Sabedoria do Evangelho - Volume 5

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CAPÍTULO 17

CEGO DE NASCENÇA

JO 9:1-41


1. E passando (Jesus) viu um homem cego de nascença.

2. Perguntaram-lhe seus discípulos, dizendo: "Rabbi, quem errou, ele ou seus pais; para que nascesse cego?

3. Respondeu Jesus: "Nem ele errou; nem seus pais, mas para que se manifeste nele a ação de Deus;

4. nós devemos executar as ações de quem me enviou enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode agir;

5. cada vez que eu esteja no mundo, sou a luz do mundo".

6. Dizendo isso, cuspiu no chão e fez lama com o cuspo e ungiu sua lama sobre os olhos (do cego) e disse-lhe:

7. ‘Vai levar-te na piscina de Siloé (que significa Enviado). Ele foi, pois, lavou-se e regressou vendo.

8. Então os vizinhos e os que costumavam vê-lo antes, porque era mendigo, diziam: "Não é esse o que se sentava e mendigava"?

9. Uns dizem: "É ele mesmo"; outros diziam: "Não é, mas é parecido com ele"; ele mesmo dizia: sou eu".

10. Perguntavam-lhe então: ‘Como te foram abertos os olhos’? ..... ..... ..... ...

11. Respondeu ele "O homem chamado Jesus fez lama, ungiu-ma sobre os olhos e disseme: vai a Siloé e lava-te; então fui, lavei-me e vi".

12. Perguntaram-lhe: "Onde está ele"? Respondeu: "Não sei".

13. Levaram o ex-cego aos fariseus.

14. Ora, era Sábado o dia em que Jesus fez lama e lhe abriu os olhos.

15. De novo, então, os fariseus perguntaram-lhe como via. Respondeu-lhes ele: "Ungiume lama sobre meus olhos, lavei-me e vejo".

16. Diziam, pois, alguns dos fariseus: "Este homem não é de Deus, porque não observa o Sábado" . Outros porém diziam: "Como pode um homem errado fazer semelhantes sinais"? E havia divergência entre eles.

17. Disseram, então, ao cego de novo: "Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos"? Ele respondeu: "Que é profeta".

18. Mas os judeus não acreditam, a respeito dele, que fora cego e via, até que chamaram os pais do que recebera a vista,

19. e os interrogaram dizendo: É este vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora"?

20. Responderam seus pais e disseram: "Sabemos que este é nosso filho o nasceu cego;

21. ma como agora vê, não sabemos; ou quem lhe abriu as olhos, não Sabemos: interrogaio, já tem idade, ele mesmo falará a seu respeito"

22. Isso disseram seus pais, porque temiam os judeus, porque os judeus já haviam combinado que se alguém confirmasse o Cristo, seria expulso da sinagoga.

23. Por isso disseram seus pais: "Já tem idade, interrogai-o".

24. Chamaram, pois, pela Segunda vez o homem que fora cego e disseram-lhe: "Dá glória a Deus: nós sabemos que esse homem é errado".

25. Ele respondeu: "Se é errado, não sei; uma coisa sei: eu era cego e agora vejo".

26. Disseram-lhe, pois: "Que te fez? Como te abriu os olhos"?

27. Respondeu-lhes: "Já vo-lo disse e não ouvistes; por que quereis ouvir de novo? Acaso também vós quereis ser seus discípulos"?

28. Injuriaram-no e disseram: "Tu és discípulo dele; nós somos é discípulos de Moisés;

29. sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos donde é".

30. Respondeu o homem e disse-lhes: "Nisto está o admirável, que não saibais donde ele é, e (no entanto) ele me abriu os olhos.

31. Sabemos que Deus não ouve os errados, mas se alguém for reverente (a Deus) fizer a vontade dele, a este ouve.

32. Desde séculos não se ouviu que abrisse os olhos a um cego de nascença.

33. Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada".

34. Replicaram eles e disseram-lhe: "Tu nasceste todo em erros e nos ensinas"? E o lançaram fora.

35. Ouviu Jesus que o lançaram fora e, encontrando-o, disse-lhe: "Crês no Filho do Homem"?

36. Respondeu ele e disse: "Quem é, Senhor, para que eu creia nele"?

37. Disse-lhe Jesus: "Já o viste e é ele quem fala contigo".

38. E ele disse: "Creio, Senhor", e prostrou-se diante dele.

39. E disse Jesus: "Para um arbitramento vim a este mundo, para que os que não vêem, vejam, e os que vêem se tornem cegos".

40. Ouvindo isto, (alguns) dos fariseus que estavam com ele disseram-lhe: "Acaso somos nós também cegos"?

41. Disse-lhes Jesus: "Se fosseis cegos, não teríeis erro; mas agora dizeis: nós vemos; vosso erro permanece".



O discípulo amado soube dispor a ordem de sua narrativa de tal forma que logo após a revelação da teimosia dos "judeus" que NÃO QUERIAM 5ER, ele apresenta um fato (verdadeiro símbolo, que estudaremos a seguir) demonstrando a razão de ser de os judeus não crerem.

