Sabedoria do Evangelho - Volume 8

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CAPÍTULO 12

ORAÇÃO NO JARDIM

MT 26:36-46


36. Então foi Jesus com eles para um sítio chamado Getsêmani, e disse aos discípulos: "Sentai-vos aqui, enquanto vou ali orar".

37. E tomando Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a inquietarse.

38. Então lhes disse: "Triste está minha alma até a morte: ficai aqui e ficai acordados comigo".

39. E adiantando-se um pouco, caiu sobre seu rosto orando e disse: "Meu Pai, se é possível, afasta de mim esta taça: porém não como quero, mas como tu (queres)".

40. E volta aos discípulos e encontra-os dormindo; e disse a Pedro: "Assim não tivestes força de ficar acordados comigo uma hora?

41. Ficai acordados e orai, para que não entreis na provação; pois o espírito (tem) boavontade, mas a carne (é) fraca".

42. De novo, pela segunda (vez) retirando-se, orou, dizendo: "Meu Pai, se isto não pode passar sem que o beba, faça-se tua vontade".

43. E vindo de novo, encontrou-os dormindo, pois os olhos deles estavam pesados.

44. E tendo-os deixado novamente, afastandose, orou pela terceira (vez) dizendo de novo as mesmas palavras.

45. Então veio aos discípulos e disse-lhes: "Dormis agora e repousais? Eis que chegou a hora, e o filho do homem é entregue nas mãos dos profanos.

46. Levantai-vos, vamos! Eis que chegou o que me entrega".

MC 14:32-42


32. E foram a um sítio chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: "Sentai-vos aqui enquanto oro".

33. E toma a Pedro, Tiago e João com ele, e começou a atemorizar-se e a inquietar-se,

34. e disse-lhes: "Triste está minha alma até a morte; ficai aqui e despertai".

35. E adiantando-se um pouco, caiu sobre a terra e orou para que, se fora possível, fosse afastada dele aquela hora,

36. e disse: "Abba, ó Pai, tudo te é possível: afasta de mim esta taça; todavia, não o que quero, mas o que tu (queres)".

37. E volta e encontra-os dormindo, e disse a Pedro: "Simão, dormes? Não tiveste força de ficar acordado uma hora?

38. Despertai e orai para que não entreis na provação, pois o espírito (tem) boa-vontade, mas a carne é fraca".

39. E afastando-se de novo, orou dizendo as mesmas palavras.

40. E vindo novamente, encontrou-os dormindo, pois seus olhos estavam pesados e não sabiam o que responder-lhe.

41. E foi pela terceira (vez) e disse-lhes: "Dormis agora e repousais? Basta: chegou a hora, eis que é entregue o filho do homem nas mãos dos profanos.

42. Levantai-vos, vamos! Eis que chegou o que me entrega".

LC 22:40-46


40. Chegado, porém, ao lugar, disse-lhes: "Orai para não entrardes na provação".

41. E foi afastado deles cerca de um arremesso de pedra, e pôs-se de joelhos e orou

42. dizendo: "Pai, se queres, afasta de mim esta taça; faça-se porém não minha vontade, mas a tua".

43. Apareceu-lhe um mensageiro do céu, confortando-o.

44. E começando a agonia, orou mais fervorosamente, e tornou-se o suor dele como coágulos de sangue, caindo no chão.

45. E levantando-se da oração, veio aos discípulos e achou-os adormecidos pela tristeza,

46. e disse-lhes: "Por que dormis? Levantai-vos, orai, para que não entreis na provação".

JO 18:1


1... onde havia um jardim, no qual entraram ele e seus discípulos.



Aqui temos o primeiro ato do drama, ao levantar-se o sipário: o candidato, a sós, enfrenta intelectualmente as provas que são mostradas à personagem, pois só a individualidade tivera delas conhecimento total antes da reencarnação. A personagem conhecia o que a esperava, mas não em seus pormenores.

O termo kôríon é diversamente traduzido: como "lugar" (Loisy Lagrange), como "domínio" (Crampon, Durand, Jouon) como "propriedade" (Buzy, Denis) como "sítio" (Pirot); mas João, que conhecia bem o local, em vez do genérico kôríon, especifica que se trata de um kêpos, isto é, um "jardim".

