Sabedoria do Evangelho - Volume 7

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CAPÍTULO 22

A PORTA DAS OVELHAS

JO 10:1-9


1. "Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela porta do aprisco das ovelhas, mas sobe vindo de outro lugar, é ladrão e assaltante.

2. Mas o entra pelo porta, esse é pastor das ovelhas.

3. A este abre o porteiro e as ovelhas ouvem sua voz, e ele chama pelo nome suas ovelhas e as conduz para fora.

4. Cada vez que conduz para fora todas as suas, vai adiante delas e as ovelhas o seguem porque conhecem a voz dele.

5. Mas de modo algum seguirão o estranho, antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos".

6. Jesus disse esse provérbio, mas eles não compreenderam o que era que lhes falava.

7. Disse, então, Jesus de novo: "Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.

8. Todos quantos vieram em meu lugar são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os ouviram.

9. Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo, e entrará, sairá e achará pastagem".



O trecho que acabamos de ler, bem como o próximo, parecem ser a continuação da conversa de Jesus com o ex-cego e com seus discípulos. Após a simbologia dos cegos e videntes, vem o ensino que João resumiu, de como penetrar na Escola de Jesus, a "Assembleia do Caminho", e conseguir o ambicionado objetivo.

Inicia com uma parábola, a que João chama um "provérbio" (paroimía) palavra que aparece aqui e mais duas vezes (JO 16:25 e JO 16:29). O termo "parábola" só é empregado nos três sinópticos (47 vezes) e na epístola aos hebreus (2 vezes), e nunca em João nem em Paulo.

Interessante observar que essa parábola é iniciada com a fórmula solene das grandes verdades: "amén, amén", o que levanta logo a suspeita de que se trata de profundíssimo ensino que João esquematizou em forma de parábola.

É uma comparação pastoril que opõe a situação do pastor num redil à do ladrão que vem roubar. Segundo o costume palestiniano da época, o rebanho era recolhido à noitinha num aprisco, cercado de muro baixo de pedras, enquanto os pastores iam dormir, só ficando de atalaia um porteiro. Pela manhãzinha vinham os pastores buscar suas ovelhas, o que faziam emitindo cada um seu grito gutural próprio. As ovelhas conheciam a voz de seu pastor e o seguiam para as pastagens frescas, grudadas a seus calcanhares. Era comum dar nomes aos principais animais do rebanho, as guias ou "madrinhas".

Já se qualquer estranho quisesse penetrar no cercado, tinha que pulá-la porque o porteiro não o deixaria entrar; e se o conseguisse, não adiantaria procurar imitar o grito do pastor, porque as ovelhas, não lhe reconhecendo a voz, não o seguiam e até fugiam, amedrontadas.

A palavra empregada, que acompanhando a tradição utilizamos na tradução como "ovelhas", é próbaton, que exprime qualquer animal de quatro patas (ou melhor, que caminhe para a frente), mas designa mais especialmente o gado lanígero (ovelhas, cordeiro, carneiros). Nada impede que se utilize a palavr "ovelhas".

Os discípulos não percebem a lição dessa parábola. Jesus a explica: "eu sou a porta das ovelhas"; só quem entrar por mim será salvo. A expressão "entrar e sair" é semítica, e manifesta a liberdade de Ir e vir (cfr. NM 27:17; DT 31:2 e DT 31:1SM 17:15).

O vers. 8 é violento: pántes hósoi êlthon, "todos quantos vieram", prò emoú, "em meu lugar", kléptai eisin kaì lêptaí, (observemos a assonância, tanto mais que o kai era popularmente elidido na conversação)" são ladrões e assaltantes ". A locução prò emoú pode ser interpretada como adjunto temporal," antes de mim", ou como locativo, "em meu lugar", isto é, fazendo-se passar pelo Cristo. Talvez houvesse uma alusão aos que, havia pouco, se haviam dito "messias": JUDAS, o galileu (cfr. AT 5:37), natural de Gamala, que é chamado por Flávio Josefo ora Gaulonita (Ant. JD 18:1-1) ora o galileu (Ant. JD 18:1-6; 20, 5, 2; Bell. JD 2:8-1; 17, 8, 9; 7, 8,
1) . Segundo esse historiador, foi ele o fundador da seita dos zelotes (designativo de Simão, um dos doze discípulos de Jesus, LC 6:15 e AT 1:13). Morreu em 6 A. D. em combate com os romanos; e TEUDAS (cfr. AT 5:36) só conhecido por essa citação, e que talvez seja o Simão citado por Flávio Josefo (Bell. JD 2:4-2; Ant. JD 17:10-6), assassinado pelas autoridades. Ambos combatiam o domínio romano, atribuindo-se as qualidades do messias.