Certos hermeneutas acham que este fato não se seguiu ao tumulto no templo: "é inadmissível que Jesus se tenha mostrado à luz do dia imediatamente após a tentativa de assassinato a que escapara, antes que a efervescência da multidão inimiga se tivesse acalmado" (Pirot, o. c., vol. 10, página 389). É não conhecer a psicologia de um "líder", julgando-o pela craveira comum dos mortais medrosos. Ao contrário, entendemos que as palavras de João salientam precisamente a sequência imediata dos fatos. Jesu "se esconde e sai do templo" e, ao sair da cidade com seus discípulos pela porta de Siloé, "passando, vê o cego de nascença", e faz questão de curá-lo, mesmo sem ser solicitado para dar uma demonstração irrecusável das verdades que havia proclamado. Assim como se dissesse: "Não acreditam em minhas palavras? pois vejam os fatos".

Esse cego - sabemo-lo pelo desenrolar dos acontecimentos - era figura conhecida pela longa permanência naquela "porta de Siloé", pois aí o viam todos diariamente a esmolar e lhe conheciam a história.

Os próprios discípulos galileus, que só raramente iam a Jerusalém, também tinham ciência disso, e aproveitam a oportunidade para provocar uma explicação de teorias, cuja certeza não haviam adquirido.

Nem pensam na cura, que também a eles devia figurar-se "impossível". Mas os doutos explicavam que as enfermidades constituíam o resgate (castigo) de crimes cometido anteriormente. No entanto, as Escrituras manifestavam-se dúbias e confusas em sua interpretação literal.

Em Êxodo (20:5 e 34:7), em Números (Números 14:18) e no Deuteronômio (Deuteronômio 5:9) afirma-se que Deus "visitará a iniquidade dos pais nos filhos sobre os terceiro e quartos", o que era explicado literalmente que os filhos "pagam" pelos pais. Todavia, no próprio Deuteronômio (Deuteronômio 24:16) está escrito: "não se farão morrer os pais pelos filhos nem os filhos pelos pais: cada homem será morto pelos seus erros". Essa mesma teoria da responsabilidade pessoal (Veja citações completos em "La Reencarnación en el Antigua Testamento", de C. Torres Pastorino, pág. 32 - Edições Sabedoria) é citada e reafirmada em Deuteronômio 7:9-3, em Ezequiel (18:1-32 e 33:20), em Job (34-11) nos Salmos (Salmos 28:4), nos Provérbios (12:14 e 29), em Isaías (Isaías 3:11), em Jeremias 31:29-3, nas Lamentações (3:
64) e no Eclesiástico (16:15).

A qual das duas opiniões ater-se ? Serão castigados os filhos pelos erros dos pais? Ou o resgate dos erros é pedido exclusivamente ao que errou? Ali estava um caso típico, um cego de nascenças: "Quem errou, para que este nascesse cego: ele mesmo ou seus pais"?

Lógico que na segunda hipótese apresentada, de estar cego por causa dos erros dos pais, a teoria do resgate dos filhos por culpas dos pais seria confirmada. Mas na primeira hipótese de ele mesmo haver errado, se confirmaria a teoria da responsabilidade pessoal, segundo o ensinamento das vidas terrenas múltiplas (reencarnação), já que o homem nascera cego; logo, só poderia ter cometido o erro em vida anterior. A segurança da pergunta é sinal evidente de que os discípulos não colocaram a menor dúvida a respeito da lei comprovada da reencarnação. E o Mestre não os corrige: ao contrário, confirma-lhes a certeza, quando responde: "ele mesmo não errou". Logo, viveu antes, sim mas a cegueira atual não é o resgate de erros seus de vidas anteriores, não é cármica. Mas também não é o resgate de culpa dos pais.

A ideia de que todo e qualquer sofrimento era "castigo" estava generalizada nos povos antigos, e Plantão mesmo cita a comparação órfica de que o corpo "soma" é uma sepultura ou cárcere (sêma) ou isolamento (phrousão) que a alma recebe como punição de seus erros anteriores, após ficar "errando cá e lá no espaço", quando não agiu bem durante a vida (cfr. Filolau, fragm. 15 D, e Plantão, Crátilo, 40 a; Górgias, 493 a; e Fedon, 62 b).

Diante da pergunta dos discípulos, o Mestre explica que não é assim baseando-se num caso concreto, que tem diante de si. A frase citada por João, embora resumida e esquemática, deixa clara a lição para quem já tenha compreendido a mecânica evolutiva. Afirma Jesus que não houve erro, nem dele próprio em vida anterior, nem de seus pais, ou seja, que a cegueira não é cármica, mas simplesmente uma experimentação ou provação (pathós) que serve de acicate para provocar avanço mais rápido daquela criatura, verdadeiro "aguilhão evolutivo".