Ficava a cerca de cem metros ao norte, devendo tratar-se de uma propriedade particular, pertencente a um amigo do Mestre, pelo que tinha Ele ali livre acesso. Mateus e Marcos citam o nome, Getsemani (hebr. gath shemanim) que significa "lagar de azeite". Jerônimo (Patrol. Lat. vol. 26 col. 197), julgando que o original era gê’shemani, traduz como "vale fertilíssima" (vallis pinguissima).

O local devia ser solitário e ficava em frente à porta dourada do templo, situando-se para lá (perán) do Cedron, ou seja, na margem oriental, no ponto do vale em que a torrente, virando para sudoeste, cava um precipício nos flancos do Ophel.

Pirot (vol. 9 pág.
576) escreve: "Descobertas arqueológicas recentes, em confronto com antigos peregrinos, permitiram reencontrar com toda a certeza o lugar exato da agonia e o da traição de Judas (cfr. Vincent et Abel, "Jérusalem Nouvelle", pág. 301-327; 1006-1013, Orfali. "Gethsemani"). É necessário distinguir nitidamente com os mais antigos autores (Eusébio de Cesareia, o Peregrino de Bordeaux, S.

Cirilo de Jerusalém e, mais tarde, o diâcono Pedro, 1037, o higúmeno Daniel. Ernoul, 1
228) o lugar em que Jesus orou e o em que foi preso. A gruta, erradamente chamada da agonia, deve chamar-se agora "gruta da traição"; ficava separada do jardim de Getsemani pelo caminho em escada, intacto ainda no século IX, que permitia, por 537 degraus talhados na rocha, ir do fundo do Cedron ao cimo do monte das Oliveiras. A gruta da traição, de forma oval bastante irregular, tem no conjunto 17 m de comprimento, 9 m de largura e 3,50 m de altura. A abóbada rochosa é sustentada por seis colunas, das quais três são de alvenaria. O próprio rochedo foi encontrado por ocasião das escavações empreendidas para encontrar os alicerces da basílica erigida entre 380 e 390. Esse rochedo, que se pretendeu encaixar na basílica primitiva por causa de seu caráter eminentemente sagrado, já que foi consagrado pela oração do Mestre divino e regado com seu adorável sangue, impusera a esta (basílica) uma orienta ção sensivelmente diferente da que foi adotada nas últimas restaurações. Nesse rochedo, pois, - onde desde o final do século IV os sacerdotes oferecem o cálice do Senhor, aí mesmo onde seu sangue, misturado ao suor, caiu gota a gota (LC 22:43-44). Graças a esse mole rochoso, situado a cem metros ao sul da gruta da traição e a 15 m acima da torrente de Cedron, numa distância de mais ou menos 8 m e numa largura de 3,80 m - é que se encontra o lugar exato da oração de Jesus, e pôde conservar-se nos três primeiros séculos sem nenhum monumento comemorativo, apesar do desbastamento da madeira do monte das Oliveiras, em 70, e dos reviramentos de toda espécie, que tornaram essa colina, a acreditarse no historiador Josefo, totalmente irreconhecível. Se a lembrança do lugar da agonia tivesse ficado ligada a esta ou àquela oliveira, teríamos tido um ponto de referência absolutamente precário.

Mas o bloco que fazia parte integral da montanha, podia transmitir através dos séculos essa recordação sagrada, não obstante as mais selvagens devastações. A restauração da basílica da agonia, cuja primeira pedra foi colocada a 17-10-1919 pelo cardeal Giustini, foi acabada em 1926.

O fato desenrola-se com naturalidade. Jesus manda-os sentar-se (kathísate) em grupo, a fim de isolarse na prece, e leva consigo os mesmo três discípulos que o acompanhavam nos momentos solenes: Pedro, Tiago e João.

A frase do vers. 45 em Mateus é apresentada interrogativamente em grego. Muito melhor que imperativos afirmativos, que teriam sentido irônico, não concebível em circunstâncias de tamanha apreensão.


A indagação, ao contrário, é séria: "estais dormindo agora, quando o Filho do Homem vai ser entregue" ? E logo a seguir apressa-os: "Levantai-vos, vamos, pois chegou o que me vai entregar. "

Os versículos 43:44 de Lucas faltam no papiro 75, em aleph (1. ª cópia), em A, T, W, 1071 e nos pais: Marcion, Clemente, Orígenes (segundo Hilário), Atanásio, Ambrósio (segundo Epifânio e Jerônimo), Cirilo e João Damasceno.

São assinalados com asterisco nos códices delta (3. ª cópia), pi (3. ª cópia) e outros menos importantes.

