Vivendo Com Jesus

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CAPÍTULO 23

Eram De Betsaida

Ao tempo de Jesus, Betsaida, que se traduz como casa da pesca, situava-se ao lado nordeste do Mar da Galileia, a poucos quilômetros de Cafarnaum, e foi vítima de um fenômeno sísmico que a levantando, distanciou-a do lago generoso, e que no Evangelho comparece como havendo sido uma cidade próspera de tradições vigorosas. De lá saíram Pedro, André e Filipe, que se tornaram discípulos devotados do Mestre, imortalizando-a nas páginas da História.

Também se acredita que Herodes Filipe, um dos tetrarcas que governavam 1srael, mandou erguer no seu solo um templo pagão dedicado a Lívia, a Mãe de Tibério, que conduzia o Império Romano, e fora casada com Augusto.

Conquistada através dos tempos por outros povos, é muito antiga e encontra-se inscrita no Velho Testamento como constituída de duas partes, sendo comentada por Flávio Josefo.


No seu solo foi sepultado Herodes Filipe com muita pompa, havendo recebido várias vezes a visita de Jesus, que ali operou inúmeros fenômenos de curas, não se permitindo porém, aderir à Sua doutrina, o que teria levado o Mestre à lamentação, quando se referiu:

—Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco e cinza, se teriam arrependido (Lucas 10:13) Não foram poucos os admiráveis fenômenos que nelas se produziu, sem que a sua população de cultura helênico romana se interessasse por reflexionar em torno da Sua mensagem.

De lá também procedia o paralítico abençoado pelo Divino socorro na piscina de Bezatha (Betesda), na porta das ovelhas, em Jerusalém que, após 38 anos aguardando o milagre das águas serem movimentadas pelos anjos, o que produzia a cura dos enfermos que nelas se atirassem, não conseguira êxito, e Jesus recuperara-o.

Jubilos 10:17) Interrogado para que informasse quem assim o propusera, esclareceu não o saber, porque Ele se havia afastado e perdera-se na multidão.

Isso, porém, era fácil de identificar-se, aumentando o ódio dos pigmeus morais, que procuravam motivo para incriminá-lo, acirrando mais os seus sentimentos inferiores de inveja e malquerença.

Depois Jesus encontrou-o no Templo, e disse-lhe: eis que já estais são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.

A recomendação psicoterapêutica de Jesus tinha procedência, porque todas as aflições como bênçãos procedem do ser interior, dos seus atos, devendo-se recompor as paisagens morais a fim de que os males e a degeneração não voltem a povoar o mundo íntimo, dando lugar a danos maiores do que os anteriores, aqueles dos quais se foi liberado.

O insensato, porém, correu célere e foi dizer aos judeus quem o havia liberado da paralisia, dando lugar a que os insanos aumentassem a perseguição contra o Justo, pelo hediondo crime de amar e de servir.

Ademais, justificavam a sua insânia perseguidora porque Jesus afirmara que Deus era Seu pai, o que não deixa de ser paradoxal, no que olvidavam da origem divina de todos os seres e da misericórdia do Genitor Divino.

No seu falso excesso de zelo, nem sequer o nome de Deus podia ser pronunciado, muito menos atribuir-se a herança da Sua sublime paternidade...

Ainda por muito tempo haverá aqueles que odeiam os valores éticos elevados, dominados pela inferioridade da inveja e do despeito, em face da sua condição de incapazes de produzir o Bem e de ajustar-se aos princípios de elevação, descarregando, então, as suas mazelas em sedições, calúnias, perseguições cri-minosas, ocultando o próprio conflito que procuram disfarçar em sentimentos de justiça e zelo social.

Jesus, porém, pairava acima deles e sabia que o sábado foi feito para o homem, e não este para aquele.

Os maus e todos quantos se comprazem em tentar obstaculizar a marcha do progresso sempre encontram motivos reais ou falsos para o desencadeamento da sua sanha, sistematicamente perseguindo aqueles que se lhes não submetem, na ilusão de destruí-los, como se o fato de eliminar ou subestimar os valores de alguém possa destruir-lhe os exemplos, os conteúdos iluminativos.

Passaram, desse modo, todos aqueles que se obstinavam em perseguir Jesus, em apagar-lhe o nome da História, em adulterar as Suas palavras e lições, adaptando-as às suas paixões infelizes, enquanto que os tempos sucessivos têm-Lhe feito justiça, embora ainda não permitam a embriaguez enobrecedora pela Sua mensagem.

A paralisia do homem de Betsaida toma conta da hodierna sociedade, que vive à procura das novas piscinas dos milagres, após a exaustão naquelas dos prazeres insanos e degenerativos, a fim de retemperar o ânimo e restabelecer as forças para novamente atirar-se na intoxicação da volúpia em que se aturdem e enlouquecem.

A palavra, no entanto, do incomparável Rabi permanece como o único roteiro de segurança para os caminhantes terrestres, que se perderam nas estradas do prazer utópico e alucinante, gerando os tormentos em que se rebolcam.

A necessidade de não voltar aos comportamentos anteriores é o primeiro passo para a recuperação do bem-estar, e quando ainda se encontre sob as chuvas das consequências dos erros anteriores, a mudança de pensamento e de atitude para o Bem logo proporciona alteração emocional que irá contribuir eficazmente para a alegria de viver e a paz.

É necessário, portanto, carregar o catre das próprias misérias, a fim de libertar-se da sua injunção penosa, de modo a poder seguir livre na conquista dos espaços do amor e da solidariedade.

Ainda hoje, vinte séculos transcorridos, os habitantes da Betsaida contemporânea em que se converteu a Terra, exigem fenômenos espetaculares, curas fantásticas, surpreendentes acontecimentos, sem a consequente responsabilidade de aplicar os seus ensinamentos ocultos na conduta real, de maneira a in-tegrar-se nos elevados postulados da Verdade e do Bem.

Vive-se o primado da ilusão, da busca das sensações em clima de renovação incessante, dos prazeres que levam à exaustão, embora o conhecimento que se encontra em abundância em toda parte, convidando a reflexões profundas a respeito do significado existencial, dos objetivos terrestres.

A ilusão campeia assustadoramente, o seu ópio, que fascina, entorpece os sentimentos e anestesia o discernimento, mantendo as suas vítimas em estado de confusão e de ansiedade.

Seria de repetir-se conforme Jesus: Ai de vós, Betsaida e Corazim modernas, que tendes acompanhado a marcha do progresso da Ciência e da Tecnologia distante dos sentimentos morais e dos compromissos espirituais, porque perdeis a opor-tunidade incomum da própria ventura!

Betsaida ficava próxima ao mar da Galileia, que um fenômeno sísmico distanciou...

As modernas Betsaidas, assinaladas pelos paralíticos da alma, ao mesmo tempo fornecedoras de apóstolos como Pedro, André e Filipe, encontram-se em expectativa, construindo os templos ao paganismo do prazer, porém expectantes quanto ao amor de Jesus...




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Lucas 10:13

Ai de ti, Corazim, ai de ti Betsaida! que, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco e cinza, se teriam arrependido.

lc 10:13
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João 5:14

Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior.

jo 5:14
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