Mas se a interpretação aceitar o "antes de mim", essa frase englobaria todos os profetas e avatares anteriores a Jesus o que não seria fácil de explicar. Donde talvez o melhor sentido seja "em meu lugar", o que seria confirmado por Mateus (Mateus 24:24) e Marcos (Marcos 13:22), quando falam que outros pseudo-cristos aparecerão na Terra, os quais "enganariam até os escolhidos, se fosse possível".

Aqui se nos depara mais um ensinamento simbólico e iniciático.

Vejamos, primeiro, o simbolismo. Observemos que os elementos citados são: a porta, o aprisco, o pastor, o ladrão, as ovelhas, o porteiro, a voz e a pastagem.

Se é a mesma geração a culpada da morte de Abel e de todos os profetas; se é a mesma geração que estava ali com Jesus; e se é a mesma geração que estará na terra (não passará) quando vierem esses cataclismos finais, que poderemos concluir com segurança absoluta? Que essa geração está permanentemente na Terra, por meio das reencarnações sucessivas e solidárias umas às outras em que seus componentes se vêm aperfeiçoando e resgatando suas culpas até poderem ser aceitos no " reino".

Não cremos possível outra interpretação do texto, se o consideramos referente às personalidades terrenas; esta geração, esta mesma geração incrédula que estava ali presente com Jesus, e que era a mesma desde os tempos de Abel, ela não terminará de passar sobre o planeta Terra - findando o ciclo das reencarnaçõe " - sem que advenham as coisas preditas no passo que estudamos. Claro e evidente.


* * *

Vejamos, agora. outras opiniões, João Crisóstomo, Gregório Magno e Tomás de Aquino acham que essa "geração" se refere aos fiéis. Jerônimo, que se trata da humanidade ou, então, especificadamente dos judeus. L. Marchal (Evangile de S. LC in Pirot. vol. 10. pág,
251) escreve, refutando essas opiniões: " é inútil julgar que são designados pelo termo geneá quer os judeus, cuja raça não desapareceria antes do fim do mundo, quer os crentes, quer a humanidade em geral, sentidos que não se justificam absolutamente no Novo Testamento".

Entre os católicos, a ideia de atribuir geneá aos contemporâneos de Jesus foi, pela primeira vez, aventada por Tostat ("Commentárium in Matthaeum", 24:34, edição Colônia, 1613, tomo XI, 2. ª parte, pág. 525). Maldonado acusa-a de "Herética". Lagrange e Dom Calmet aceitam-na, mas a atribuem à destruição de Jerusalém. Orígenes (Patrol. Graeca, vol. 13. col. 1
684) não admite que se refira aos contemporâneos.

Prat e Knabenbauer acham que se refere à nação judia.


* * *

"O céu e a Terra passarão" porque constituem coisas físicas materiais: o planeta Terra e a atmosfera (céu = ouranós) que o circunda. E aqui fica solenemente afirmado, pelo próprio Mestre, que ao falar Ele de "céu", não exprime o famoso "céu" eterno dos católicos, pois, segundo Ele, o céu também pas sará. Só o Espírito é real e eterno; tudo o que é material teve começo e por isso terá fim. E o "as palavras que não passarão" prende-se à doutrina, pois no original está lógoi, e não apenas rhêmata. Portanto, é mais a doutrina, o sentido interno dos ensinamentos, e não apenas as palavras em seu rumor externo. Sua "doutrina" não passará jamais. " Quanto ao dia e hora, ninguém sabe", diz Jesus, "nem os mensageiros dos céus (anjos ou Espíritos superiores) nem o Filho, só o Pai". O grande ponto de controvérsia é a expressão "nem o Filho".