O ensino é límpido: nasceu assim cego "para que nele se manifestasse a ação (érga) de Deus", ou seja, para que se faça sentir o impulso divino, que o constrange a evoluir. Não se trata, portanto, de resgate cármico, mas de provação, tanto que veremos como o ex-cego reagiu corajosa e ousadamente contra as autoridades, com o destemor próprio da criatura evoluída, que não se submete a mentiras e injustiças.

A interpretação corrente, de que "nasceu cego" só para que Jesus pudesse operar um "milagre", é de inconcebível fragilidade e irracional. Tantos meios haveria de realizar prodígios, que seria absurdo e monstruoso ter que sacrificar durante anos um filho de Deus, na cegueira, só para ser curado sem alarde, como o foi a posteriori, tendo sido posto em dúvida o fato, porque não foi público. Essa suposição de um Deus que não sabe fazer as coisas certas fere a racionalidade equilibrada de quem tenha um pouco de bom-senso. Qual o pai que deixaria um filho preso durante anos num cubículo sem luz, unicamente para que mais tarde viesse outro filho seu e mostrasse à humanidade que tinha a chave para abrir o cubículo e trazê-lo à luz? Por que supor sempre uma Divindade tão inferior as suas próprias criaturas?

Mas prossigamos na análise do texto.

No vers. 4, preferimos: "Nós devemos executar" (aleph, B, D, L, T, W, Z, lambda, psi, papiros 66:75, uncial 0124, mss. da siríaca palestiniana, etiópica e copta bohaírica, e Orígenes, Jerônimo, Cirilo de Alexandria e Nonio, a "EU devo executar" (A, C, K, X, delta, theta, pi, psi, fam 1:13, vários minúsculos, versões siríacas e latinas). No entanto, é preferível "ME enviou" (os mesmos testemunhos citados testemunhos citados acima, em primeiro lugar, exceto aleph, L e W) a "NOS enviou" (trazido por papiros 66:75, aleph, L, W, e os testemunhos da segunda citação). A lição foi manuseada pela dificuldade de concordar o plural "Nós", com o singular "me".

Nesse versículo aprendemos que a ação (érba) divina precisa manifestar-se e realizar-se através dos próprios homens, e isso só pode fazer-se "enquanto é dia", ou seja, quando a luz do Cristo nos possibilita a visão dos acontecimentos; se sobrevierem as trevas das perseguições, e entenebrecimento da Mente, a noite da alma que só vê a matéria, não se pode mais agir (as ações divinas).

O vers. 5 é iniciado com hótan, composto de hóte, "quando" e partícula an, que exprime eventualidade e repetição, devendo, então traduzir-se hótan por "cada vez que" ou "todas as vezes que" (latim: totiens) (Cfr. Liddell and Scott. "Greek-Ellglish Lexicon, 1086, ad verbum). Daí a tradução que demos, divergente das comuns: "cada vez que (todas as vezes, que) eu esteja no mundo, sou a luz do mundo".

Isso faz-nos perceber, irrecusavelmente, que aquela vez, narrada nos Evangelhos, não foi a única vez que Jesus esteve encarnado neste planeta.

Jesus utiliza-se novamente da saliva (cfr. vol. 4), com que faz lama, misturando-a à terra do chão, e com ela bezunta os olhos natimortos do cego: e envia-o a lavar-se na piscina de Siloé.

O nome hebraico tradicional é Siloáh: os massoretas marcaram a pronúncia Seláh; o grego transcreveu Siloám e significa "envio" (de águas). Era aplicado à fonte natural intermitente, única existente dentro da cidade de Jerusalém (cfr. Flávio Josefo, Bell. JD 5:41-6, 1; 9, 4 e 12, 2; Tácito, Hist. 5, 12). Daí ser dita "a" fonte. Mas aplicava-se também ao canal, construído por Ezequias (cfr. 2CR. 32:
30) que desviou as águas do rio Gihon, cavando subterraneamente na rocha um canal retilíneo de 550 m de extensão por baixo da cidade, até fazê-lo desembocar a oeste de Jerusalém, onde se construíra a "piscina do rei" (EDr. 3:15); mas o nome Siloé também se aplicou a essa piscina balneária (kolybêthra, vol. 3). À época de Jesus, tinha 22 m de norte a sul, 23 m de leste a oeste, e 5. 5 m de profundidade.


Hoje ainda existe, com 15 m por 5 m de largura e igual profundidade, com o nome de birkét Silôân, sendo ainda chamada "Ain Umm ed-Deradj (fonte dos degraus) ou

"Ain Sitti-Mariam (Fonte de Maria).

O nome Siloé estendera-se à porta da cidade e à região, e parece claro que foi nessa porta que Jesus viu o cego mandando-o à piscina, que lhe devia ser bem conhecida e ficava próxima ao local em que se achava. Tratando-se de uma piscina balneária, nada impedia que o cego cumprisse a determinação de Jesus e mergulhasse. "Lava-te", disse Jesus, e não apenas "lava teus olhos". E após mergulhar, verificou com assombro que conquistara a visão.

