E a vida continua...

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Capítulo XXIII

Ernesto em serviço


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A obra de assistência espiritual por parte de Fantini e Evelina avançava com segurança, entre as melhoras de Túlio e os tentames de reaproximação com Desidério, que não se desvinculava de Elisa, então relegada às próprias reflexões no sanatório a que fora conduzida.

O trabalho para Ernesto se fazia, porém, cada vez mais difícil, porquanto o adversário não perdia ocasião de arrancar-se contra ele, através de acusações e achincalhes. Por outro lado, as condições orgânicas de Elisa pioravam, de dia para dia, e os seus esforços, no sentido de abeirar-se dela, redundavam quase nulos. Preocupado com o rumo da situação, procurou Ribas, a quem expôs o problema, inquirindo por que motivo um Espírito sofredor e enrijecido nas ideias de vingança adquirira tamanho poder de penetração, a ponto de apontar-lhe as mínimas falhas de caráter.

— Ah! meu amigo, meu amigo!… confessou o Instrutor — nossos irmãos atrelados ao desespero e à revolta encontram razões para censurar-nos, sempre que preferimos desempenhar na Terra a função de personalidades-legendas.

— Como assim?

— Muita vez, somos no mundo titulares desses ou daqueles encargos, sem que venhamos a executá-los de modo efetivo. Costumamos ser maridos-legendas, pais-legendas, filhos-legendas, administradores-legendas… Usamos rótulos, sem atender às obrigações que eles nos indicam. Entendeu? Igualmente, já fui esposo-legenda na Terra, isto é, casei-me, abracei compromissos de família, mas acreditei que as minhas responsabilidades se limitassem a ostentar a chefia da casa e a pagar as contas de fim de mês. A rigor, jamais compartilhei as inquietações da companheira, na educação íntima dos filhos e, que eu me lembre, nunca me sentei, junto de qualquer deles, para sondar-lhes as dificuldades e os sonhos, conquanto lhes exigisse conduta que me honrasse o nome.

Assinalando a delicada objurgação, Fantini viu-se mais uma vez espicaçado pela própria consciência.

Concluía, sinceramente, de si para consigo, que não fora o esposo e o pai que deveria ter sido. Somente ali, naquela estância espiritual, depois da morte do corpo físico, percebia, nas duras refregas da autocorrigenda, que o dinheiro não faz o serviço do coração. Sentindo-se rebaixado, triste, absteve-se de quaisquer divagações nos temas da consulta, ao passo que o mentor, risonho, deteve-se a confortá-lo nas despedidas:

— Nada de desânimo!… Ouçamos os opositores nas críticas que assaquem contra nós, buscando aproveitá-las com humildade no que mostrem de verdadeiro e de útil. Usemos essa chave, Fantini, a humildade… Ela funcionará com acerto na solução dos maiores enigmas. Sejamos cristãos autênticos, amando, servindo, desculpando…

Atento às lições constantes do amigo, consagrava-se Ernesto, cada vez mais, aos misteres da fraternidade legítima, fosse tolerando as diatribes da mulher debilitada pelo sofrimento, ou suportando, com resignação heroica, os baldões do irmão infeliz, sempre disposto ao espancamento verbal.


Depois de vinte e seis dias de frequência correta ao clima de serviço, verificou, surpreso, que Serpa, pela primeira vez, vinha ao encontro da futura sogra.

Muito bem apessoado, postou-se o causídico à frente da enferma, em sala particular, com o beneplácito da administração do instituto, pois, segundo anunciou, desejava colher impressões claras e pessoais, com alusão à doente, a fim de prestar informes positivos à noiva.

Em derredor de ambos, apenas os dois acompanhantes desencarnados, Desidério e Fantini, ambos ansiosos pelos resultados da entrevista.

Quando se acharam a sós, Elisa expôs, com palavras serenas de mãe, o desejo de abraçar a filha, a fim de que ela lhe testemunhasse a sanidade mental e lhe patrocinasse o regresso para a casa, sensibilizando tanto a Fantini quanto a Desidério, pela atitude humilde em que vazava as súplicas de mulher derrotada pelas circunstâncias.