Mas aparecem nos códices aleph (1. ª mão), D, K, L, X, delta (1. ª mão), theta (1. ª mão), pi, psi (1. ª mão), família 1 e nos pais: Justino, Irineu, Hipólito, Dionísio, Ario (segundo Epifânio), Eusébio, Hilário, Cesário Nazianzeno, Gregório Nazianzeno, Dídimo, Pseudo-Dionísio, Epifânio, Critóstomo, Agostinho, Teodoreto, Leôncio, Cosmos e Fecundo.

Compreende-se a omissão, em vista das críticas que provocava, pois constituía uma prova da fraqueza humana natural, na pessoa de Jesus, além de também atestar sua não-divindade: não seria concebível um Deus Absoluto temeroso ante o sacrifício físico.

Outra anotação a fazer é que a palavra grega thrómboi (donde provém nossa "trombose") não exprime absolutamente "gotas", como aparece nas traduções vulgares, e sim "coágulos, grumos". O suor não era constituído de sangue, que gotejava, mas era uma substância que a pele de Jesus exsudava através dos poros e que, COMO se fossem pequenos coágulos de sangue, caíam por terra. O advérbio hôsei não é, como afirmam os hermeneutas, "indicativo", mas simples "comparativo": era COMO SE FORAM coágulos de sangue. "pareciam ser" coágulos de sangue, mas não eram.

No entanto, Irineu (Haer. 3. 22. 2, Patrol. Graeca vol. 7, vol.
957) e Agostinho (In SL 140. 4, Patrol, Lat.

vol. 37. vol. 1
817) afirmam que se tratava de verdadeiro sangue.


Seja sangue, ou apenas coágulos, como diremos, trata-se de irrespondível prova contra os docetas, que afirmavam que Jesus não tinha corpo nem sangue físicos, mas era apenas um "fantasma", que fingia estar encarnado, mas não estava. Na epístola aos hebreus (hebreus 5:7) está claro: "nos dias de sua carne", confirmando João (João 1:4) que diz que "o verbo se fez carne", e que afirma em sua Epístola (1. ª, 4:
2) que se conhecerá o espírito que vem de Deus, quando disser que Jesus veio em carne. E na 2. ª epístola, v. 7, insiste: "muitos sedutores tem aparecido no mundo, que não confessam que Jesus Cristo veio em carne: esse é sedutor e anticristo. "
Esse estudo foi feito em amplitude por Azpeitia-Gutierrez, "Estudio Apologetico y Médico", Zaragoza,

1944; por L. Picchini, "La Sudorazione di Cristo", Roma, 1953; e Riquelme Salazar. "Examen Médico de la Vida y Pasión de Jesucristo", Madrid, 1953.

Anotemos ainda a palavra agônía, empregada por Lucas no original, mas não na interpretemos como a nossa "agonia" em português, ou seja, o estado típico daqueles que entram em coma. Em grego, esse termo exprime "luta". Aqui, portanto, o "entrar em agonia" significa iniciar a luta da personagem fraca contra a própria fraqueza. Sustentado pela individualidade, o homem. nos grandes momentos trágicos, entra em luta titânica e sem tréguas contra a covardia da personagem, que quer evitar a todo custo o sofrimento moral ou físico. Nessa agonia, isto é, nessa luta, que produz ansiedade e angústia, é que se decide qual o mais forte, qual das duas sairá vencedora: se a individualidade, haverá avanço evolutivo; se a personagem, a derrota está à vista.

Não é sem razão que Mateus e Marcos dão o nome de Getsemani ao jardim a que Jesus se recolheu para orar. Todos os indícios da interpretação foram deixados sabiamente consignados por escrito, para que a humanidade pudesse, quando disso fosse capaz, descobrir a realidade e compreender o significado profundo dos atos do Mestre inconfundível.

Observamos que Jesus não estava no "jardim fechado", ou seja, na Galileia, e sim na Judeia. Mas vai para um "jardim". E o nome desse jardim significa "lagar de azeite", ou seja, o instrumento que esmaga as azeitonas, para delas cavar o azeite, tal como o corpo de Jesus seria esmagado pela dor, para que se produzisse o azeite, o líquido com que se sagravam os sumos-sacerdotes e os reis.

E esse sofrimento, segundo testifica a epístola aos hebreus 5:7-3 O elevou ao grau de sumosacerdote da Ordem de Melquisedec, tornando-o o CRISTO, isto é, "UNGIDO", exatamente com o azeite sagrado da unção sacerdotal. Não poderia haver indicação mais clara da ação espiritual que se estava realizando no globo terráqueo.

