Trigo de Deus

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CAPÍTULO 7

NAQUELE TEMPO

Os reinos terrestres, para firmar-se, são sacudidos periodicamente por guerras sangrentas e cataclismos outros dolorosos, que os esfacelam, para robustecê-los depois.

As plantas suportam vendavais que as destroçam, a fim de reverdecerem, logo mais, com exuberância.


O globo sofre convulsões sísmicas frequ

̈entes, que lhe acomodam as camadas, mesmo que a prejuízo da superfície que estertora.

A luta, os constantes movimentos, são precondições para o soerguimento de qualquer edificação que se candidata à permanência.

O Reino de Deus, igualmente, instala-se no mundo mediante os rudes embates que lhe preparam os alicerces. Trata-se de uma revolução estrutural e de conteúdo, a fim de ser implantado com segurança, podendo resistir às conjunturas difíceis dos tempos.

Aquele era um período singular da Humanidade.

A predominância arbitrária da força se fizera multifacetada, apresentando-se na política, na religião, no comportamento, na sociedade.

Disputando hegemonia, os poderosos engalfinhavam-se em lutas perversas, uns contra os outros e todos contra os simples, os pobres, os sem classe, que eram explorados até a exaustão.

Desconsiderados em toda parte, não havia lugar para eles em parte alguma. Não eram, sequer, notados, senão para padecer a exploração, o opróbrio, o trabalho escravo.

Apesar disso, multiplicavam-se, porque a avareza dos ricos, em pequeno número, mais condenava os pretendentes à independência, à posição misérrima e degradante.


A chegada de Jesus, Arauto da Verdade, foi saudada como o momento grandeloqu

̈ente da vida humana.

Simples e desataviado como a luz, Ele penetrava os corações e alterava o comportamento daqueles que O conheciam.

Nobre e bom como a verdade, Ele desconcertava todos quantos se lhe opunham.

Puro como o fogo, era incorruptível, sustentando o ideal.

Perseverante como a vida, jamais receava.

Amante como a natureza, sempre se renovava para servir, a todos recebendo com igualdade.

Sua voz, suave e forte, de acordo com a ocasião, quando ouvida, nunca mais seria olvidada, ressoando na acústica da alma para todo o sempre.

Construtor do Reino de Deus nos corações, convocou operários para a ação concreta e apresentou os planos no cenário ridente das paisagens humanas vivas, sem ocultar detalhes nem exagerar contornos.

Toda a atividade partiria de dentro para fora do ser, produzindo renovação, e os métodos para a ação, diferindo dos tradicionais, seriam fundamentados na mansidão, na humildade, na doação plena, e cimentados pelo amor.

A fim de fazer-se crer e amar, tornando-se respeitado pelo povo, Ele tomava as dores humanas e, como remendão, unia as peças desarticuladas do corpo e da alma das criaturas, dando-lhes equilíbrio, corrigindo as deformidades, devolvendo a saúde.

Advertia, porém, sempre, que sem a transformação interior profunda, era impermanente o equilíbrio exterior.

Face a essa visão grandiosa sobre o ser humano, Ele cuidou de despertar os que dormiam nos vícios, através do socorro oferecido aos que choravam, desesperados, nas dores.

A Sua atitude provocou ódio e ciúme, inveja e reações exacerbadas, mas Ele permaneceu inalterável até o fim.

Narra, Mateus 1:8 - Lc 1:5) O Sol dardejava luz e as espigas oscilantes ao vento cantavam peculiar melodia.

Porque tivessem fome, os discípulos puseram-se a colher e a comer com alegria.

A fraternidade legítima descobre sempre motivos para sorrir. Os pequenos acontecimentos se transformam em poemas de encantamento, e a felicidade intumesce os corações com júbilo.


Os homens mesquinhos e anões espirituais, porém, que vivem apegados às torpezas e mazelas próprias, ególatras e vigias cruéis dos outros, diante do grupo inocente, logo reagiram, naquele dia, dizendo com interrogação de censura:

— Teus discípulos estão fazendo, o que não é lícito fazer aos sábados.


Penetrando-lhes os escaninhos do ser, com a percepção superior de que era dotado, o Senhor lhes retrucou, bondoso:

— Não lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na casa de Deus, e com eles comeram os pães da proposição, os quais não lhe era lícito comer, nem aos seus companheiros, mas somente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que aos sábados os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?

A resposta interrogativa, inesperada, emudeceu-lhes a censura injusta.