O regozijo e o espanto fizeram que a nova se espalhasse. Os vizinhos - deve ter corrido para casa a fim de participara boa-nova aos seus - não queriam acreditar no que viam. É ele, não é ele, levantava-se a discussão, tão estranha era a ocorrência. Foram ao cego, amontoados à porta de sua casa: "és tu"? - "Sou eu"! - "É ele"! Diante do fato incontestável, convenceram-se.

Como foi? O cego narra o ocorrido em palavras simples, embora se sinta, na sequência singela, um toque de emoção: lama nos olhos... vai lavar-te... fui... lavei-me... vi! O choque dos vizinhos amigos e parentes foi tão violento pelo inesperado, que agarraram o homem e deliberaram levá-lo aos chefes da religião, aos fariseus todo-poderosos. Nem quiseram esperar pelo dia seguinte. Foram no próprio sábado em que se deu o fenômeno inexplicável e nunca ouvido.

E subiram todos eles em bloco as escadarias do templo, levando de roldão o ex-cego, que não cabia em si de alegria por ver as maravilhas do sol a bailar sobre o outro brilhante e sobre o mármore branco do monumento erguido a YHWH. Queriam levar consigo, também, o herói, o curador, mas onde estaria esse Jesus? A resposta foi desconcertante: "Não sei"!

Os cépticos fariseus duvidaram. Começou o inquérito prudente, iniciado pela pergunta como foi. Nova repetição do beneficiado. Surge, então. a questão do quando, e a resposta de que fora naquele mesmo sábado fez explodir incontroláveis os preconceitos humanos, procurando abafar o maravilhoso do ato: esse homem não é de Deus, pois se o fora, teria respeitado o Sábado, obedecendo aos fariseus e a suas exigências, como, no entender deles, o próprio Deus o fazia. Para os religiosos desse tipo de religiões organizadas Deus não pode sair da linha de conduta que eles traçam: está sujeito a eles, como pequena e dútil marionete que eles manobram à vontade.

Mas entre eles, havia alguns não fanatizados, que chegaram a aventar a hipótese arriscada, de que não seria possível a uma pessoa que errasse fora dos caminhos de Deus, a realização de uma cura espetacular: era um cego de nascença. A discussão afervorou-se entre eles, sob os olhares atônitos do excego.

Resolveram pedir a opinião dele. E ele foi franco e intimorato: é um profeta.

Desconfiaram, então, os julgadores mais severos, que se tratava de uma farsa: naturalmente estava tudo combinado. Ele se dizia cego de nascença e curado, mas não era verdade. Onde estavam seus pais? Estes o reconheceriam, e não teriam coragem de mentir... Talvez saindo do meio da pequena multidão que o acompanhara, apresentaram-se logo. Sim. Aquele era o filho deles não havia dúvida, e realmente nascera cego. Que acontecera, então? Bem, perguntem a ele, tem idade suficiente... Que responda. Acovardaram-se, com medo de serem excomungados. Era comum, àquela época, (como ainda hoje, em muitas corporações religiosas) em três graus: a excomunhão vitalícia (herem) que chegava à confiscação dos bens; a expulsão da sinagoga por trinta dias (niddui) que obrigava ao luto e a deixar crescer barca e cabelos: e a separação por uma semana (nezipha), menos grave.

O texto original grego diz homologêsêi christón, literalmente, "falasse igual ao Cristo", ou "fosse igual ao Cristo", (de homo = igual e logêô = falo); algumas traduções vulgares seguem o códice D, único que dá "confessasse ser ele o Cristo"; outras trazem: "ser Jesus o Cristo". Mas não é isso o que diz o original. Exprime uma ideia de "iniciados", que os profanos não conheciam e por isso não podiam compreender: se alguém falasse ou fosse igual, se igualasse, ou mesmo, em última instância "confirmasse", no sentido de "aceitasse" ou "sintonizasse" com o Cristo.

Passam as autoridades, então, a sugestionar o ex-cego: se a cura foi feita num sábado. indiscutivelmente "esse homem é um errado" (1), está "fora do caminho certo. Mas o benefício não se enreda na armadilha": bom ou mau, não sei: sei que era cego e agora vejo! É o fato que derruba qualquer argumento teórico, filosófico ou teológico.

(1) Evitamos, na tradução, os termos que variaram no semântico, o fim de não dar ideias errôneas e anacrônicas do que foi dito. Assim, hamartía é o "erro" e Pramartolos, o errado, o que perdeu o caminho.

Não dizemos "pecado", nem "pecador", pois estas palavras assumiram o significado específico de "ofensa a Deus", como se a Divindade fosse uma criatura mutável que pudesse ofender-se, zangarse com os homens, e depois, perdoasse, quando estes se arrependessem. No sentido iniciático, hamartolós é o "profano", o "que está ainda no caminho errado".

