ele enriquecia as mentes com os mais belos fenômenos da Sua poderosa força, demonstrando, pelos sucessivos silêncios, ser o Messias esperado.


* * *

A doença que fere o corpo procede do espírito mutilado.

O espírito enfermo tem as suas raízes nas imperfeições que o caracterizam.

Enquanto o homem não realiza o ministério da santificação interior, o corpo se abrirá em chagas purulentas e o coração ficará despedaçado de angústiã.

Não seja, pois, de estranhar, que o séquito das dores compunha a sinfonia trágica das necessidades humanas, onde quer que Ele aparecesse.

Cantor da vida, mergulhava no barro pegajoso das inquietações e injunções dolorosas daqueles a quem veio socorrer.

Consolador, via-se constrangido a descer às questiúnculas do poviléu, para dirimir conflitos e conduzir a Deus com segurança as almas ingênuas.

Mensageiro da cura total, detinha-se a remendar os farrapos orgânicos que as mentes invigilantes voltavam a romper.

Não se cansava nunca.

Jamais se escusava.

Em tempo algum se omitia, a ponto de entregar-se em pujança de vida para redimir todas as vidas.


* * *

Iniciando o ministério, chegou à casa de Simão e encontrou-lhe enferma a sogra que definhava sob injunção de febre, e, tocando-lhe a mão, fez que se arrefecesse a temperatura elevada.

Feliz, de imediato, a veneranda mulher, recuperada nas forças, serviu ao ritmo da festa que lhe estrugia no sentimento como flores de gratidão.

Porque a notícia corresse pela circunvizinhança, que Ele ali se encontrava na condição de Grande Luz, afluíram, desesperados, os enfermos, para que lhes retificassem as conjunturas orgânicas...

Médiuns em aturdimento, sob injunção de obsessores vorazes, receberam a mão generosa que os libertou da alucinação alienadora.

Subjugados em largos períodos de obsessões, foram desalgemados e colocados na claridade inefável da saúde.

Portadores de tormentos profundos do ser, sob o domínio impiedoso de hostes infelizes, recuperaram a lucidez para resgatarem sob outras condições, com a mente livre das punições selvagens da treva dominadora...


Por essa razão, o Seu nome foi repetido de boca em boca, enquanto o mar, em vagas sucessivas

* aplaudia as homenagens que Lhe eram dirigidas em ósculos de espumas brancas nas areias ávidas.


* * *

Jesus é o ápice das aspirações humanas.

Enquanto todos sorriam de júbilos, Ele compreendia quanto era célere o reconhecimento humano e fugaz a afeição daqueles amigos.

Não obstante, os amou, a fim de que eles tivessem vida e vida abundante.

Não foi sem razão que escolheu aquela região, especialmente Cafarnaum, para que nas noites perfumadas da Galileia ridente, em arameu Ele cantasse a epopeia do Evangelho aos corações, onde a musicalidade sublime da natureza em flor inaugurasse a era do amor para todo o sempre.




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