Antologia Mediúnica do Natal
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O templo da morte tem portas incontáveis, Como incontáveis são as almas humanas, E infinitos seus estados de consciência. Pela porta escura do remorso, Um dia penetrou os seus umbrais Uma alma que regressava da Terra. Lá dentro, Em nome do Senhor de todos os latifúndios do Universo, Pontificava o Anjo da Justiça. «Anjo Bom! — disse-lhe a alma súplice — Eu tenho a minhalma coberta de feridas cancerosas! Cura-me as chagas purulentas do remorso… Tenho os meus olhos vendados E uma treva incomensurável na consciência! Apaga os meus atrozes padeceres!…» «Filha — respondeu compassivo —, Para sanar tão estranhas feridas, Tão amargos pesares, Só há um recurso: Volta à Terra! Lá existe o Regato das Lágrimas, Banha-te nas suas águas cristalinas; Elas serão o teu bálsamo consolador E curarão a tua cegueira… Estás na escuridão absoluta Pela ausência da luz, do bem na tua alma! Mas o Anjo da Dor irá contigo; Ele há-de te guiar através das sirtes do mar encapelado dos sofrimentos, E te conduzirá ao lugar bendito onde existem as lágrimas salvadoras!…» E a pobre regressou… Conduzida pela Dor, Banhou-se na água lustral dos tormentos, Submergiu-se no regato encantado, de cuja fonte límpida promana a Salvação. E depois de haver percorrido Tão tortuosos caminhos, Inçados de perigos E de dores amargas, Reconheceu o luminoso Anjo da Dor… E nos seus braços magnânimos e compassivos, Penetrou no templo misterioso da morte Pela porta maravilhosa da Redenção. |
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