Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Versão para cópia
CAPÍTULO 12

PREDIÇÃO DA MORTE

MT 16:21-23


21. Desde esse tempo, começou Jesus a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos mais velhos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser assassinado e no terceiro dia ser despertado (ressuscitado)


22. Correndo a protegê-lo, Pedro começou a repreendêlo, dizendo; "Deus te guarde, Senhor: de modo algum te acontecerá isso"!


23. Mas, virando-se ele, disse a Pedro: "Vai para trás de mim, adversário; tu me és pedra de tropeço, porque não pensas nas coisas de Deus, mas sim nas dos homens".


MC 8:31-33


31. E começou a ensinar-lhes que precisava o Filho do Homem padecer muitas coisas, ser rejeitado pelos mais velhos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, ser assassinado e após três dias levantar-se (ressucitar). 32. E abertamente falava esse ensino. Então, chamando-o à parte, Pedro começou a repreendê-lo.


33. Mas, virando-se e olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: "Vai para trás de mim, adversário, porque não pensas nas coisas de Deus, mas nas dos homens".


LC 9:22


22. Dizendo : "É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas e seja rejeitado pelos mais velhos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, seja assassinado e no terceiro dia seja despertado (ressuscitado)

Aqui, pela primeira vez, após o reconhecimento oficial de Seu messianato por parte dos discípulos, Jesus lhes expõe com clareza e sem circunlóquíos (Marcos diz: "o ensino foi dado abertamente") o fim trágico que Lhe está reservado exteriormente, diante dos homens. E é interessante salientar que, embora alguns manuscritos (seguidos por Wescott-Hort, Weiss, Nestle e Lagrange) tragam "Jesus Cristo", outros, (como C, E, F, G, H, S, U, theta, omega e numerosos mais, seguidos por Tischendorf, von Soden, Vogels e Bover) omitem a qualidade divina, aí deixando apenas o nome humano de "Jesus". Realmente, quem teria que submeter-se à terrível prova de dor-amor era o homem Jesus, já que o Cristo divino, que "habita corporalmente" em todos nós, é INATINGÍVEL a qualquer dor ou sofrimento, seja de natureza moral ou física.

A teoria docetista de que às dores físicas Jesus foi insensível por ser um fantasma (agênere) é de indizível ingenuidade; nem há razões que justifiquem a abolição da dor física, a fim de salientar a dor moral (motivada pelo baixamento de vibrações, o que lhe permitiu conviver na Terra com a humanidade ainda atrasadíssima como está). O homem Jesus (o Filho do Homem) sofreu moral e fisicamente.

Mas o Cristo Cósmico, mesmo em suas Centelhas, sendo Deus, é imutável e impossível, não sofrendo nem de um modo nem de outro; é inatingível a dores e sofrimentos, pois vive na beatitude permanente da sintonia absoluta com o Som (Verbo), unificado que está ao Pai e com o Espírito-Amor, a luz, de que o Cristo constitui um raio. Tal como um adulto não sofre, porque compreende a incapacidade infantil, se um lactente lhe faz uma desfeita, nem do recém-nascido exige o comportamento de um ho mem amadurecido, assim o Cristo divino - muito mais elevado em relação ao homem, que o adulto em relação ao lactente - não sofre jamais, porque sabe e compreende a ignorância infantil da humanidade.

Os avisos que "começa" a dar, a respeito de Suas dores futuras, têm por escopo prevenir Seus discípulos que abandonassem a crença vulgar do Messias-Rei, e se familiarizassem com a ideia realística do Messias-Servo-de-YHWH, sofredor e incompreendido (cfr. IS 52:13-53:12 e Salmo 22).


Esse aviso é dado sistematizadamente em quatro etapas:

1. ª - que Ele deverá sair do "Jardim" risonho e florido da Galileia, para subir a árdua, agreste e íngreme montanha de Jerusalém;


2. ª - que terá que padecer muitas coisas às mãos do Sinédrio hierosolimitano, citado por seus componentes: os mais velhos (presbyte oi) que constituiam a nobreza do povo; os sacerdotes mais importantes (principais) e os doutores da lei. escribas, intérpretes autorizados das Escrituras; ou seja, será rejeitado pelo mundo oficial da Igreja israelita; 3. ª - que terminará Sua carreira sendo assassinado de modo violento;

4. ª - mas que ao terceiro dia será DESPERTADO (em Mateus e Lucas: egerthênai, infinito aoristo passivo) ou SE LEVANTARÁ (em Marcos: anastênai, infinito aoristo segundo ativo).