Tentam, agora, pegá-lo em contradição: "como foi mesmo"? O homem já estava cansado e apela para a ironia: contar outra vez? Já disse como foi. Ou quererão tornar-se seus discípulos? A ironia fere como uma chicotada e faltos de argumentos, recorrem à injúria. Ainda se envaidecem de ser discípulos de Moisés, mas "esse" de onde vem? O carpinteiro não possuía as credenciais, os títulos, a submissão a eles. Valores e fatos de nada adiantavam, sem que tivessem "reconhecido a firma". A ironia continua, com laivos de sarcasmo: "não sabeis donde é, coisa estranha, mas ele me abriu os olhos" ... O descontrole chega ao máximo: "nasceste todo em pecados, e pretendes ensinar-nos"? O que confirma oficialmente a tese de que a doença, sobretudo a de nascença, é resgate cármico; e indiretamente confirma, sem dúvida, o conhecimento da lei da reencarnação por parte do Sinédrio. E acabam expulsando-o do templo. Tratava-se de uma testemunha incômoda cuja presença atestava a impotência deles sobre aquele carpinteiro e os deixava perplexos e sem saída.


O ex-cego demonstrara seu destemor e se comportara varonilmente diante do perigo. Jesus o procura para recorfortá-lo. A alegria da cura fora diminuída pela decepção diante de homens que ele, talvez, esperava, em sua ingenuidade simples, ergueriam hosanas a YHWH pela maravilha que ocorrera em Israel, onde nunca se ouvira dizer que um cego de nascença recuperara a visão". Jesus o procura e o encontra. "Crês no Filho do Homem"? Atônito, ele pergunta: "Quem é ele"? E Jesus, tal como o fizera com a samaritana, se revela a ele.

A expressão "Filho do Homem aparece em pap. 66 e 75, aleph, B, D, W, versões sahídica, achimimiana, faiúmica, boaírica (mss) e siríaca sinaítica; copta; é mais segura que "Filho de Deus", evidente emenda posterior de A, K, L, X, delta, theta, psi, omega, alguns minúsculos e das versões latinas.

Diante do novo iluminado, declara Jesus ter vindo para um arbitramento (krima) a fim de que os cegos vejam e os videntes se tornem cegos. É a afirmação clara de que o fato deve ser interpretado como alegoria ou símbolo.

Alguns fariseus que se achavam presentes quiseram saber imprudentemente (a verdade ofusca e cega) se acaso eles (fariseus) eram cegos. A resposta de Jesus é sábia: se fossem realmente cegos, e nada conhecessem, a respeito da verdade, não haveria erro da parte deles; mas eles mesmos se diziam sábios, competentes, que viam, e nisso consistia a erro que permanecia neles.

A explicação teórica da lição anterior deve ter sido completa, levando a verdadeira LUZ a alguns dos Espíritos de discípulos ali presentes, adiantando-os na senda. Mas talvez em alguns deles tenha havido maior dificuldade de compreensão. Como agir diante do mundo, depois de iluminados? O ideal não seria revelar tudo isso aos chefes religiosos? Que maravilha se as maiores autoridades das religiões conseguissem VER o que ocorria àqueles que recebiam a iluminação interior! Como progrediria a humanidade se os dirigentes da religião oficial comprovassem a Realidade do Espírito! A humanidade poderia rapidamente modificar-se. Eles mesmos abandonariam o egoísmo ambicioso, para viverem a doação de si mesmos aos desamparados. Perceberiam a vaidade e falácia das coisas da terra e subiriam aos píncaros da espiritualidade, seriam "iluminados".

O Mestre ouviu, embaraçado por não querer desiludi-los, a explosão da esperança em seus corações.

E resolveu dar-lhes um exemplo vivo. Nada melhor que um cego de nascença, para servir à alegoria, demonstrando que nem sequer a iluminação física seria reconhecida, quanto mais a espiritual que se oculta no fundo d’alma.

A demonstração prática foi completa, revelando a dificuldade de uma criatura obter a iluminação interior e o Encontro Sublime, se para isso não está preparada evolutivamente.

Procuremos analisar cada linha e cada entrelinha da narrativa de João e do fato que foi realizado bem a propósito, como exemplificação do que é "ser a luz do mundo". Observamos anteriormente (cfr. vol.
3) que o Mestre agia primeiro para explicar depois. Aqui a ordem foi invertida.

O evangelista, bem imbuído do ensino aprendido em sua vivência, soube ocultar em suas palavras, com rara sabedoria, tudo o que foi dito aos discípulos de boca a ouvido, e que não deveria ser divulgado naquele momento da História. Só muito mais tarde poderia ser publicado, quando a humanidade fosse abrindo os olhos de ver, os ouvidos e ouvir e sobretudo o coração de entender.

A lição parece ter sido provocada pelos próprios discípulos, ávidos de conhecimento mais profundo do ensino místico do Cristo.

Já vimos que a primeira parte se refere às causas das doenças. Nem todas constituem resgates cármicos de ações de vidas anteriores: algumas há que são "aguilhão evolutivo". Os termos registrados pelo narrador resumem a lição em algumas linhas, onde só o essencial é dado a lume, para que os profanos não penetrassem o significado total, mais tarde, viria a inspiração para que se revelassem um pouco mais do teor da lição. Mas a palavra érga, "ação", levanta a pista. Estando Deus dentro de todos e de tudo, a ação divina se manifesta de dentro para fora.