O argumento favorece a teoria dos arianos, que afirmavam - tal como o próprio Jesus o disse - que o Filho era menor que o Pai (cfr. JO 14:28). Os opositores de Ario buscaram todos os argumentos possíveis para contornar a frase clara e taxativa do Mestre: eles tinham uma doutrina, e precisavam adaptar o ensino de Jesus à sua própria maneira de ver. Irineu, Atanásio, Gregório de Nissa, Cirilo de Alexandria, Teodoreto (a Escola Grega) afirmaram que, embora sabendo como "Deus", Jesus ignorava como "homem". Ambrósio, Jerônimo, Agostinho, Gregório Magno (a Escola Latina) e o grego João Crisóstomo são de opinião que, mesmo em sua humanidade, Jesus sabia, mas não Lhe competia revelar.

Lagrange (o. c. pág.
350) atribui ao Mestre uma "restrição mental" no melhor estilo: "Jesus sabe, mas como não tem a missão de revelá-lo, nesse sentido ignora"! Achamos indigno de um Mestre ensinar fazendo "restrições mentais", simples e "piedoso" eufemismo, para não dizer a realidade: dizendo MENTIRAS! A restrição mental é típica da "fase da astúcia" (cfr. Pietro Ubaldi, "Queda e Salvação", pág. 281ss) e Jesus está na fase superior do Perdão e do Amor, constituindo o "caminho da Verdade" (cfr. JO 14:6).

Vem então a comparação com os "dias de Noé", que chegaram de inopino, surpreendendo a todos.

As expressões "um é levado, o outro é deixado" (no presente do indicativo), não deixam clara a ideia.

Alguns autores interpretam que os bons serão levados para a reunião dos escolhidos. a exemplo do que ocorreu com as cinco virgens prudentes, tendo sido "deixadas" as imprevidentes. Nada se opõe, contudo, que os "deixados" na Terra sejam os bons, e os menos bons sejam "levados" para outros planetas mais atrasados.

Depois desse exemplo, vem o alerta: DESPERTAI!, no sentido de "acordar do sono", pois os verbos empregados são agrypneíte e grêgoreíte (observe-se que grêgoréô é um presente derivado do perfeito egrêgora, do verbo original egeírô, "despertar", ou "levantar-se da cama", também com frequência traduzido como "ressuscitar" nas edições vulgares) . Não usamos o verbo tradicionalmente empregado aqui: vigiai, porque - embora o latim vigilare signifique "despertar", e apesar de "estado de vigília" se oponha a "estado de sono" - o "vigiar" dá ideia, atualmente, de "olhar com atenção para ver quem venha", muitas vezes até chegando á colocar-se a mão em pala acima dos olhos, como natural mímica d "vigiar" ... Portanto, DESPERTAR é o que melhor exprime a ideias do texto original: é indispensável acordar, deixar de dormir, a fim de não perder o momento solene e precioso da chegada do Filho do Homem.

Vem a seguir o exemplo do homem que, ao viajar para o exterior (apódêmos) deixa a seus servos o poder (exousía), tendo cada um seu trabalho (érgon), sendo que ao porteiro é dada ordem de ficar acordado durante a noite, ainda que durma de dia, pois nas horas diurnas os outros servos estarão acordados para recebê-lo.

Marcos deixa claro isso, citando que o Senhor podia chegar a qualquer hora da noite. Os romanos, e também na Palestina durante o domínio romano que já durava a essa época mais de sessenta anos, dividiam o dia em 12 horas, sendo a primeira ao nascer do sol e a 12. ª ao pôr do sol. Aí começavam as "vigílias", que eram sempre quatro, logicamente mais curtas no verão e mais longas no inverno, observando-se o contrário nas horas diurnas. Só na primavera e no outono é que as noites se equilibravam com os dias. A primeira vigília era dita "noitinha" (opsé), a segunda "noite fechada" ou meia noite (mesonyktion), a terceira "o cantar do galo" (alektorophónías) e a quarta, "madrugada" ou "alvorada" (prôí). Pelas gravuras pode-se observar a diferença, mais ou menos, entre inverno e verão; a primeira gravura representa o outono e a primavera. que corresponde à divisão horária atual, medida por meios mecânicos.