Serpa, no entanto, contrariou-a, inflexível:

— Absolutamente, a senhora não terá alta, assim como pretende, pois os prognósticos a seu respeito não ajudam…

— Porquê?

— As informações relativas ao seu comportamento não nos autorizam a retirá-la.

— Comportamento? que comportamento?

— Continua chorando sem propósito, conversa sozinha, interpela sombras…

— Simplesmente, não sou compreendida, o que vejo, vejo…

— Vera telefona diariamente e os enfermeiros são concordes em declarar que as suas perturbações não diminuíram.

— Serpa — admoestou Elisa, carregando a voz de mal-estar —, apesar de tudo, insisto com o seu cavalheirismo, a fim de que me traga Vera…

— Para quê? para traumatizá-la com as suas fantasias? Não acredita que sua filha já sofreu o bastante com os seus choros e noites em claro?

— Oh! Serpa!.

— A senhora sabe que já sou quase seu genro, tenho direito a interferir…

— Não sei quem teria o direito de interferir entre as mães e os filhos — reivindicou a enferma, agora suplementando cada palavra com inflexão de funda tristeza. — Não reclamo contra a sua ingerência nos negócios de minha casa, a ponto de me achar interditada, no tocante a emitir um simples cheque…

— Não se lamurie — atalhou Caio, agressivo —, aceitei o papel de seu procurador, por exigências de sua filha. Tenho serviço que me baste e não disputaria a condição de seu empregado…

— Não lamento e conto com a sua honestidade para proteger os interesses de minha filha… Quanto a mim…

— Que quer dizer?

— Quanto a mim, vocês dois não se afligirão por muito tempo. Alguns palmos de terra…

— Porque fala nisso? que há de mais? a morte é o fim de nós todos, e, se a senhora se expressa dessa forma para comover-me, está muito enganada…

— Oh! meu Deus, só desejava ver minha filha!…

— Pois enquanto não se normalizar, enquanto não puder recebê-la sem causar-lhe impressões negativas, não conseguirá.

— Mas porque me impõe essa recusa, se sempre recebi você em minha casa, como se fosse meu próprio filho?

— Mentira! a senhora me detesta… Não me expulsou, porque Vera não permitiu, porque sou o homem que ela escolheu para lhe dirigir o futuro…

E ante a penosa estupefação da doente:

— E saiba que tanto ela quanto eu estamos fartos de saber que a senhora já viveu sua vida e que precisamos viver a nossa… Não será uma sogra velha que frustrará nossos planos.

Inopinada revolta anuviou o cérebro de Elisa, que se aprestou para a reação, exclamando, frenética:

— Infame!…

Surgida a indignação, Desidério — o desencarnado que, a rigor, lhe controlava todas as faculdades — senhoreou-lhe a mente, de forma espetacular, e a crise se desencadeou dominadora, terrível…

Elisa, possessa, investiu sobre o visitante, buscando asfixiá-lo, a meio de impropérios que se lhe estranhavam na boca.

Serpa recuou, sob indisfarçável espanto, dando lugar à paciente enfermeira que imobilizou a viúva, ao mesmo tempo que, de outro lado, Ernesto, a pulso, impedia os movimentos desordenados do companheiro.

Restabeleceu-se a ordem.

A moça de serviço reconduziu a doente para o quarto, apoiada no concurso de duas auxiliares, e voltou para as escusas.

— Não se aflija, doutor. Foi uma crise como tantas… Isso passará.

— Compreendo — revidou Caio, gentil. — Dona Elisa sempre me tratou com carinhos de mãe. Pobre amiga! tem os nervos positivamente destrambelhados.

Enquanto a conversa prosseguia, Fantini segurava Desidério, amistosamente, coadjuvado por outros tarefeiros desencarnados, em atividade no sanatório.

Um deles solicitava prisão para o agitado agressor, ao passo que os demais informavam que, desde a entrada de Elisa no estabelecimento, era ele um prestativo e pacato acompanhante da enferma, que encontrava nele um amparo e um amigo.