No entanto, a este segue-se logo outro ensino de capital importância. Fala o Cristo Interno a Seus discípulos: "Nós devemos executar as ações de Quem Me enviou". A Centelha crística é enviada ou projetada pelo Pai (SOM) e se reveste de forma e veículo físicos para, de dentro, fazer evoluir o Espírito que dela se individou. O processo é conhecido, não precisamos repeti-lo. No homem, a Centelha continua seu trabalho de impulsionar à evolução. Mas o grosso da humanidade não alcançou ainda o contato e a comunicação direta com a Centelha, pois nem sequer atingiu o conhecimento intelectual desse fato. A Seus discípulos, já iluminados, o Cristo afirma que a verdadeira evolução é proveniente dessa ação divina interna, e que ela só pode efetivar-se "enquanto é dia", pois vem a noite quando ninguém pode agir. Parece enigmático o resumo que João faz do ensino.

Mas, sentindo isso, ele apressou-se a acilitar a explicação: "cada vez que eu esteja no mundo, sou a luz da mundo", isto é, todas as vezes que me manifesto no coração da criatura, ilumino-a, tornando-a dia (LUZ) para que ela tenha claro seu caminho.

Segundo o Prof. José Oiticica o termo "mundo", exprime os veículos físicos. Logo conforme escreve ("Os Sete eu sou", 1958, pág. 7), o significado da frase é: "O Cristo encerrado nos veículos físicos da manifestação é a luz desses veículos".

Mas enquanto o Cristo se mantém "adormecido no fundo do barco" (MT 8:24, MC 4:38, LC 8:23) levantam-se as tempestades nas trevas da noite do Espírito e ele não pode agir, não consegue dar os passos evolutivos (ergázesthai = evoluir), porque perde o rumo certo, desvia-se da rota, "erra" (hamartânô) o caminho.

Passa então ao ensino prático, de ação física, reveladora do processo espiritual. Começa mostrando que o Cristo Cósmico lança de Si uma Centelha ("cospe no chão",) a qual se mistura com os elementos materiais (terra), formando um corpo físico (lama) cuja VIDA é a Centelha (cuspo). Estando esta oculta num corpo, enquanto assim se mantiver, a criatura é cega de nascença; mas quando essa criatura receber o impacto no intelecto (olhos) poderá reaver a visão. Para isso, é mister cristificar (o verbo grego usado aqui é epichríô, composto de chríô, ungir, cujo particípio passado é christós) o cérebro (visão). Maravilhosa lição contida numa pequena palavra! Por isso, unge (cristifica) os olhos do cego de nascença (de quem se acha na ignorância completa) e manda-o "lavar-se na piscina de Siloé", ou seja, manda que mergulhe (batismo) nas águas (na interpretação alegórica da doutrina) da Enviado (isto é, do Cristo, o Enviado do Pai).

Haverá lição mais clara e explícita para indicar-nos o caminho certo do Encontro com o Cristo Interno?

O cego é dito "de nascença" porque só nascera como ser humano "de baixo", e jamais conhecera a luz do alto (José de Oiticica, o. c., pág. G). Podemos, também, interpretar como um ensino o cuspir na terra: só através da encarnação, do mergulho da essência crítica na matéria e especialmente depois que se lavou, mergulhando nos ensinos alegóricos (não os literais) do Enviado do Pai, é que o Espírito pode evoluir.

Quando isso ocorre com uma criatura, a modificação é tão radical e profunda, que todos os "vizinhos" (sejam células, órgãos, veículos físicos, ou pessoas externas) chegam a duvidar se trate daquele mesmo que estavam habituado, a ver triste, sorumbático, miserável, a mendigar nas esquinas um pouco de felicidade, como tantos que vemos a correr ansiosos pelas instituições espiritualistas, mendigando luz sem obtê-la, e permanecendo cegos, desorientados, angustiados. Mas, cuidado com os equívocos: muitos há que experimentam arrebatamentos, êxtases, iluminações ou "samádhis" e acreditam que isso constitua a União definitiva. São passos decisivos para alcançá-la, mas ainda não são o final ansiado. Aqui, neste capítulo, trata-se exatamente da obtenção da União por meio da iluminação.

Verificado o resultado, vem o desejo de todos de saber como foi isso conseguido. A resposta do recémiluminado esquematiza o processo com extrema simplicidade: o homem chamado Jesus (a individualidade) fez lama (misturou a Centelha divina com a matéria, plasmou o corpo físico), ungiu-ma sobre os olhos (cristificou-me a capacidade intelectiva) e ordenou-me que me lavasse (mergulhasse) nas águas (na interpretação alegórica da doutrina) de Siloé (do Enviado do Pai, o Cristo Interno); fui (obedeci: faça-se a tua vontade), lavei-me (mergulhei no coração) e vi (encontrei-me com a Centelha divina). A concisão da frase, em sua singeleza, transmite esperançosa mensagem a todos os que lêem o sentido, e não apenas as palavras; a todos os que "sentem", e não apenas vêem as letras impressas.

