CAPÍTULO 46

SUBLIMAÇÃO

Maria Dolores

Não te digas sem paz, sem esperança. . .

Nem afirmes que o mundo é triste e vão. . .

A existência na Terra é ascensão incontida E a própria Natureza é um hino à luz da vida, Promovendo alegria e elevação.

Olha a foice cortando o mato inculto. . .

Depois, rasga-se a gleba, a golpes de trator.

Logo após, eis o exílio da semente ;

Depois ainda, é o quadro viridente Do solo aprimorado a esmaltar-se de flor.

A dinamite explode, a pleno campo, Estremece a pedreira a gritar, a rugir. . .

Desunem-se calhaus, fugindo, salto em salto.

Surge, porém, depois, o caminho de asfalto, Apontando a beleza e o fulgor do porvir.

Cai o tronco a gemer no próprio berço, Parecendo um gigante a protestar;


Em seguida, levado ao corte em que se apura, Faz-se viga, portal, segurança e

'estrutura, Oferecendo à vida a proteção do lar.

O trigo baila ao sol, em cachos de ouro, Alteando o valor do solo que o bendiz, Mas vem o segador que o deixa em queda e chaga. . .

Depois, ei-lo na mesa. . . É o pão em que se apaga Para que a refeição seja farta e feliz.

Assim também, alma querida e boa, Sofrimento é poder renovador. . .

Sacrifício, aflição, angústia, disciplina São Processos de Deus com que Deus nos ensina A conquista da Luz e a construção do Amor.








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