Ouvindo alusões a encarceramento provável, o pai de Evelina percebeu que se achava diante da possibilidade de perder-se da criatura querida, e asserenou-se.

Valeu-se Ernesto da circunstância e o apresentou como sendo para ele um irmão caríssimo, no intuito de sossegar as sentinelas, acentuando que o pobre se desmandara ligeiramente, à vista de certas provações de família. Entretanto, ele, Fantini, estava ali justamente a fim de ajudá-lo a se desvencilhar de quaisquer lembranças destrutivas.

Dispersaram-se os guardas.


Depois disso, Ernesto convidou o rival a segui-lo, no que foi atendido, sentando-se ambos em espaçoso banco de jardim próximo.

Desidério chorava, colérico, impedido que se vira de surrar o advogado como desejara.

— Você viu que crápula? — explodiu, encarando Fantini com expressão menos cruel — não sei porque ainda não aniquilei esse pulha de Serpa!… Primeiro, assassinou um colega, o advogado Túlio Mancini, depois matou minha filha aos poucos, e agora quer arrasar Elisa, após furtá-la, descaradamente…

O amigo fitou-o com bondade e ajuntou:

— Desidério, perdoe-nos por todo o mal que já lhe fizemos e escute-me!… Acalme-se, por amor de Deus! Não lhe peço isto por nós, mas por Elisa, a quem você ama tanto… Presentemente, nada mais disputo senão a paz entre nós. Tranquilize-se, para arrostarmos a realidade; posso informar a você que a nossa enferma está no fim da resistência física!…

— Tenho alguma ideia disso — replicou Desidério menos hostil, patenteando intenções de acordo e entendimento, pela primeira vez —, mas lutarei como um touro para defendê-la. Darei a ela as minhas forças, minha vida. Minha alma é a dela, assim como o corpo em que ela respira é o meu corpo… Habitamos a mesma cela de carne, pensamos pela mesma cabeça!…

— Graças a Deus — concordou Fantini com humildade — compreendi que assim é e que assim deve ser…

Demonstrando o elevado grau da despersonalização que ia adquirindo:

— Desde que você me falou com clareza fraterna, em nosso primeiro reencontro, reconheci que Elisa descobriu em você a sustentação de que necessitava, e creia que, se atualmente algo aspiro em relação a ela, anseio vê-la feliz ao seu lado… Estou convencido de que a nossa doente não perseverará mais por muitos dias no corpo terrestre e o choque de hoje, com certeza, pesará na balança..

— Ah! esse Caio, esse miserável…

— Não, Desidério! Assim, não… Suplico a você paciência e tolerância… Acaso, não estaremos cansados de rebeldia e de ódio? Ante a minha falta, no propósito de suprimir você, amarguei a existência terrena, perdendo em remorso e fuga incessante de mim mesmo os melhores tempos da vida no mundo dos homens, e você, meu caro, por não haver desculpado a mim e ao nosso Amâncio, tem estado na selva das provações, que se reservam aos Espíritos impenitentes e sofredores… O leito das lágrimas de Elisa não poderia ser o ponto terminal de nossos disparates? o santo lugar de apaziguamento? Elisa se libertará dos suplícios corpóreos, e nós, meu amigo? que será de nós, se, largado o corpo de matéria pesada, continuamos de espírito atormentado nas ideias de culpa e condenação, crime e castigo? Ela partirá…

Desidério, porém, transtornado pelos argumentos que lhe anunciavam separação, bradou, impulsivo:

— Elisa não partirá de meus braços, não me abandonará!… Não a deixarei!…

— Inúteis, Desidério, quaisquer protestos nossos contra as forças da vida. As leis de Deus se cumprirão. Elisa sustenta-se em você, mas igualmente ama a filha, e, sabendo-se irremediavelmente afastada da ternura filial, inconscientemente aspira à morte e há de tê-la mais depressa, depois que se certificou das atitudes menos felizes de Serpa… Com toda a certeza, a pobrezinha se deterá no pensamento da desencarnação, supondo-se no rumo direto de sua companhia; no entanto, verificar-se-á o imprevisto… A morte vai situá-la em pólo oposto ao seu… Ela não tem a sua estrutura mental, nem a sua disposição para demorar-se nestes sítios… Ressentida hoje contra o genro, amanhã saberá absolvê-lo e patrociná-lo, acomodando-se com os Mensageiros da Vida Maior, através da oração… Apesar do temperamento irritadiço que lhe conhecemos, não odeia a ninguém e nunca demonstrou vocação para a vingança.