Da mesma forma que na Transfiguração havia sido dado um passo iniciático, aqui se iniciava o processo para o passo seguinte. Então havia mister de "duas ou três testemunhas" (cfr. DT 19:15; MT 18:16 e MT 18:2CO 13:1). Foram escolhidas as mesmas testemunhas que haviam presenciado sua transfiguração gloriosa, Pedro, Tiago e João, a fim de que agora vissem sua luta (agonia). Eles que haviam testemunhado a manifestação da Individualidade no Tabor, precisavam ver, e comparar com aquela, a manifestação de Sua personagem transitória, diante do programa de provas por que deveria passar heroicamente.

Para preveni-los do a que assistiriam, avisa-os desde o início que "Sua alma" (psychê) - portanto Sua personagem que não deve absolutamente confundir-se com a individualidade (pneuma) - "está triste até a morte". O que exprime o alcance indizível da ânsia por que foi tomada. Pode-lhes, pois, que fiquem "despertos", a fim de ajudar Seu eu menor a firmar Sua personagem conturbada pelos grandes sofrimentos que terá que suportar sem um gemido.

No entanto, os olhos dos discípulos estavam "pesados", e os evangelistas esclarecem "por causa da tristeza". Hoje a expressão empregada seria outra: fisicamente achavam-se exaustos pela perda de fluidos magnéticos.

O mesmo ocorrera por ocasião da Transfiguração, quando diz Lucas: "Pedro e seus companheiros estavam oprimidos de sono, mas conservavam-se despertos" (LC 9:32: vol. 4. º, pág. 111).

Aqui, a grande perda de substância ectoplasmática, unida à tristeza apreensiva da hora, à tensão opressiva e à expectativa dolorosa, não deixaram que resistissem fisicamente.

Jesus recomenda-lhes que permaneçam despertos (gregoreíte) para que "não entrem na provação", ou seja, para que não sejam apanhados desprevenidos pelas provas a que seriam submetidos. Nesses momentos, é indispensável haver dinamismo ativo, e não estaticismo passivo e muito menos relaxamento no sono, pois se o Espírito (pneuma, individualidade) tem boa-vontade (prós thymos), a carne (sarx, o corpo da personagem) é frágil e pode sucumbir.

Jesus afasta-se dele. Lucas diz textualmente "é arrancado deles (apespáthê ap’autôn): trata-se do Espírito que força o corpo a isolar-se, para que sozinho suporte o impacto, embora a criatura goste sempre de sofrer acompanhada. Já à distância, o corpo rui por terra, na posição do desânimo e da súplica: ajoelha-se (theis tà gónata) e curva o rosto até o chão (épiptein epi tês gês, em Marcos: ou épesen epì prósôpon autoú, em Mateus), e começa a orar.

Mateus cita-lhe as palavras das três vezes que orou, pois nas três exprimiu o mesmo pensamento: "Se é possível, afasta de mim esta taça": é a ânsia da personagem que teme arrostar a dor física. Mas logo a seguir acrescenta: "Mas não como quero eu, e sim como queres tu: faça-se a Tua vontade, não a minha".

Aqui verificamos nitidamente a dualidade de vontades, entre a personagem e a individualidade, entre o Filho e o Pai, entre Jesus e Deus (Melquisedec). Como pode explicar-se isto, de quem dissera: "Eu e o Pai somos um"? e "faço apenas a vontade do Pai"?

As duas frases, e outras semelhantes, nós o vimos a seu tempo, foram proferidas pelo CRISTO, através de Jesus, com o qual estava identificada Sua individualidade. Não pela personagem terrena de Jesus, não por Seus veículos físicos. Seu Espírito (pneuma) já identificara, mas não Sua personagem (psychê) de fato, "a carne e o sangue não podem possuir o reino dos céus" (1CO 15:50). Tudo é claro e luminoso, e não há contradições nos Evangelhos.

Apesar de tudo isso, fortemente influenciada e dominada pelo Espírito a personagem se conforma e aceita que a vontade do Pai, que era também a de Seu Eu profundo, seja realizada, e que prevaleça sobre a vontade fraca e temerosa. Então essa prece, proferida três vezes pelo homem Jesus, demonstra o esforço que Sua personagem física fazia para sintonizar e concordar com a vontade do Espírito e, por conseguinte, com a vontade do Pai. Ao falar com os discípulos, cujo físico se achava enfraquecido pela perda de energia, Ele também esclarece esse mesmo ponto: "O Espírito tem boa-vontade, mas a carne é fraca.