Há pequena discordância entre Mateus e Lucas, que assinalam "no terceiro dia" (têi tritêi hêmera) e Marcos que escreve "após três dias" (metà treís hêmerás). Ora, a expressão que correspondeu aos fatos é a de Mateus e Lucas, repetida em AT 10:40 e em Paulo (2. ª Cor. 15:4). A locução de Marcos colocaria a chamada "ressurreição" na 2. ª feira, quando ela se deu no domingo (repare-se: 1. º dia, 6. ª feira,

2. º dia, sábado, 3. º dia, domingo) . Em Oséias (Oséias 6:3) a expressão "após dois dias" é usada como igual a" no terceiro dia".

Essa revelação abrupta causa em Pedro violento choque emocional e, temperamental como sempre, parece-lhe que tudo vai realizar-se ali mesmo, naquele momento, diante de todos. Então, extrovertido e generoso "corre a protegê-Lo" (sentido literal de proslabómenos, particípio presente ativo de proslambánomai).


Parece que o vemos, com gestos largos, quase interpondo-se entre Jesus e a estrada de Jerusal ém, a bradar vermelho:

—Deus te ajude, Senhor! De modo algum te acontecerá isso!

A fórmula grega aqui usada, hileôs soi (proveniente de hílaos, "alegre", donde vêm nossos vocábulos" hílare" e "hilaridade"), omitia sempre o nome de Deus, traduzindo-se literalmente: "favoravelmente a ti", e correspondendo às nossas expressões correntes "Deus te ajude", "Deus te favoreça" ou "boa sorte".


O amor humano de Pedro não pode compreender nem aceitar que o seu Rabbi, tão jovem e tão bom, tivesse fim tão trágico: bastar-lhe-ia não mais ir a Jerusalém! Mas o Mestre, virando-se e fixando seus olhos límpidos e expressivos, repreende-o em termos severos, com as mesmas palavras que usara ao repelir a "terceira tentação" (veja vol. 1):

—Vai para trás de mim, adversário!

"Adversário", em grego satanã (transcrição do hebraico satan), porque, tal como da outra vez, havia manifesta oposição à missão messiânica que Ele viera cumprir, pretendendo-se incutir-Lhe a vaidade, o orgulho e a ambição, caminhos opostos à humildade, à renúncia e à submissão necessárias para levar a termo o auto-sacrifício por amor.

Logo depois é dada explicação do motivo por que o chama de adversário. Quase num jogo de imagens, ao mesmo a quem chamara "a pedra" (Pedro), diz, agora, ser "pedra de tropeço", pois pretende fazê-Lo tropeçar e cair no caminho da evolução. Aqui o sentido literal de skándalon pode ser dado em toda a sua plenitude.

Mas a explicação prossegue com profundo sentido didático: o discípulo precisa compreender totalmente as razões de uma repreensão: "não pensas (ou phroneís) nas coisas de Deus, mas nas dos homens", isto é, olhas tudo do ângulo material e humano, e não do espiritual e divino.

Lucas limita-se a transcrever o aviso que Jesus deu do que O aguardava, sem aduzir o incidente do protesto de Pedro.

O episódio traz-nos ensinamentos que nos alertam contra a prudência (phrónis) típica da personagem encarcerada na carne.

Logo após o Encontro Místico e o reconhecimento do Cristo Interno por parte do intelecto que se rende à evidência; logo após a felicidade inaudita da nova conquista, a criatura é alertada para os passos inevitáveis que ainda terá que dar, antes de atingir as alturas da libertação definitiva da descida à matéria, ao pólo negativo, ao Antissistema.

Aqui, temos que fazer ligeira digressão, para fazer-nos entender.