O verbo usado por Lucas. "Estai atentos" (proséchete), é uma particularidade sua, pois só aparece aqui e em 12:1; 17:3 e em AT 5:5 e AT 20:28. Nesse evangelista lemos a recomendação de não beber demasiado, até atingir a embriagues (kraipáiê, hápax neotestamentário); nem procurar excitantes, naturais ou artificiais, que inebriem (méthê), pois se perderia o autocontrole; nem deixar-se levar pelas "preocupações da vida" (mérimna biôtikós), pois "aquele dia" caíra sobre a criatura como "uma rede" (hôs pagís). Além disso, é aconselhada a oração (deómenoi) para que possa "manter-se de pé" (staúênai) diante do Filho do Homem, sem fraquejar.

E Marcos, que dissera ter sido a conversa mantida entre o Mestre e os quatro discípulos, não esqueceu a recomendação final: "o que vos estou dizendo, digo a toda a humanidade: DESPERTAI"!

Quando o Encontro sublime está para realizar-se, o candidato percebe sinais precursores, que foram enigmaticamente citados nos passos que acabamos de ver. Equivalem a um renascer de folhas, quando o inverno acaba e principia a primavera; é o surgir inopinado do Homem Novo, que saira das cinzas do Homem Velho. Ao assinalar os tumultos íntimos, saberá o aspirante que "está próximo, às portas" o momento solene e inolvidável.

A seguir é-nos dada garantia de que neste mesmo ciclo de nossa evolução humana se dará esse minuto definitivo. Não importa que a Terra se esboroe e o céu se transmude totalmente, modificando-se os hemisférios celestes pela verticalização do eixo terrestre, devido a seu "movimento pendular", na expressão da geografia: o ensino crístico não se perderá, não falhará jamais.

Apesar de tudo, o momento preciso é absolutamente, totalmente desconhecido de todos: dos mensageiros, dos Mestres e até do Filho do Homem: só o Pai que habita no âmago de cada um SABE o momento exato em que poderá manifestar-Se à criatura humana. Da mesma forma que só o Pai - o Som ou Verbo Criador - é que SABE qual o momento exato em que deve fazer eclodir a pequenina semente debaixo da terra; só Ele, o Pai, SABE o instante preciso em que o óvulo deve ser fecundado pelo espermatozoide; só o Pai SABE o minuto certo em que a pupa deve transformar-se em borboleta; só o Pai SABE o segundo definitivo de impelir a avezita implume a romper a casca de seu ovo. O Pai, que está em tudo, que é a essência ultérrima de tudo, com Sua mente onipresente dirige tudo o que ocorre, até "um cabelo que cai da cabeça" (cfr. LC 21:18). Daí a verdade irrefutável de que "só o Pai SABE a respeito daquele dia e daquela hora".