Desidério abaixou-se para o solo, agarrou a cabeça entre as mãos e desfez-se a prantear com maior desespero.

— Perdoe, meu amigo!… perdoe a nós todos, incluindo Caio em sua compaixão!…

— Nunca, nunca!…

— Sou eu quem reconhece as injustiças que perpetramos contra você, sou eu quem lhe observa a nobreza de coração… Releve-me e ouça!… Agradeço o seu devotamento à mulher que eu não soube fazer feliz e a ternura pela filha, para a qual você se transformou em abnegado zelador… Por tudo isso, peço-lhe ainda para que estenda até nós, os seus carrascos, as vibrações de sua piedade e de sua simpatia…

— Ah! Fantini, Fantini!… — rugiu o interlocutor, como a guerrear-se para não se render à emoção — porque me tenta assim a uma conciliação impossível? que razões para tanto empenho em modificar-me?

— Desidério, no mundo físico, trabalhamos particularmente com a matéria pesada e transfiguramos pedras, metais, glebas, fontes… Aqui na Espiritualidade, lidamos, de modo especial, com as forças do espírito e renovamos almas e consciências, a começar de nós mesmos… Atenda-me!… Lembre-se de que Elisa possui muitos amigos para requisitá-la aos Planos Superiores, como os teve a sua querida Evelina!… Por amor de Evelina, que você guarda na memória, à feição de um gênio tutelar, não quererá você sublimar atitudes, principiando pelo perdão que imploramos e carecemos?!…

— Evelina!… Evelina, minha filha!… — suspirou o desventurado em lágrimas copiosas — não, não posso imiscuí-la em nossa conversação!… Evelina deve habitar na casa dos anjos!… que eu padeça no inferno, acalentado por mim mesmo, que eu me debata no lameiro que mereci, mas que a felicidade abençoe minha filha nos Céus!…

— E se ela própria vier, um dia, ao seu encontro para advogar nossa causa, amparar-nos, rogar a sua misericórdia de credor para nós outros, os seus devedores?


Desidério esforçava-se para falar, rompendo a barreira de dor que lhe comburia o âmago da alma; no entanto, compassivo assistente espiritual da instituição veio até aos dois para notificar-lhes o inesperado. Finda a crise violenta de angústia, caíra Elisa em funda prostração, ante a ruptura de delicado vaso cerebral, prenunciando-se-lhe a desencarnação para breves horas.

Esqueceram-se ambos, para o socorro preciso. Através de telefonemas à pressa, Vera e Serpa, alarmados, cientificaram-se quanto ao novo rumo que se imprimira à situação e, juntos, demandaram o estabelecimento, encontrando Elisa agonizante, em ambiente de tranquilidade e carinho.

O médico amigo, não obstante expender argumentos de consolo e esperança, foi claro no aviso: “nada mais a fazer, senão aguardar.”

Vera Celina, em soluços, ajoelhou aos pés daquela cuja boca não mais se abriria para abençoá-la com os recursos do corpo terrestre.

Caio, evidentemente contrafeito, contemplava a cena, fumando cigarros sucessivos.

Enfermeiras iam e vinham, no afã de se fazerem mais úteis, e auxiliares espirituais formavam cadeias magnéticas de apoio à viúva Fantini, a fim de que o trânsito de um mundo para outro lhe fosse mais rápido e menos intranquilo.

Ernesto demandou a residência da Espiritualidade, a fim de colher as instruções de Ribas, diante da emergência, e Desidério se plantou à cabeceira, imerso em revolta e desesperação.

Durante oito horas consecutivas, o coração ainda sustentou o corpo tombado inerte.

