Vivendo Com Jesus

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CAPÍTULO 1

Luz mirífica em noite escura

Júlio César havia expandido o Império Romano, praticamente por todo o mundo conhecido, após a conquista do Egito.

Assassinado, covardemente, a punhal, por Brutus, que passava por seu filho, e os seus asseclas, nas escadarias do Senado, em Roma, sucederam-se dois triunviratos, que culminaram com a derrota de Antônio em Áccio e o seu posterior suicídio, com Lépido tornado grande pontífice e Otaviano, que passou a governar o império como primeiro cidadão, inspirado nas lições que levaram César ao fracasso.

Caio Júlio César Otaviano nasceu em Roma, em 63 a.C. Era filho de um agiota de Villetri, e quando contava 19 anos, morreu César, seu tio-avô e pai adotivo.

Embora a sua aparência de fragilidade, era portador de temperamento forte e valoroso, de grande ambição política, ha-vendo participado do segundo triunvirato que, em companhia de Antônio e Lépido, venceram os adversários em sucessivas batalhas que se encerraram em Filipos.

Alcançou o poder máximo, embora a sua conduta moral nem sempre fosse digna, caracterizando-se pelos sucessivos casamentos e adultérios, não obstante se empenhasse por man-ter a dignidade em todo o Império, de maneira serena, inclusive em relação à família, na intimidade palaciana.

Conseguiu a pacificação em todo o território que governava, na Espanha, nos Alpes, e anexou a Galícia e a Judeia. Propondo as bases do governo imperial, criou organizações administrativas, reergueu as finanças e propiciou um período de paz como anteriormente raras vezes acontecera.

Recebendo a cooperação de Mecenas, foi protetor das artes e da cultura, havendo estimulado escritores e poetas como Virgílio, Horácio, Tito Lívio, Ovídio, e, mais tarde, porque não tivesse filhos, adotou Tibério, filho de Lívia, sua segunda mulher, que posteriormente se tornaria também imperador de Roma.

Realmente, a paz romana reinou na Terra, porque, nesse período, não renasceram os generais belicosos, mas antes os artistas e os pensadores que adornaram a capital e engran-deceram o mundo romano com os seus valiosos tesouros de beleza e de sabedoria.

Quando morreu, em Nola, no ano 14 d. C, foi divinizado pelo Senado, que lhe concedeu o título de Augusto, associando o seu culto ao de Roma, celebrado em toda parte.

Um pouco antes, em uma província do majestoso Império Romano, nasceu em Ascalon, no ano 70 a. C, Herodes I, que se tornou rei dos judeus e que passou à posteridade como O Grande. Anterior governador da Galileia, foi alçado ao poder pelos romanos, que o ajudaram a conquistar a capital de Israel, vencendo os asmoneus, aos quais sucedeu no trono.

Originário da Idumeia, não sendo judeu, foi sempre detestado por esses, que o vigiavam com ódio e ressentimento.

Para autentificar o seu domínio, casou-se com Mariane, de origem asmoneia, com quem teve filhos.

Astuto e perverso até o ponto de ser tido como desumano, após consolidar a posição e reinar arbitrariamente, mandou matar a mulher, sob suspeitas infundadas de infidelidade, logo após, mandando fazer o mesmo a Hircano II e aos descendentes dos asmoneus, com medo que eles retomassem o trono.

Dominado pela mesma ideia obsidente, mandou trucidar os próprios filhos que tivera com Mariane, a fim de que eles, na idade adulta, não desejassem vingar a morte da genitora ou reivindicar a posse do trono que fora usurpado.

Tentando agradar aos judeus, reconstruiu o Templo de Salomão, embelezando-o com cedros do Líbano e uma parreira de ouro que mandou embutir no mármore de uma das paredes de entrada do santuário colossal, naquele tempo o mais suntuoso do mundo e orgulho da raça israelita.

Restaurou a Samaria e outras cidades, construiu o Herodium, o monumental palácio incrustado numa montanha, onde esperava homiziar-se, pondo-se a salvo, em momento de perigo, sobrevivendo a qualquer situação aziaga...

Embora respeitasse os costumes judeus, era acusado de helenizar o país e cultuar os deuses romanos, o que gerava mais agravamento nas suas relações com o povo e os sacerdotes ju-deus mais ortodoxos.

