Alma e Coração

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Capítulo XXIV

Perdão na intimidade


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Quando nos referimos a perdão, habitualmente mentalizamos o quadro clássico em que nos vemos à frente de supostos adversários, distribuindo magnanimidade e benemerência, qual se pudéssemos viver sem a tolerância alheia.

O assunto, porém, se espraia em ângulos diversos, notadamente naqueles que se reportam ao cotidiano.

Se não soubermos desculpar as faltas dos seres que amamos e se não pudermos ser desculpados pelos erros que cometemos diante deles, a existência em comum seria francamente impraticável, porquanto irritações e azedumes devidamente somados atingiriam quota suficiente para infligir a desencarnação prematura a qualquer pessoa.

Precisamos muito mais de perdão dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio recíproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas rumorosas do mundo.

Em auxílio a nós mesmos, todos necessitamos cultivar compreensão e apoio construtivo, no amparo sistemático a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e associados; respeito constante à vida particular dos amigos íntimos, tolerância para os entes amados, com paciência e olvido diante de quaisquer ofensas que assaltem os corações. Nada de aguardarmos sucessos calamitosos, dores públicas e humilhações na praça, a fim de aparecermos na posição de atores da benevolência dramatizada, apesar de nossa obrigação de fazer o bem e esquecer o mal, seja onde for.

Aprendamos a desculpar — mas a desculpar sinceramente, de coração e memória — todas as alfinetadas e contratempos, aborrecimentos e desgostos, no círculo estreito de nossas relações pessoais, exercitando-nos em bondade real para sermos realmente bons. Tão somente assim, lograremos praticar o perdão que Jesus nos ensinou. E se o Mestre nos recomendou perdoar setenta vezes sete aos nossos inimigos, quantas vezes deveremos perdoar aos amigos que nos entretecem a alegria de viver? Decerto que o Senhor se fez omisso na questão, porque tanto nossos companheiros necessitam de nós, quanto nós necessitamos deles, e, por isso mesmo, de corações entrelaçados no caminho da vida, é imprescindível reconhecer que, entre os verdadeiros amigos, qualquer ocorrência será motivo para aprendermos, com segurança, a abençoar e entender, amar e auxiliar.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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