Cristianismo e Espiritismo

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JERÔNIMO DE PRAGA.

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O Céu Estrelado. Os Mundos Médium, Srta. M L. "Claridades siderais, vias do céu! Vós, que indicais às almas as linhas ideais de sua evolução; vós, que vos estendeis pelas profundezas dos espaços! Planetas, donde as almas vos contemplam, não sois mais que poeiras douro, luminosos traços no escuro céu de estio. Para aqueles que, porém, já não aprisiona o túmulo da carne, planetas, estrelas, sois os verdadeiros mensageiros do divino pensamento; escreveis no misterioso e divino livro da Criação os gloriosos salmos com que Deus quis assinalar a sua obra. Sois o perpétuo assombro das criaturas e vosso esplendor lhes há de sempre dar as sensações vertiginosas do infinito! Ó nebulosas, vias-lácteas, constelações inumeráveis, sois como bacantes pelo pensamento de Deus embriagadas! Projetais vossos eternos giros ao redor dos sóis, como as antigas sacerdotisas em torno ao carro do deus. Sacudis nos espaços as luminosas cabeleiras e assim lançais, através dos tempos, um testemunho fulgurante de vossas existências. Vossos cíngulos se desenrolam, nas noites de verão, em feixes ígneos; os bólidos, os globos abrasados se vos desprenderam dos flancos e cingis assim o mundo, nos sulcos luminosos por eles dourados no seio dos espaços. "Vossas vibrações harmônicas fazem acompanhamento ao hino sagrado das almas, e nunca a vossa melodiosa trajetória parece mais bela aos nossos olhos do que à hora em que terminado, finalmente, o percurso que Deus vos assinou, ou acabada a vossa tarefa de pátria de alma em evolução, ides despedaçar-vos contra o obstáculo por Deus indicado, projetando através dos espaços, assombrados com o vosso desaparecimento, as partículas dessa matéria de que éreis formados e que vai regressar ao seio de Deus, para reconstituir outros universos. "Passai, estrelas e planetas; seguis rápidos e vários e vosso giro, vossas órbitas imensas, parecem o símbolo da eternidade; sois belos e deslumbrais os humanos olhares; mas que sois para a alma?

Lugares de passagem, o caro albergue em que nos demoramos uma noite, a escutar os sons melodiosos que desferem as árvores ao vento. Mas o viajante partiu, a casa com as paredes fendidas se desmoronou; só restam as velhas pedras, douradas pelo Sol de estio, a meio cobertas pelas desordenadas ervas invasoras. "Assim vos haveis de destruir, estrelas e planetas; não sereis mais que uma poeira de astro, planetas vagabundos pelo céu. Mas a alma permanecerá fiel à vossa lembrança e, quando perto lhe passar um desses bólidos, há de ela reconhecer algo da antiga morada que Deus lhe destinara. "Terra, tu que me viste passar, que em teu seio recolhes-te às lágrimas que vertia o homem pela dor acabrunhado, vais desmoronar-te perante o teu Senhor. Já a alma prevê o tempo em que hás de ser apenas um planeta sem vida e receamos o teu desaparecimento. Assim é a lei. Ó Terra, ó minha mãe! tu morrerás; mas os milhões de almas embrionárias que constituíam tua matéria, serão então libertados e prosseguirão noutro lugar a sua evolução.

Não deploremos, pois, a tua sorte; ela é grande, é nobre, está em harmonia com a lei de Deus. E quando, atingidas outras altitudes morais, meus olhos contemplarem extasiados as fulgurantes constelações na profundeza dos espaços, procurarei o lugar em que, radiante dos pensamentos que teu divino vestuário agita, deverias passar. "Nada mais verei que uma lembrança; encontrarei outras estrelas em formação, o espaço será ainda imutável, outros planetas serão outras tantas terras, portadoras de almas como as que hoje trazes. Mas o que foram tuas montanhas, teus vales benditos em que ressoa a voz da Humanidade, já nem mesmo será uma poeira no seio dos firmamentos. Nada mais restará de tua antiga forma.

Ufana-te, porém, ó Terra! terás cumprido o teu dever. As almas, graças a ti, se terão transportado a outros lugares, aos espaços em que circulam constantemente os pensamentos do amor impenetrável, que são a vida e a existência das almas deslumbradas por esse foco incessantemente renovado. "A Deus, Terra, ao teu Senhor deves o amor e o reconhecimento, e eu sei que lhe rendes homenagem, porque ouço extasiado os melodiosos cantos que tua atmosfera, ao passar no eterno éter, entoa como as almas conscientes da verdade. "Estrelas, inclinai-vos em vossas órbitas radiosas: lançai eternamente ao firmamento os feixes de luz que vos revelam. Estais no seio daquele que É!"




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