A comparação encontrada pelo Cristo é feita com a ocorrência que sucedeu a Noé. Conforme vimos (vol. 6). Noé conseguiu passar da interpretação literal à alegórica (da "pedra" ou terra, à "água"), mas só percebeu o momento em que devia penetrar em seu íntimo ("entrar na arca") quando recebeu o "sinal" (sêmeion) do Cristo Interno. Tanto assim que vemos prosseguir a lição do Gênesis, que nos ensina que Noé expulsou de si toda a animalidade inferior, simbolizada no corvo (GN 8:7). Logo após, envia a paz à Terra, isto é, a pomba (Gén. 8:
8) que regressou a ele, tendo sido recolhida com suas mãos: a Terra não era ainda digna de receber a paz (cfr. MT 10:13). Depois de SETE dias (ou períodos), novamente enviou a pomba, que regressou com um ramo de oliveira no bico, significando a disposição de a Terra receber a paz. Mais SETE dias ou períodos de espera, e novamente envia a paz à Terra ("minha paz vos deixo, minha paz vou dou", JO 14:27). Já fora por Noé penetrado o sentido alegórico das palavras (lógoi) do livro da vida; já conseguira renunciar definitivamente à animalidade inferior (corvo); já atingira o grau de pacificador (cfr. "Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus", MT 5:9). Faltavam ainda alguns passos. Noé sai da arca, de seu íntimo profundo, e recebe a bênção de Deus (Gén. 9:1), que com ele estabelece uma aliança, simbolizada no arco-íris (GN 9:17), a união do céu com a terra, do Espírito com a matéria: Noé descera à Terra, o" Verbo se fez carne" (JO 1:14). Chega então o momento de penetrar mais fundo em si mesmo: Noé planta a vinha e colhe a uva, representação iniciática das Escolas gregas. E segue adiante dentro do espírito da Escola Israelita: transforma a uva em vinho, como vemos feito por Abraão e por Jesus, e bebe desse vinho da sabedoria até inebriar-se, penetrando o estado místico profundo (GN 9:20), ficando nu, ou seja, despojado de tudo o que é material e vivendo apenas no espírito e para o espírito.

Houve, inegavelmente, falta de entendimento da lição sublime por parte dos comentadores antigos, que acrescentaram uma série de pormenores pitorescos nessa narrativa, e acabaram fazendo parte do próprio texto. Lições maravilhosas colhemos no Antigo Testamento, desde que o leiamos com os olhos do Espírito, e não nos prendamos à letra que atrofia todas as ideias elevadas, reduzindo-as aos limites da carne e do sangue.

Nesse exemplo está reafirmado, com pormenores típicos: a chegada do Filho do Homem é inesperada para todos os veículos, já que o único que SABE é o Pai (o Som ou Verbo Criador) que mantém viva a criatura, habitando em seu âmago; mas o Espírito, o Eu interno - Cristo individuado na criatura, "Filho" - embora não saiba o momento preciso, contudo sente a aproximação. Pode tentar avisar a seus veículos, sobretudo ao intelecto, mas este não lhe dá a mínima atenção. Tudo continua no mesmo teor de vida, até que chega de inopino o cataclismo máximo da existência, e tudo "é levado", enquanto Noé entra na arca. Os veículos, dirigidos pelo intelecto, prosseguem em sua vida normal, comendo, bebendo, mantendo relações sexuais, até que são surpreendidos por total modificação, desaparecendo diante da transformação fundamental - verdadeira transubstanciação - por que passa o ser.

Os exemplos dos "deixados" e dos "levados" servem para demonstrar que, para suceder esse nascimento, não é mister isolar-se no ermo, nem viver recluso em monastérios: na vida normal de trabalho da terra e do lar pode ocorrer isso com uma pessoa, enquanto a outra a seu lado nada percebe.

O aviso essencial, entretanto, é dado agora, com o imperativo "DESPERTAI, porque não sabeis em que dia vem vosso Senho". Observemos, de passagem, que é assinalado quase que pessoalmente: " vosso Senhor", que surgirá com toda a Sua substância e imponência do âmago mais profundo de cada um. E anotemos esse despertar, com toda a sua força e suas nuanças possíveis. Temos que ficar espiritualmente despertos, em estado "de vigília", fora do estado de sonolência inconsciente: e mais ainda: psiquicamente despertos, e não em transe mediúnico, mas em plena consciência atual vígil, a fim de perceber as minúcias de Seu nascimento em nós.

A recomendação é repisada, em Marcos: "que o Senhor, vindo de inopino, não os encontre dormindo"; também Lucas sublinha: "para que possais manter-vos de pé diante do Filho do Homem". Para isso, permanecer despertos, bem acordados, e orando, a fim de escapar incólumes às inevitáveis perturbações físicas, emocionais e psíquicas, prevalecendo sobre elas e dominando-as.

Nesse sentido, Lucas entra em pormenores: não apenas evitar o sono, mas também o coração pesado pelo muito beber; e mais ainda a excitação ansiosa de expectativa e as comuns angústias pelas preocupações transitórias da vida material.

