Amor sem Adeus

Versão para cópia
Capítulo XVI

Sexta Carta

Querida mãezinha, minha santa velhinha do coração. A força do pensamento é uma alavanca invisível. Estivesse onde estivesse, creia que as suas requisições materiais me encontrariam.

Estou aqui, sim, seu Walter, que lhe vem rogar serenidade e paciência. Duas realizações em que você me ensinou a compreender e a esperar, mãezinha; pois é a você, professora de calma e bondade, que venho pedir entendimento e paz.

Mãezinha, aceitação da Vontade Divina é uma força que não sei definir. Quando movimentamos os valores ao nosso alcance, sem atingir os resultados previstos por nós, então é a Lei de Deus que se manifesta. O homem planta a semente, mas a bondade dos Céus é que faz a germinação. Nossas ideias foram cultivadas. Ideias de amor e paz, auxílio e harmonização. Se acontecimentos diversos aparecem, mudando o rumo de nossa lavoura, é que o Mais Alto indica outras ocorrências. Calma e fé. Grandes lucros recolheremos sempre de qualquer investimento, em que a compreensão e a tolerância baseiam o câmbio da felicidade dos outros para sermos felizes.

Tenho acompanhado todos os episódios de nossa jornada de redenção. Agora, é a sua saúde que conta. Nosso caro amigo, Dr. Massau, está com a razão. Não há motivo para uma cirurgia que estaria concentrada numa operação exploratória, sem qualquer soma de benefícios. Falo assim, quase pretensioso, porque me estribo em nosso próprio médico.

Mãezinha, faça um sorriso e acredite que por muito que evolua na Terra a ciência dos transplantes, isso não acontecerá no domínio das emoções. Ninguém pode permutar sofrimento por alegria, saudade por presença tangível. Acalme-se.

A nossa querida Su tem direito a escolher os caminhos que julgue mais adequados à felicidade própria. Digo isso com muito respeito e muito carinho mesmo.

Quanto às diferenças de estrada, mãezinha, isso pertence à vida. Nem todos nós estaremos reunidos em outros caminhos únicos. Pensemos em outros setores de trabalho. Olhe as nossas costureiras e as nossas associadas às mãezinhas, cujos filhos queridos recebem aquelas doces demonstrações de que estamos buscando somente o bem.

Partilhemos as preces de tia Isaura, a madrinha que ora sempre por nossa paz.

E o papai com as duas Sônias, e os meus sobrinhos queridos… Você, a minha querida velhinha, tem um mundo em construção. É necessário continuar, porque teto mesmo ainda está longe. É muita parede para erguermos, muito detalhe para discernirmos. Trabalhar, mãezinha, é o segredo de qualquer vitória. Pensemos nisso e aguardemos. Se há uma contemporização em papéis é que isso se faz preciso. Tudo o que é certo tem base firme.

Ajude o papai a se recuperar na saúde e na tranquilidade de que o meu querido velhinho está precisando, e coloque forças no coração do mano Carlos, que se “vira” em exemplos de fé.

Agradeço a vinda de nosso amigo Christovam e família, pois eu, mãezinha, para reconfortá-la, vim hoje cercado de mais gente. Vovô Perrone é o amigo sempre amigo, e nesta noite a querida vó Mariana com a prima Leonice, digo, Vera Leonice (para fugir ao “prima Vera” cacofonizado) estão comigo; o bisavô Donini também veio, e embora ainda um tanto abatido, o nosso caro amigo Sr. João Angelici veio conosco para, diz ele, renovar a sua coragem. Mãezinha, o tio Tardioli, um companheiro excelente da nossa família, que encontrei na vida nova, se associa às nossas preces e roga-lhe alegria.

Alegria, mãezinha, é o dom de viver. Eu sei que as mães enxergam fontes e estrelas, caminhos e flores, luzes e bênçãos, mas, por dentro, na câmara do olhar apenas observam a presença dos filhos. Ainda assim, considere as esperanças do seu Walter e auxilie-me a conservá-las.

Mãezinha, não chore mais, não, peço-lhe. Tudo será feito para o bem de todos e muito correto para cada um de nós. Converse com Soninha e rogue a ela que não tenha receio. Deus nos guarda e Deus nos sustenta, como tem sustentado.

Falei talvez muito, mas precisava. Não quero vê-la sob o efeito de medidas, que nem o nosso médico aprova, de vez que o nosso melhor refúgio é a nossa casa sempre feliz.

Mãezinha, agradeço a sua dedicação e beijo a sua face molhada de lágrimas. Tenho a ideia de que os brilhantes do orvalho nesta noite subiram ao invés de descerem para o mundo e estão perolando a face de uma estrela, porque você, mãezinha, é a nossa estrela de todos os momentos. Abrace-me. Nessa troca de corações, levo o seu e deixo-lhe o meu. São prodígios da imaginação. Veja que lhe entrego um motor alimentado à esperança, um motor de alegria, que há de sustentar a sua fé; e o seu coração, em meu peito, será todo envolvido em bálsamo de oração, nas preces que faço por sua felicidade.

Agradeçamos a Deus, querida velhinha, e sejamos felizes. Em seu amor inolvidável, todo o amor e toda gratidão do seu filho, sempre seu filho, cada vez mais e muito mais seu




Walter
Francisco Cândido Xavier


Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 16.
Para visualizar o capítulo 16 completo, clique no botão abaixo:

Ver 16 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?