A evolução, como toda subida, supõe as dores produzidas pelo esforço. Essa estrada dolorosa que leva aos cumes do Espírito, é geralmente denominada "iniciação", e consiste basicamente em sete passos bem definidos, que tem recebido várias designações metafóricas (citemos a título de exemplo," os sete vales" do sufi

"Attar; os "sete castelos da alma" de Teresa de Ávila: "a montanha dos sete patamares" de Thomas Menton, etc.) .

Todas essas etapas estão bem estabelecidas na vida física de Jesus" que é o modelo e exemplo do que a todos nós deverá ocorrer para o nascimento do "homem novo" ou "Filho do Homem", isto é, a vida plena da individualidade.

Quando o Espírito já percorreu a maior parte da estrada evolutiva, e já se encontra maduro para dar o salto definitivo para a individualidade; ou seja, quando já atingiu a liberação total dos carmas negativos, tendo inclusive adquirido a sabedoria (desenvolvimento pleno das sensações, que foram superadas; das emoções, que foram dominadas e vencidas; e do intelecto, que foi iluminado, estando apto a mergulhar e dissolver-se na mente), então a "iniciação" realizada no planeta Terra chega ao ponto de poder despojar definitivamente o Espírito das personalidades ou personagens transitórias, libertando-o da "roda das encarnações" (gilgul, samsara, kyklos ananke), ou seja, do ciclo de "Filho da mulher", passando-o a "Filho do Homem"; e se os passos forem perfeita e completamente realizados, terminará a experiência como "Filho de Deus".


Dissemos que as etapas foram todas vencidas por Jesus. Por exemplo:
1. ª - o NASCIMENTO na carne, como última entrada num corpo físico, passagem indispensável à evolução, que só pode realizar-se na carne (cfr. Allan Kardec, "Livro dos Espíritos", resposta n. º175a: se permanecesse na condição de espírito, a criatura "estacionaria"; e resposta 230: na erraticidade o espírito "pode melhorar-se muito", mas "na carne é que põe em prática as ideias que adquiriu". Também a "iniciação aos mistérios" só pode realizar-se na carne, quando se realizar o MERGULHO nas águas do coração, matando-se o "homem velho", para renascer o "homem novo". Uma vez conseguido isso, é mister que seja obtida outra etapa:

2. ª - a CONFIRMAÇÃO, quando desce "a graça", resposta divina ao esforço humano, o que ocorreu com Jesus no momento exato em que foi dado o mergulho, quando se fez ouvir a voz: "este é meu filho bem-amado".


3. ª - as TENTAÇÕES, que representam a metánoia, ou modificação total da mentalidade, e que terão que ser vencidas com vitória absoluta, contra a atração dos três maiores vícios da personagem divisionista: vaidade, orgulho, ambição. Também estas só são consideradas superadas, quando se obtém a "manifestação" do Alto na outra etapa: 4. ª - a TRANSFIGURAÇÃO, que é a sublimação do corpo físico, após a vitória sobre os vícios, pela elevação das vibrações, purificando definitivamente a carne pelo contato com a divindade, obtendo se, então, a "manifestação" (epiphania) das Forças Espirituais. Novamente aparece a frase: "este é meu filho bem-amado, ouvi-o". 5. ª - a UNIÃO total com o Cristo Interno e, por seu intermédio, com o PAI, num matrimônio místico, coisa que ocorreu na chamada Última CEIA, quando Jesus revelou o grande segredo, o mistério máximo de sua doutrina, depois do que pode declarar: "Eu e o Pai somos UM" (JO 10:30).


6. ª - a conquista do grau de SACERDOTE, que precisa ser precedido por uma "experiência" mística vivida, com o sofrimento voluntário da DOR-AMOR (1), que consegue a redenção total do passado, e que Jesus viveu na CRUCIFICAÇÃO, obtendo a consagração na RESSURREIÇÃO, com a definitiva vitória sobre a matéria. (1) A palavra portuguesa "paixão" vem do latim passione(m), (verbo patior) muito semelhante ao grego páthos (verbo patheín). O sentido de patheín é realmente "experimentar" ou "sofrer uma experiência". Empregava-se esse verbo no sentido de que os "iniciados" teriam que "experimentar" ao vivo os ensinamentos aprendidos, conforme, aliás, consta de um fragmento de Aristóteles (em "Sinésio", Dion 10): "O místico deve não apenas aprender (mathein) mas experimentar (patheín)". Na interpretação iniciática consistiu exatamente nisso a "paixão" de Jesus. 7. ª - a ASCENSÃO, que exprime a passagem ao plano mental (o plano próprio do ser que conquistou a plenitude do estado hominal) com a final destruição da personalidade, eliminando-se, de todo, as sensações do etérico, as emoções do astral e o raciocínio do intelecto, e permanecendo apenas o sentimento e o conhecimento intuitivo e global, a sabedoria experimental (ou gnose).