Isso se passava com Ele nesses momentos e Ele o verificava em experiência pessoal ali mesmo vivida e sentida.


* * *

Lucas, na qualidade de médico, e portanto mais conhecedor dos fenômenos que se passavam no corpo físico e no astral, e mais afastado do drama, tendo-se informado de tudo com pormenores, anota dois fatos de que os outros não falam.

O primeiro e a aparição de um espírito desencarnado, que se materializa para "confortá-lo". Lucas di-lo ággelos (mensageiro). Como explicar essa materialização?

Já havíamos assinalado que Pedro, Tiago e João foram os chamados para acompanhar a Transfiguração e, dissemo-lo a seu tempo (cfr. vol. 4), deviam ser médiuns de efeitos físicos, escolhidos exatamente para proporcionarem ectoplasma. O que ocorreu lá, ocorre agora aqui e ocorrerá na "ascensão".

O ectoplasma abundantemente fornecido possibilitou a materialização do espírito.

Mas não foi só: houve também o segundo fenômeno assinalado por Lucas.

Aqui entra o tão citado e estudado "suor de sangue" a que a medicina chama hematidrose: vimos que thrómboi não exprime "gotas", e sim "coágulos" ou "grumos", quer de sangue, de leite, gordura, etc.

Muitos esforçam-se em provar que, nas grandes angústias, é possível que as capilares do derma possam, por exosmose, exteriorizar gotículas de sangue. Mas não nos convence essa explicação, em primeiro lugar porque a luta e a angústia de Jesus não devem ter sido tão apavorantes que causassem esse efeito violento e raro; em segundo lugar, porque, onde há explicação mais simples e plausível, não deve buscar-se outra mais complicada e difícil.

Compreendemos que esses coágulos formados por Seu suor, ou seja, pelo que parecia ser "suor", eram pequenas cristalizações de ectoplasma.

Sabemos, sem qualquer dúvida, que ectoplasma é proveniente do sangue, e melhor que nós devia sabêlo Lucas. Sabemos ainda que o ectoplasma se exterioriza, na mediunidade de efeitos físicos, por todos os orifícios do corpo: boca, narinas, ouvidos, anus, vagina, meato urinário e ainda pelo umbigo e pelos poros de todo o corpo, sendo tanto mais abundante, quanto maiores forem os orifícios, como é lógico.

Que o ectoplasma dos discípulos foi abundante, comprova-o o sono irresistível (e anotemos de passagem que realizaram uma sessão de materialização após bebido vinho). Mas também do corpo de Jesus deve ter-se exteriorizado, como o demostra o fato de ter sido interpretado como "suor". Mas não se afastou do corpo, antes, envolveu-o, sendo que, porém alguns coágulos caíram ao chão.

Outro argumento que nos induz a crer que se trata de ectoplasma, é que todos sabemos que se apresenta, na escuridão, com fraca luminescência fosfórea, coisa que não ocorre com o suor aquoso, nem mesmo com a hematidrose. E para ter sido anotado, nessa noite escura, observando-se que "caía por terra", era preciso que houvesse algo a iluminá-lo: sua própria fosforescência.

Mas por que e para que se teria produzido tal fenômeno?

Não cremos que tenha sido pelo pavor, mas sim pelo merecimento da personagem de Jesus, sempre pronta a obedecer e que, nesse mesmo instante, soubera aceitar com resignação a prova dolorosa.


Esse merecimento fez que o espírito materializado o confortasse e ajudasse de duas maneiras eficientes:
1. ª) recobrindo a superfície do corpo de Jesus com aqueles pequenos cristais de ectoplasma, localizados provavelmente sob a pele, a fim de embotar os terminais nervosos, com o objetivo de diminuir a violência das dores e contusões, preparando rápida recuperação dos tecidos epiteliais;
2. ª) cauterizando por antecipação os capilares da epiderma e do derma, a fim de que o sangue não esvaísse com demasiada abundância, mas logo coagulasse.

Com efeito, pelas narrativas não se fala em sangue abundante: houve algum sangue com a intromissão dos cravos nos pés e nos pulsos, e correu "um pouco de sangue com água" na chaga do lado; mas pelo que verificamos no "Sudário de Turim", o sangue não teve a abundância que seria de esperar, não tendo tido caráter hemorrágico, o que teria causado esvaimento total, dificultando-lhe a recuperação de Seu corpo.