Contínua o desejo de saber mais; "Onde está ele"? A resposta só podia ser a que foi dada: "Não sei".

Como saber ONDE se encontra o Infinito, ONDE se situa o Eterno, ONDE se aloja o Ilimitado? Impossível dizê-lo, porque impossível sabê-lo: está em todo lugar e em nenhum lugar, já que não se localiza no espaço: é inespacial; está sempre presente, mas sempre ausente, pois não se manifesta no tempo: é eterno e atemporal; é o grande nada; é o Absoluto em que mergulha o relativo que não pode defini-Lo nem percebê-Lo; é invisível aos nossos olhos, insensível a nossos sentidos, pois vibra em outra dimensão, só perceptível à superconsciência do Eu profundo, quando este desperta para a Realidade.

Vem a seguir uma lição para aqueles que encontram na escola da Iniciação, na "Assembleia do Caminho": a exemplificação do que sempre ocorrerá com eles em relação aos profanos. Ao descobrirem um Iniciado verdadeiro (não os que se dizem tais, mas os que realmente o são, e nunca o dizem a quem quer que seja) eles querem forçá-lo a limitar-se numa religião, a restringir-se numa seita, a filiarse a um partido, cerceando sua liberdade sob o jugo dos poderosos da Terra. E de modo geral o círculo escolhido é dos piores e mais farisaicos e anáticos que quererão obrigá-lo ao obedecer a todos os preconceitos e conveniências humanas, por mais ilógicas e absurdas.

O processo utilizado é descrito em pormenores, finalizando com a excomunhão, inevitável para que as organizações religiosas oficiais mantenham sua "autoridade" e supremacia sobre os profanos; a presença de um iluminado entre eles viria ofuscá-los diante do público, obumbrando-lhes a ignorância travestida de sabedoria. Corpo estranho que pertubaria os interesses materiais ardentemente buscados e que jamais são suficientes para aplacar-lhes a ambição.

Mas a criatura iluminada procura demonstrar com fatos, mesmo perante assembleias hostis, a verdade que experimentou, apresentando todos os testemunhos pedidos, embora, firme na sua convicção e na experiência vivida (fui cego e agora vejo) não se deixe abater nem intimidar. Já os profanos amedrontamse com as ameaças; os "judeus" (religiosos ortodoxos) podem excomungá-los.

Observemos que o verbo homologeô significa literalmente "falar igual", donde "ser igual", "ser conforme"," confirmar", "Dele se derivam o nosso "homologar". Vemos nesse verbo o sinônimo mais aproximado do nosso atual verbo "sintonizar", ou seja, vibrar na mesma tônica, expressões que àquela época não podiam ser proferidas, por serem desconhecidas as ondas elétricas e hertzianas(1).

(1) Confessamos que essa interpretação pode causar estranheza a alguns leitores, porque nós mesmos a estranhamos. Mas temos sempre procurado ser sinceros e honestos, escrevendo com toda fidelidade as ideias que chegam, algumas tão inesperadamente (como esta) que chegamos a ficar atônitos. Mas depois de recebê-la ficamos inteiramente de acordo com ela (homologêkamen), sentimo-la, houve perfeita sintonia mental. Assim também a condenação dos profanos virá fatalmente, traduzida em lutas contínuas e perseguições contra todos os que conseguirem SINTONIZAR O CRISTO. Não fosse tão nova e chocante a ideia, inclusive constituindo o termo forte anacronismo, e o teríamos colocado na própria tradução do texto evangélico, porque, a nosso ver, "sintonizar" é o verbo moderno que traduz mais perfeitamente homologéo.

Uma lição que precisa ser bem aproveitada é o final do capítulo.

Inicialmente observemos que houve uma iluminação, resultante da ação crística (atuação da "graça") e do mergulho (atuação do "livre arbítrio"). A visão lhe chegou nova (não houve "recuperação", pois era cego de nascença). Mas o Encontro não havia sido atingido, apesar da "cristificação" que lhe foi proporcionada antes do mergulho. Compreendemos, então, que essa "cristificação" foi o apelo crístico interno da "graça", num primeiro chamamento.

Como, porém, a criatura obedeceu - é o caso de dizer - cegamente, e teve a coragem moral de arrostar as autoridades sem esmorecer (inclusive o próprio intelecto perquiridor) e recebeu com humildade o castigo do mundo que o expulsou do templo externo das personalidades, aí então, e só então, o Cristo se manifesta a ele. Pergunta-lhe se crê, se pretende "ser fiel", ou seja, manter a fidelidade ao Filho do Homem (ou Filho de Deus). E a boa-vontade é total: "Quem é ele para que lhe possa ser fiel"?

O Cristo se revela (tira o véu = apokálypsai) e ele o VÊ em todo o Seu esplendor divino. E aniquilase diante dele ("prostra-se"). Lógico que tudo isso se passa no íntimo da criatura. Expulsa do templo exterior da personagem, houve outro mergulho no templo interno do coração, e aí, de fato, se dá o Encontro Sublime. Coroamento celestial de uma experiência fascinante que arrebata e transforma uma vida.

O Cristo, cada vez que se revela a este mundo - a uma criatura - produz inesquecível efeito. Mas esse efeito possui duas acetas antagônicas: os que não vêem, os que são cegos, tornam-se videntes, ilumi nados pelo Cristo. Mas aqueles que julgam ver, com a fraca luminosidade do intelecto, vaidosa e oca ("a sabedoria do mundo é estultícia diante de Deus", 1. ª Cor. 3:
19) esses tornam-se cegos. Em outras palavras, os que são humildes e, ainda que sábios, reconhecem sua ignorância e anseiam pelo Espírito, são iluminados pela luz interior (agem enquanto é dia) e passam a ver tudo pelo prisma da verdadeira Sabedoria. Mas aqueles que só vêem as coisas materiais e por isso se julgam videntes, esses diante do Espírito se tornam cegos, e passam a não perceber mais nada. A explicação dada aos fariseus confirma esse ponto de vista. E por isso "permanecem no erro", isto é, continuam a vaguear por tempos intermináveis nas sendas ilusórias do mundo físico da personagem, presos à roda das encarnações.




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João 9:1

E, PASSANDO Jesus, viu um homem cego de nascença.

jo 9:1
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João 9:2

E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?

jo 9:2
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João 9:3

Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.

jo 9:3
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João 9:4

Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia: a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.

jo 9:4
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João 9:5

Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.

jo 9:5
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João 9:6

Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.

jo 9:6
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João 9:7

E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi pois, e lavou-se, e voltou vendo.

jo 9:7
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João 9:8

Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?

jo 9:8
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João 9:9

Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.

jo 9:9
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João 9:10

Diziam-lhe pois: Como se te abriram os olhos?

jo 9:10
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João 9:11

Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.

jo 9:11
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João 9:12

Disseram-lhe pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.

jo 9:12
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João 9:13

Levaram pois aos fariseus o que dantes era cego.

jo 9:13
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João 9:14

E era sábado, quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.

jo 9:14
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João 9:15

Tornaram pois também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.

jo 9:15
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João 9:16

Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.

jo 9:16
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João 9:17

Tornaram pois a dizer ao cego: Tu que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.

jo 9:17
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João 9:18

Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.

jo 9:18
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João 9:19

E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como pois vê agora?

jo 9:19
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João 9:20

Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é nosso filho, e que nasceu cego;

jo 9:20
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João 9:21

Mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos: tem idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo.

jo 9:21
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João 9:22

Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga.

jo 9:22
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João 9:23

Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.

jo 9:23
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João 9:24

Chamaram pois pela segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.

jo 9:24
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João 9:25

Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei: uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo.

jo 9:25
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João 9:26

E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os olhos?

jo 9:26
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João 9:27

Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também seus discípulos?

jo 9:27
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João 9:28

Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu: nós, porém, somos discípulos de Moisés.

jo 9:28
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João 9:29

Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos donde é.

jo 9:29
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João 9:30

O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto pois está a maravilha, que vós não saibais donde ele é, e me abrisse os olhos;

jo 9:30
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João 9:31

Ora nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve.

jo 9:31
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João 9:32

Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.

jo 9:32
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João 9:33

Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.

jo 9:33
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João 9:34

Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no.

jo 9:34
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João 9:35

Jesus ouviu que o tinham expulsado, e, encontrando-o, disse-lhe: Crês tu no Filho de Deus?

jo 9:35
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João 9:36

Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?

jo 9:36
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João 9:37

E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo.

jo 9:37
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João 9:38

Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou.

jo 9:38
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João 9:39

E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem sejam cegos.

jo 9:39
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João 9:40

Aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos cegos?

jo 9:40
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João 9:41

Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece.

jo 9:41
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Deuteronômio 5:9

Não te encurvarás a elas, nem as servirás: porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais sobre os filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem,

dt 5:9
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Salmos 28:4

Retribui-lhes segundo as suas obras e segundo a malícia dos seus esforços; dá-lhes conforme a obra das suas mãos; envia-lhes a sua recompensa.

sl 28:4
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Deuteronômio 24:16

Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais: cada qual morrerá pelo seu pecado.

dt 24:16
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Isaías 3:11

Ai do ímpio! mal lhe irá: porque a recompensa das suas mãos se lhe dará.

is 3:11
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Amós 1:13

Assim diz o Senhor: Por três transgressões dos filhos de Amom, e por quatro, não retirarei o castigo, porque fenderam as grávidas de Gileade, para dilatarem os seus termos.

am 1:13
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Marcos 4:38

E ele estava na popa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos?

mc 4:38
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Lucas 8:23

E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no lago, e enchiam-se d?água, estando em perigo.

lc 8:23
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