Nesse ponto ("na etapa final", ver vol.
3) o ser conquistou o estado espiritual, tendo vencido a morte e subjugado o "inferno" (a inferioridade personalística), tornando-se Filho de Deus nas esferas evolutivas ou "celestiais".

A cada encarnação em que a criatura repete esse ciclo iniciático, ascende mais um passo. Daí haver diversos planos de iniciação: iluminados, iniciados, adeptos, mestres, hierofantes... Jesus, evidentemente, estava no último grau da última iniciação terrena.

Voltando ao nosso tema, observamos que a criatura é alertada quanto aos passos dolorosos por que terá que passar. Embora tendo o intelecto reconhecido o Cristo Interno em seu contato íntimo, ainda não está totalmente preparado e assusta-se diante dos transes aflitivos que sobrevirão à personagem humana, antes de galgar o supremo degrau que lhe dará o adeptado no planeta de provas que é a Terra.

Assusta-se e procura esquivar-se. Realmente, nesse ponto muitos recuam; alguns poucos chegam ao 2. º passo; raros ao 3. º; em menor número ainda ao 4. º, e raríssimos seguem daí por diante. No entanto, TODOS, no dizer de Paulo (EF 4:13) teremos que atingir a "plenitude da evolução de Jesus, o Cristo".

Diante, pois, do medo manifestado, o Cristo assinala que o intelecto ainda é o adversário, o antagonista do Espírito. Com seus cálculos egoístas, o intelecto personalista se apega aos bens terrenos. O Cristo o sacode, demonstrando-lhe e ordenando-lhe que fique atrás do Espírito: "vai para trás de mim". Coloca-o no lugar justo, submetido ao Espírito, e não querendo impedir-lhe a caminhada.

E esclarece (o intelecto é curioso...) a razão disso: ele só pensa nas coisas humanas, terrenas, materiais ou intelectuais, ao invés de preocupar-se com os problemas do Espírito, com as coisas de Deus.

Enquanto a criatura não modificar sua mente (a palavra usada nos Evangelhos para exprimir isso é metánoia) colocando acima das coisas terrenas as espirituais, não estará apto a submeter-se às provas, não terá ainda iniciado a subida evolutiva.

Como vemos, dizer-se "iniciado", sem ter passado por essas provas, exprime arrojo inaudito. Aliás, só o fato de alguém dizer-se iniciado, demonstra que não o é; porque o verdadeiro iniciado jamais o diz: limita-se a revelá-lo por seus atos, por seu comportamento, por sua irradiação espiritual. Quem estiver à altura de compreendê-lo, o saberá ao primeiro contato. Desconfiemos de todos as que precisam dizer que o são, para serem reconhecidos...

Mas o próprio Mestre, no próximo capítulo, desenvolverá melhor esse tema.




Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 12.
Para visualizar o capítulo 12 completo, clique no botão abaixo:

Ver 12 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?

Veja mais em...

Mateus 16:21

Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.

mt 16:21
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Mateus 16:22

E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso.

mt 16:22
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Mateus 16:23

Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.

mt 16:23
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Marcos 8:31

E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria.

mc 8:31
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Marcos 8:32

E dizia abertamente estas palavras. E Pedro o tomou à parte, e começou a repreendê-lo.

mc 8:32
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Marcos 8:33

Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens.

mc 8:33
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Isaías 52:13

Eis que o meu servo operará com prudência: será engrandecido, e elevado, e mui sublime.

is 52:13
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Isaías 52:14

Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens.

is 52:14
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Isaías 52:15

Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão.

is 52:15
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Oséias 6:3

Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor: como a alva será a sua saída: e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.

os 6:3
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa


Efésios 4:13

Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.

ef 4:13
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa