A Terra e o Semeador
Versão para cópiaAnseios da mocidade espírita
61 — CURSO PRÉ-MOCIDADE
P — Como o Senhor vê o Curso Pré-Mocidade?
R — Nós reconhecemos pessoalmente a nossa incompetência para interferir nos assuntos de educação, mas, como espírita militante, nós vemos no Curso Pré-Mocidade uma iniciativa das mais edificantes, porque o Curso encontra os nossos companheiros reencarnados entre a infância e a juventude num período em que nós acreditamos seja mais proveitosa a aplicação de normas educativas capazes de auxiliar a criatura durante a sua encarnação na Terra. Concordamos que o Pré-Mocidade é um empreendimento dos mais dignos e que merece a atenção de todas as instituições do Espiritismo Cristão, principalmente.
62 — PROGRAMA PARA OS JOVENS
P — Sendo a fase da adolescência de transição, o que o Senhor julga mais importante para se dar aos jovens neste Curso?
R — Cremos que é nossa obrigação ministrar conhecimentos práticos em torno da vida prática, ideias tão sólidas quanto possíveis, quanto à realidade da vida em si. Precisamos acordar não só a juventude como também a madureza para as questões da autenticidade. Devemos ser nós mesmos com a aceitação até mesmo de nossas próprias imperfeições, para que venhamos a conhecer-nos por dentro, melhorando o nosso padrão de vida íntima, com a reforma que a Doutrina Espírita nos aconselha e com o aproveitamento máximo de nosso tempo de reencarnação.
63 — ESTUDO EM GRUPO
P — O estudo em grupo é hoje um método muito divulgado. Este método é vantajoso para o adolescente?
R — Tanto para os jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente, até porque nós não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de agir sozinho, procurando agir em grupo. Ele reconheceu a sua missão divina, constituiu um grupo de doze companheiros para debater os assuntos relativos à doutrina salvadora do Cristianismo, que o Espiritismo hoje restaura, procurando imprimir naquelas mentes, vamos dizer, todo o programa que ainda hoje é programa para nossa vida, depois de quase vinte séculos. Programa de vivência que nós estamos tentando conhecer e tanto quanto possível aplicar na Doutrina Espírita, no campo de nossas lides e lutas cotidianas.
64 — MOTIVAÇÃO DE AULAS DOUTRINÁRIAS
P 1 — De que modo podemos fazer o adolescente interessar-se realmente pelas aulas de Doutrina? Que motivação usaríamos?
R — Creio que um entendimento entre os professores para que eles possam estudar o problema do relacionamento entre eles e os alunos é uma iniciativa que nós não podemos desprezar, porque aprendemos com os nossos benfeitores espirituais que cada espírito é um mundo por si, que Deus não dá cópias; cada um de nós é uma criação independente, de modo que precisamos estudar a natureza, as tendências, os problemas, as dificuldades, as facilidades de cada um de nossos companheiros que levam o nome de nossos aprendizes, para que venhamos a beneficiá-los com a nossa influência, os ensinamentos de que sejamos portadores. Mas embora sejamos apaixonados pelas estórias que usam apólogos e símbolos, nós acreditamos que estamos faceando agora num período de progresso da Humanidade em que devemos usar a verdade tanto quanto possível, mas a verdade que não fira, a verdade que não destrua, porque se o professor é autêntico, descobre autenticidade em seu aluno; encontra a chave para penetrar na mente e no coração do aluno, de modo a auxiliá-lo. Então o problema do relacionamento é problema vital em toda escola. Devemos estudar, observar bem para que nós venhamos a criar o clima capaz de interessar os nossos irmãos adolescentes no estudo da verdade. Entretanto, somos também de parecer que cada Centro Espírita é um educandário em que os adultos também estão na mesma posição. Nós precisamos descobrir quais as motivações para que os adultos se interessem pela Doutrina Espírita. Não somente receber os benefícios, como sejam os benefícios da prece, do passe, do amparo espiritual, do auxílio magnético, mas a luta da criatura em si para o conhecimento dela própria, à luz da verdade. São assuntos da atualidade, que nós precisamos estudar, estudar para penetrá-los devidamente.
P 2 — Para despertar então no adolescente o amor à Doutrina, o caminho seria este?
R — Cremos que sim: o amor à Doutrina com demonstrações da vida prática.
65 — DEBATES E RESPEITO
P — Quer dizer que o senhor acha que devem constar do programa do Curso Pré-Mocidade, além da parte Doutrinária, aulas práticas?
R — Se houvesse possibilidade, aulas expressando contatos humanos entre os professores e alunos, palestras, conversações em grupo, em que cada um pudesse expor suas ideias, mas sem provocar de nenhum modo em ninguém, nem o espanto, nem o ridículo, quando estas ideias destoassem das ideias chamadas normais entre as pessoas. O aluna poderia se exteriorizar como ele é, o professor aceitá-lo como ele é, ajudá-lo como ele é, para que ele possa produzir melhor na vida dele. Nós estamos atravessando uma época em que toda imposição espiritual significa violência, e o espírito humano recusa a violência. Nós estamos diante de uma revolução no mundo, uma revolução pacífica contra a violência entre as pessoas humanas. Então precisamos de senso de humanidade no trato com os outros e este trato uns com os outros. A base deste trato chama-se respeito. Se não respeitamos as ideias do aluno, ele não nos respeita. De modo que precisamos estabelecer esta linha de definição.
66 — DURAÇÃO DE AULA
P — Qual seria a duração de maior rendimento doutrinário para uma aula do Pré-Mocidade?
R — Máximo de quarenta (40) minutos, para não cansar; meia hora no mínimo. Vou explicar: não tenho experiência no magistério espiritual, sou médium e mau médium.
Entrevista realizada por Sônia Barbante Santos, publicada pelo jornal “A Flama Espírita”, de Uberaba, MG, em 25 de dezembro de 1971, sob o título “Entrevista com Chico Xavier sobre o Pré-Mocidade”.
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