Verificamos, pois, que em todo o trecho continuam as lições através dos fatos, dando-nos oportunidade de aprender novas propriedades do ectoplasma, até agora por nós insuspeitadas. O inciso de Lucas "orou mais fervorosamente e tornou-se o suor dele como coágulos de sangue, caindo ao chão" é que nos revelou não se tratar de hematidrose, ou suor de sangue provocado pela angústia, e sim um fenômeno benéfico, como resultado imediato da prece.

O fato de Lucas falar em thrómboi, "coágulos", alertou-nos para a circunstância específica da cristalização do ectoplasma, coisa que ainda não lemos nas obras técnicas do Espiritismo moderno. Essa cristalização talvez provoque efeitos medicinais ainda desconhecidos, que supusemos ser o embotamento dos terminais nervosos e mais rápida coagulação do sangue, para evitar o esvaimento hemor rágico. Pareceu-nos lógica essa explicação, restando agora apenas ser comprovada nos laboratórios dos pesquisadores que se dedicam ao estudo nas sessões de efeitos físicos.


* * *

Assim fortalecido e fisicamente preparado, regressa definitivamente aos discípulos, e pergunta-lhes por que ainda estão a dormir, se já está chegando o discípulo que vai entregá-lo nas mãos dos profanos para o sacrifício: Ele já estava pronto para iniciar a prova.

Mas que eles orassem, porque também a provação deles estava para chegar: que permanecessem despertos (acordados) e em oração, a fim de não sucumbirem.

Cabe a nós todos o mesmo aviso, em qualquer situação, mas sobretudo quando assoberbados por ataques que visam a experimentar nossas forças.

Não percamos de vista, outrossim, a energia do Espírito a dominar a personagem, e a necessidade absoluta de aceitação por parte de nosso eu pequeno de TUDO QUANTO VENHA SOBRE NÓS: tudo é necessário e "tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus" (RM 8:28). Quantas vezes aquilo que nos revolta, seria um passo à frente em nossa evolução, e perdemos a oportunidade! Estejamos despertos, atentos, bem acordados, e permaneçamos em oração, para aproveitar todas as ocasiões de subir.




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Mateus 26:36

Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.

mt 26:36
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Mateus 26:37

E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.

mt 26:37
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Mateus 26:38

Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui, e velai comigo.

mt 26:38
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Mateus 26:39

E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.

mt 26:39
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Mateus 26:40

E voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?

mt 26:40
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Mateus 26:41

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

mt 26:41
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Mateus 26:42

E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai Meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.

mt 26:42
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Mateus 26:43

E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam carregados.

mt 26:43
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Mateus 26:44

E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.

mt 26:44
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Mateus 26:45

Então chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores.

mt 26:45
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Mateus 26:46

Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai.

mt 26:46
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Marcos 14:32

E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro.

mc 14:32
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Marcos 14:33

E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.

mc 14:33
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Marcos 14:34

E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte: ficai aqui e vigiai.

mc 14:34
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Marcos 14:35

E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.

mc 14:35
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Marcos 14:36

E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.

mc 14:36
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Marcos 14:37

E, chegando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não podes vigiar uma hora?

mc 14:37
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Marcos 14:38

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.

mc 14:38
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Marcos 14:39

E foi outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras.

mc 14:39
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Marcos 14:40

E, voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam carregados, e não sabiam que responder-lhe.

mc 14:40
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Marcos 14:41

E voltou terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descansai. Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores.

mc 14:41
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Marcos 14:42

Levantai-vos, vamos; eis que está perto o que me trai.

mc 14:42
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Lucas 22:40

E, quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.

lc 22:40
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Lucas 22:41

E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava.

lc 22:41
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Lucas 22:42

Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálix, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.

lc 22:42
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Lucas 22:43

E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava.

lc 22:43
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Lucas 22:44

E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.

lc 22:44
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Lucas 22:45

E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza.

lc 22:45
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

Lucas 22:46

E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.

lc 22:46
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João 18:1

TENDO Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos.

jo 18:1
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Hebreus 5:7

O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.

hb 5:7
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João 1:4

Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;

jo 1:4
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Mateus 18:16

Mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.

mt 18:16
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Mateus 18:2

E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles,

mt 18:2
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Lucas 9:32

E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois varões que estavam com ele.

lc 9:32
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I Coríntios 15:50

E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção.

1co 15:50
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Romanos 8:28

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.

rm 8:28
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