Sabedoria do Evangelho - Volume 7

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CAPÍTULO 34

O NOVO MANDAMENTO

JO 13:33-35


33. "Filhinhos, ainda um pouco estou convosco; procurar-me-eis e assim como disse aos judeus: aonde eu vou, vós não podeis chegar, - também vos digo agora.

34. Novo mandamento vos dou: que ameis uns aos outros; assim como vos amei, que também vós ameis uns aos outros.

35. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros".



O termo teknía, "filhinhos", exprime toda a ternura possível, tendo-se tornado usual em João (cfr. l. ª JO 2:1, JO 2:12, JO 2:28-3:7, 18; 4:4; 5:21). O aviso de ter que seguir "só" fora dado aos judeus (cfr. João,

7:34 e 8:21).

O novo mandamento é o amor mais amplo, irrestrito, incondicional, acima das indiferenças, das ingratidões, das ofensas, das calúnias e até do suplício, do abandono, da morte.

Os primeiros cristãos o viveram, segundo lemos nos At (os 4:32): "Na comunidade dos fiéis, havia um só coração e uma só alma, e ninguém dizia possuir algo, pois tudo entre eles era comum".

Idêntico testemunho dá Tertuliano (Apologética, 39, 9; Patrol. Lat. vol. 1, col. 534): Sed ejúsmodi vel máxime dilectionis operatio nobis inurit penes quosdam. Vide, inquiunt, ut ínvicem se díligant (ipsi enim ínvicem óderunt) et ut pro altérutro mor i sint parati (ipsi enim ad occidendum altérutrum paratiores erint, ou seja; "Mas a prática desse nosso amor em grau máximo queima a alguns. Vê, dizem, como se amam mutuamente (mas eles mutuamente se odeiam) e como estão prontos a morrer um pelo outro (mas eles estão mais preparados a matar uns aos outros)". E, mais adiante: ítaque qui ánimo animáque miscemur, nihil de rei communicatione dubitamus: omnia indiscreta sunt apud nos, praeter uxores, isto é: "Por isso, nós que nos unimos pelo espírito e pela alma, não hesitamos em pôr tudo em comum; todas as coisas são, entre nós, de todos, exceto as esposas".

A interpretação profunda leva-nos ao extremo ilimitado, ao pelago abissal do AMOR TOTAL, sem a menor restrição, mesmo em relação àqueles que nos são ingratos, prejudiciais, perversos e caluniadores.

O amor é a "pedra de toque" que dará a conhecer ao mundo os verdadeiros discípulos do Cristo. São os que não agem, não falam, nem pensam com críticas a quem quer que seja. Não pode haver separatismo entre nações, religiões, partidos, centros, igrejas. Quem condena ou persegue criaturas, cristãs ou muçulmanas, católicas ou espíritas, protestantes ou materialistas, não é CRISTÃO: "nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros".

Mas o vício humano torceu tudo. Hoje, se duas criaturas se aborrecem, se uma fala mal de outra, se uma denigre a fama ou faz restrições a outros, todos acham normal e natural. No entanto, se um AMA outro, está armado o escândalo! Se um médium ataca outro, logo se formam os partidos: "eu sou de Paulo, eu sou de Apolo" (1CO 1:12). Se um sacerdote ataca violentamente e calunia um espírita, todos os católicos o aplaudem. Mas se qualquer um desses começa a AMAR uma moça, imediatamente, dizem todos: "caiu do pedestal!" Todos compreendem e justificam o ódio, as competições, as críticas, as acusações, até as calúnias. Mas o AMOR, não! Ninguém compreende o AMOR. E no entanto nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros".

Trata-se do amor, como o entendeu Paulo. O amor que está acima e que é mais importante e mais valioso, que o dom das línguas humanas e angélicas; acima da mediunidade por mais humilde ou espeta cular que seja; acima da gnose dos mistérios iniciáticos, acima ainda da ciência oculta, acima da própria fé mais atuante, que remove montanhas; acima da caridade mais generosa e sacrificial e do próprio marítimo que se deixa queimar em testemunho da fidelidade à crença...

AMAR é ter a alma grande, é ser benigno, é não ser ciumento nem invejoso; quem ama não se gaba, não se vangloria, não se ensoberbece, não se envaidece, não se comporta com inconveniências, não busca seus próprios interesses, por mais legítimos que sejam; quem ama não se irrita nem se magoa, não suspeita mal de ninguém, não se alegra com a dor alheia, mas apenas com a Verdade; suporta tudo, crê em tudo, preferindo ser enganado a enganar, espera com paciência, sofre tudo calado, perdoando e amando... Esse amor jamais terminará, jamais desaparecerá, pois é maior que a fé e que a esperança! (Cfr. 1CO 13:1-8).


No AMOR TOTAL, quando é real, absoluto, inclusivo, em todos os planos, não há exigências, nem distinções, nem limites, nem preconceitos, nem interesses: dá, sem nada pedir; perdoa, sem nada lembrar; sofre sem queixar-se; é pisado sem magoar-se; empresta sem exigir volta; abre a bolsa, os braços e o coração a todos, incluindo todos num só amplexo carinhoso e generoso e alegre e suave e sorridente

—pois esse é o sinal efetivo e real do discipulado do Cristo. E é "por seus frutos que os conheceremos" (MT 7:16).




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João 13:33

Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, e, como tinha dito aos judeus: para onde eu vou não podeis vós ir: eu vo-lo digo também agora.

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João 13:34

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros: como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.

jo 13:34
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João 13:35

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

jo 13:35
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João 2:12

Depois disto desceu a Capernaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos, e ficaram ali não muitos dias.

jo 2:12
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I Coríntios 1:12

Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolos, e eu de Cefas, e eu de Cristo.

1co 1:12
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I Coríntios 13:1

AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

1co 13:1
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I Coríntios 13:2

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.

1co 13:2
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I Coríntios 13:3

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.

1co 13:3
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I Coríntios 13:4

A caridade é sofredora, é benigna: a caridade não é invejosa: a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece,

1co 13:4
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I Coríntios 13:5

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

1co 13:5
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I Coríntios 13:6

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

1co 13:6
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I Coríntios 13:7

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

1co 13:7
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I Coríntios 13:8

A caridade nunca falha: mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

1co 13:8
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