Capítulo XX

Humilde


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Alguém houve na Terra que nascido na palha não desesperou da pobreza a que o mundo lhe relegara a existência, transformando o berço apagado em poema inesquecível.

Assinalado por uma estrela em sua primeira hora humana, nunca se lembrou disso em meio das criaturas.

Com a sabedoria dos anjos, falava a linguagem dos homens, entretendo-se à beira de um lago em desconforto, com as criancinhas desamparadas.

Trazendo os tesouros da imortalidade no Espírito, vivia sem disputar uma pedra onde repousar a cabeça e dispondo da autoridade maior escolhia servir, ao invés de mandar, levantando os doentes e amparando aos aflitos.

Em permanente contato com o Céu, ninguém lhe ouviu qualquer palavra em torno dessa prerrogativa e podendo deslumbrar o cérebro de seu tempo, preferia buscar o coração dos simples para esculpir na alma do povo as virtudes do amor no apoio recíproco.

Esquecido, não se descurava do dever de auxiliar sempre; insultado, perdoava; traído, socorria aos verdugos, soerguendo-lhes o espírito através da própria humildade.

Golpeado em suas esperanças mais belas, desculpava sem condições a quantos lhe feriam a alma angélica.

Amparando sem paga, ninguém lhe escutou a mais leve queixa contra os beneficiários sem memória a lhe zurzirem a vida e o nome com as farpas da ingratidão.

Vendido por um dos companheiros que mais amava, recebeu-lhe, sereno, o beijo suspeitoso.

Encarcerado e sentenciado à morte, sem culpa, não recorreu à justiça por amor àqueles que lhe escarravam na face, deixando-se crucificar com o silêncio da paz e o verbo do perdão.

E ainda mesmo depois do túmulo, ei-lo que volta à Terra estendendo as mãos aos amigos que o mal segregara na deserção, reunindo-os de novo em seus braços de luz.

Esse alguém era humilde. Esse alguém é Jesus.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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