Trata-se de tranquilo estado de alerta, na serenidade expectante de quem confia e SABE o que está para vir, pressentindo a aproximação da parusia. Todos os que SABEM o sentido dessa divina parusia do Filho do Homem, e a experimentaram, não se iludiram quanto ao sentido literal que era atribuído à frase, nem se decepcionaram com o "atraso" do regresso "físico" do Cristo ao mundo, já que conheciam perfeitamente que CRISTO jamais se afastou da humanidade, dirigindo-lhe os destinos e assistindoa carinhosamente, e vivendo no íntimo de cada criatura.

Deixamos para o fim a frase: "Não passará esta geração, até que tudo isso aconteça".

Outro sentido, totalmente diverso, surge dessa sentença: a individuação da Centelha provoca a criação de um ser que terá sua evolução ininterrupta, embora lenta, até os mais altos cimos. Essa "viagem evolutiva" constitui uma geração do ser, pois uma vez gerado, só pode encontrar um caminho: o de subida.

Compreendemos, então, que esta geração do espírito não terminará, não chegará ao fim, não atingirá a meta, sem que essas coisas anunciadas ocorram. Podem passar céus e terras, podem transferir-se as criaturas de um planeta a outro ou a outros, mudando de céus e de terras, mas sua geração só atingirá o alvo depois de haver experimentado tudo o que aqui se acha predito.

Verificamos que a interpretação espiritual se coloca muito acima da literal. Que importa ao Espírito eterno uma convulsão de seu planeta? Sim, poderá ela ocorrer, mas será sempre coisa de somenos importância para o Espírito, tal como seria a destruição de uma casa em relação do homem que nela habita: buscará outra. Daí não nos conformarmos em ver o Cristo de Deus preocupado com simples fatos materiais secundários e passageiros a predizer terremotos como qualquer geólogo diante de seu sismógrafo. Espírito de tal envergadura só podia preocupar-se com as coisas do Espírito, não com a matéria perecível.




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João 10:1

NA VERDADE, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.

jo 10:1
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João 10:2

Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.

jo 10:2
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João 10:3

A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora.

jo 10:3
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João 10:4

E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;

jo 10:4
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João 10:5

Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.

jo 10:5
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João 10:6

Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.

jo 10:6
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João 10:7

Tornou pois Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.

jo 10:7
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João 10:8

Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.

jo 10:8
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João 10:9

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.

jo 10:9
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João 16:29

Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não dizes parábola alguma.

jo 16:29
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Números 27:17

Que saia diante deles, e que entre diante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar: para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor.

nm 27:17
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Deuteronômio 31:2

E disse-lhes: Da idade de cento e vinte anos sou eu hoje: já não poderei mais sair e entrar: além disto, o Senhor me disse: Não passarás o Jordão.

dt 31:2
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Deuteronômio 31:1

DEPOIS foi Moisés, e falou estas palavras a todo o Israel;

dt 31:1
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Atos 5:37

Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.

at 5:37
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Lucas 6:15

E Mateus e Tomé; Tiago, filho d?Alfeu, e Simão, chamado o zelador;

lc 6:15
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Atos 1:13

E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam, Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelador, e Judas, de Tiago.

at 1:13
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Atos 5:36

Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém: a este se ajuntou um número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada.

at 5:36
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Marcos 13:22

Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos.

mc 13:22
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João 14:28

Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis por ter dito: Vou para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.

jo 14:28
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João 14:6

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.

jo 14:6
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Atos 5:5

E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.

at 5:5
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Atos 20:28

Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.

at 20:28
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Lucas 21:18

Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça.

lc 21:18
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Gênesis 8:7

E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra.

gn 8:7
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Mateus 10:13

E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.

mt 10:13
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Mateus 5:9

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

mt 5:9
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João 14:27

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

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Gênesis 9:17

E disse Deus a Noé: Este é o sinal do concerto que tenho estabelecido entre mim e toda a carne, que está sobre a terra.

gn 9:17
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João 1:14

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

jo 1:14
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Gênesis 9:20

E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.

gn 9:20
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