A sua crueldade aumentou com a velhice e a decadência orgânica, quando se comprazia com o assassinato de vítimas queimadas vivas diante dele, em absoluta indiferença.

Não bastasse tanta perversidade, foi o responsável pela matança dos inocentes, os meninos de Belém, um pouco depois do nascimento de Jesus, com medo de que algum deles fosse o Messias e lhe tomasse o trono odiento.

Quando já se encontrava consumido pelas enfermidades dilaceradoras, mandou matar o filho Arquelau e, antes de despedir-se do corpo em decomposição antecipada, pediu a Salomé que mandasse matar todos os jovens que se encontravam encarcerados...

Espúrio e sem qualquer princípio, governou sob a tutela de Augusto, a quem presenteava periodicamente com verdadeiras fortunas, para ter os seus crimes hediondos suportados, o que conseguiu a peso de ouro, inclusive fazendo doações vultosas ao povo de Roma para os seus divertimentos insensatos, enquanto no seu reino a miséria se estendesse, especialmente nas classes pobres, as menos favorecidas.

Como se tudo isso não bastasse, após a morte nefasta, deixou para o imperador e sua mulher Lívia dois navios de ouro e prata, respectivamente, como testemunho de gratidão e de afeto.

Apesar de todo o poder, não conseguiu evitar a morte, que aconteceu no ano 4 d. C, nem a substituição no trono pelos filhos, aos quais concedera o país dividido em tetrarquias, permanecen-do em horrendas disputas, ficando a Judeia ao encargo de Herodes Antipas, que a governou, centrado na sua capital Jerusalém.

Nesse ínterim, caracterizado pela turbulência de toda ordem, pelas insurreições e loucuras, crimes e hediondez, nasceu Jesus, na pequena Belém, há apenas uma dezena e meia de quilômetros da soberba e fétida Jerusalém, orgulho de toda uma raça e sede ali do poder de Roma, representado pela Torre Antônia, onde se aquartelavam os dominadores de um dia...

Não havendo lugar para Ele, na cidade superlotada de peregrinos que vieram para o recenseamento imposto por Au-gusto, viu o mundo terrestre em uma gruta calcária nos seus arredores, uma verdadeira estrebaria onde se agasalhavam ani-mais domésticos e dormiam pastores com os seus rebanhos nas noites frias, como era comum na ocasião.

Ele veio pastorear as ovelhas tresmalhadas de Israel e a gentilidade sofredora de toda parte, ali iniciando, entre eles, o Seu ministério de Amor.

Nunca haveria lugar para Ele no mundo, nem Ele o necessitava, porque é o Senhor do mundo.

Ele sempre estaria nas estradas, cantando em a Natureza a sublime sinfonia do Amor e da sabedoria.

Raramente dormia duas noites na mesma casa, exceto quando, no outono e no inverno, se encontrava em Cafarnaum, na inolvidável Galileia, utilizando-se do lar de Simão bar Jonas, Pedro, o pescador.

Jesus é a luz mirífica a alumiar a densa noite da História, abrindo clarão especial nas brenhas da humanidade em favor do seu futuro.

Nunca disputou um lar e nenhum teve, porque mesmo aquele onde viveu a expensas dos seus pais não Lhe pertencia...

Viveu errante como os ventos brandos do amanhecer, espalhando o perfume da Sua mensagem, e encerrou a existência despedindo-se dos discípulos e dos afetos, numa cruz vergonhosa, cujas traves duras e feridoras transformou em duas sublimes asas que O levaram de volta ao Seu Reino...

Otaviano Augusto nunca ouviu falar sobre Ele, no entanto, no século que ficou com o seu nome, Ele foi muito mais importante, porquanto o Seu berço dividiu os fastos históricos em antes e depois do Seu nascimento.

Otaviano, à semelhança do seu sátrapa Herodes, morreu vitimado por enfermidade adquirida nos campos de batalha da Bitínia, deixando o legado de poder, fama e glória temporais...

Jesus, superando os dois sicários da sociedade do seu tempo — Otaviano, em Roma, e Herodes, na Palestina —, ofereceu-nos o sublime legado do Amor e do perdão, especialmente em relação a eles, iniciando a Era Nova que um dia transformará toda a Terra no Seu Reino em triunfo permanente.

(...) Luz mirífica Ele é nas trevas densas de todos os tempos!...




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Mateus 2:16

Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.

mt 2:16
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