Sobrevindo a madrugada, Elisa abriu as pálpebras, desmesuradamente, e tentou fixar os olhos na filha para endereçar-lhe a inexpressável despedida; no entanto, descortinou a presença de Serpa, que a fitava, rente ao leito, e, não obstante incapaz de nutrir quaisquer resquícios de ódio no âmago da alma, cerrou o coração em densa nuvem de mágoa, pedindo mentalmente a Desidério que a resguardasse e defendesse. Bastou essa deliberação irrefletida e, qual se lhe agarrasse, ávido, os pensamentos que lhe seriam os derradeiros, no envoltório carnal, o acompanhante colou-se a ela, dando a ideia de quem lhe sorvia todas as forças…

Vera pressentiu que a genitora se rendia, por fim, ao grande repouso e, ansiosa, procurou debalde reanimar-lhe a vida orgânica, suplicando:

— Mãe! Mãe!… Minha mãe!…

Da boca hirta, contudo, não surgiu qualquer resposta.

Elisa Fantini pendeu a cabeça nos travesseiros, enquanto o corpo se lhe imobilizava para sempre.

Na enfermaria do sanatório, caía o pano da morte sobre aquela existência, fértil de tribulações e problemas, na ribalta do mundo; todavia, por trás dos bastidores, na Esfera espiritual, o drama não terminara. Jungido à morta pela força dos últimos desejos que ela mesma enunciara, Desidério, inflamado em labaredas de ódio, retivera-lhe uma das mãos na destra rude, impedindo-lhe a retirada… Elisa, embora semi-inconsciente, percebeu que se achava presa a ele e algemada ao cadáver, ouvindo o desventurado companheiro a repisar e repisar que jamais a deixaria…


Irmãos da Terra, em meio às vicissitudes da experiência humana, aprendei a tolerar e perdoar!… Por mais se vos fira ou calunie, injurie ou amaldiçoe, olvidai o mal; fazendo o bem!… Vós que tivestes a confiança traída ou o espírito dilacerado nas armadilhas da sombra, acendei a luz do amor onde estiverdes!… Companheiros que fostes vilipendiados ou insultados em vossas intenções mais sublimes, apagai as ofensas recebidas e bendizei os ultrajes que vos burilam o coração para a Vida Maior!… Irmãs que padecestes indescritíveis agravos na própria carne, desprezadas pelos carrascos risonhos que vos enlouqueceram de angústia, depois de vos acenarem com mentirosas promessas, abençoai aqueles que vos destruíram os sonhos!… Mães solteiras que fostes banidas do lar e batidas até a queda na prostituição, por haverdes tido suficiente coragem de não assassinar no próprio ventre os filhos de vossa desventura, com a insânia do aborto provocado, mães agoniadas às quais tantas vezes se nega até mesmo o direito de defesa, conferido aos nossos irmãos criminosos nas cadeias públicas, perdoai os vossos algozes!… Pais que trazeis nos ombros escalavrados de sofrimento a carga dolorosa dos filhos ingratos, filhos que aguentais na carne e na alma o despotismo e a brutalidade de pais insensíveis e cônjuges flechados entre as paredes domésticas pelos estiletes da incompreensão e da crueldade, absolvei-vos uns aos outros!.. Obsidiados de todos os climas, tecei véus de piedade e esperança sobre os seres infelizes, encarnados ou desencarnados, que vos torturam as horas! Criaturas prejudicadas ou perseguidas de todos os recantos do mundo, perdoai a quantos se fizeram instrumentos de vossas aflições e de vossas lágrimas!… Quando sentirdes a tentação de revidar, lembrai-vos daquele que nos concitou a “amar os inimigos” e a “orar pelos que nos perseguem e caluniam”! Recordai o Cristo de Deus, preferindo ser condenado, a condenar, porque, em verdade, quantos praticam o mal não sabem o que fazem!… Convencei-vos de que as leis da morte não excetuam ninguém e não vos esqueçais de que, no dia do vosso grande adeus aos que ficarem na estância das provas, somente pela bênção da paz e do amor na consciência tranquila é que podereis alcançar a suspirada libertação!…




André Luiz
Francisco Cândido Xavier


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