É habitual, nos combatentes da prepotência, usarem as leis nos artigos que lhes convêm, abandonando os outros, que os alcançam. A sua habilidade mental é distorcida, propiciando acomodação pessoal aos delitos que praticam e severidade contra as ações alheias que os perturbam. Na impossibilidade de esvaziarem o efeito dos gestos nobres, atacam-nos mediante expedientes de perturbação, de sofismas e retórica inútil.


Pairando acima deles, o Construtor do Reino, adiu:

— Digo-vos, porém: aqui está o que é maior do que o templo. Se tivésseis conhecido o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes.

O Templo suntuoso era orgulho de toda uma raça que se impunha como privilegiada por Deus, em detrimento de toda a humanidade.

Colocando-se em importância superior à que se atribuía ao Templo, afrontava a petulância e ostentação de Israel, logo demonstrando que o mesmo se reduziría a escombros, enquanto Ele mais se firmaria na rocha dos milênios.

O tempo consome as construções humanas, enquanto afirma e mantém o Espírito, que é eterno.


E desejando definir rumos e situações, concluiu, lúcido:

— Pois o Filho do Homem é senhor do sábado.

Bailavam no ar as onomatopeias da natureza e se ouviam as vozes inarticuladas da vida, confirmando o enunciado veraz.

Começava a derrubada das obsoletas construções, a fim de ser aplainado o terreno para o Reino.

As lutas iriam recrudescer, mas Ele viera para enfrentá-las, irrigar o solo árido com o próprio sangue, após traçar os planos com a doação da vida.

A sós, com Deus, Ele convocou homens frágeis e os tornou hercúleos batalhadores em favor da realização suprema.

Nunca tergiversou ou temeu, porque conhecia os reinos terrestres e os seus habitantes. O que trazia, não era conhecido por ninguém, com programa de plenificação para todos.

Desse modo, partindo daquele lugar, Jesus entrou na sinagoga deles e defrontou com um homem que tinha seca uma das mãos.

A astúcia de imediato armou seu esquema de combate, porque onde se encontram os homens-pigmeus aí estão suas mesquinharias.

Assim, desafiaram-nO a curar o enfermo, advertindo-O, porém, que era proibido fazê-lo naquele dia.

A situação sinuosa afetaria qualquer atitude.

Se o curasse, violaria a Lei; se o não fizesse, demonstraria ser falsa a Sua mensagem.


Considerando uma ovelhq, que, tombada num poço, num sábado, seu dono a salvará, quanto mais um homem, que tem maior valor do que o animal, elucidou:

— Logo é lícito fazer o bem nos sábados.

E disse ao enfermo.

— Estende a mão.

Apiadado e compassivo, curou-o diante dos opositores gratuitos, magoados, vencidos...

Eles, porém, saindo dali, tramaram o modo de tirar-lhe a vida.

Sempre agem assim os covardes: na treva, nos escusos recintos da própria miséria.

Quando não podem enfrentar os homens-gigantes, trabalham por matá-los, como se também eles não avançassem na direção do túmulo.

Impossibilitados de acompanhar o rio, erguem barragens, que as águas, momentaneamente represadas, mais tarde transpõem.

Começavam as lutas para a construção do Reino.

As pedras angulares estavam sendo colocadas.

Os sulcos nos corações se aprofundavam.

Os obreiros surgiam e a paisagem, emoldurando-se de luz, modificava-se.

O Divino Construtor entregava-se à Obra já naquele tempo.




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Mateus 1:8

E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Ozias;

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Lucas 1:5

Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas d?Aarão; e o seu nome era Isabel.

lc 1:5
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Lucas 6:2

E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados?

lc 6:2
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Lucas 6:3

E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nunca lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que com ele estavam?

lc 6:3
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Mateus 12:2

E os fariseus, vendo isto, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado.

mt 12:2
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Mateus 12:3

Ele porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?

mt 12:3
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Mateus 12:4

Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?

mt 12:4
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Mateus 12:5

Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?

mt 12:5
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Mateus 12:6

Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo.

mt 12:6
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Mateus 12:7

Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.

mt 12:7
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Mateus 12:8

Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.

mt 12:8
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Mateus 12:14

E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem.

mt 12:14
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Mateus 9:13

Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.

mt 9:13
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Marcos 2:25

Mas ele disse-lhes: Nunca lestes o que fez Davi quando estava em necessidade e teve fome, ele e os que com ele estavam?

mc 2:25
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