Amor sem Adeus
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Minha santa velhinha, querida mãezinha, peço a sua bênção de paz e amor.
Quero dizer ao seu carinho que tanto trabalhamos com a saudade, que a saudade se nos faz motivo de trabalho e tolerância, como sendo a nossa fábrica de compreensão e a nossa usina de esperança.
Mãezinha, lembro-me aqui dos natalícios do mano e do Waltinho e partilho, com o seu amor, da festa de corações em que nos vemos. Nossos pensamentos estão entrelaçados e não há parede de alvenaria, nem muro de aço, capazes de isolar-nos uns dos outros. Compreendo isso agora, mais do que nunca, e por isso mesmo estou satisfeito com as suas deliberações e com as resoluções do papai Murillo ante o nosso caso familiar. Não fique triste com as ocorrências. Passem os dias, sucedam os acontecimentos da vida uns sobre os outros, mas estaremos todos juntos nas lembranças. Jesus é o cultivador divino. Não há flor que adoeça sem que as mãos divinas do Celeste Jardineiro se mostrem incapazes de restituir-lhe a fragrância e a beleza.
Aqui, seu filho veio a saber que o vencedor na maioria das vezes é o que sabe perder. E aquele coração que se cala diante de uma impropriedade qualquer é sempre o que fala mais alto, porque o silêncio também conversa e diz muito.
Mãezinha, pensemos nas outras crianças que suas mãos, com as mãos das companheiras abnegadas, estão vestindo… São Paulo, Araras e tantas cidades outras guardam hoje pedaços de nosso coração que se reparte com Deus e em nome de Deus. E pode crer que o coração é uma concha misteriosa no mar da vida; pode dividir-se em milhares de fragmentos sem perder a própria integridade.
Mãezinha, esses meninos que nos oferecem tantos sorrisos de gratidão são retratos de meu filho e seu neto — retratos vivos que abraçamos e beijamos, reconhecendo que nossa vida se transformou. Continuemos. Deus nos concede sempre o melhor.
Aqui se encontram comigo o Gerson, de Dona Maria Bugiatto, e o Serginho, filho da senhora Cossero, que tem sentido tantas saudades do filho que lhe vive nas cordas do coração. Ambos se acham confortados, pelo trabalho que as mães queridas vão realizando na beneficência e, posso dizer que, por aqui, estamos quase felizes. Quase felizes, porque hoje creio que a felicidade total para nós será aquela de nossa união plena com a bênção de Deus. Por enquanto, minha querida velhinha, é tanto “entra e sai” na reencarnação, que observo, onde estou, que acabei reconhecendo que o estado de carência afetiva existirá sempre, porque se estamos no mundo físico experimentamos a falta dos nossos queridos entes que nos precedem na Grande Transformação e, se nos demoramos na 5ida Espiritual, a saudade dos que ainda permanecem na Terra é uma espécie de anzol a fisgar-nos o coração, obrigando-nos ao retorno para o lar que deixamos e não deixamos. A fé, porém, é o bálsamo que alivia semelhantes feridas da alma e por isso tenho apenas razões para agradecer a Deus, tudo o que temos obtido em matéria de intercâmbio.
Peço dizer a nossa querida Sônia e ao nosso Carlos que continuo, a postos, colaborando no trabalho que o Senhor nos confiou.
Você sabe, querida mãezinha, quando não podemos ser o braço que age, ser-nos-á possível ser a coragem que anima e fortalece para ser mais útil. Diga isso ao meu pai e fale-lhe de minhas esperanças.
Tudo estará melhor ao melhorarmos. Deus nos garante a paz de consciência à feição de céu sem nuvens e a prova disso é que você já consegue dormir sem tranquilizantes. Olhe que isso é vitória e vitória das grandes.
Mãezinha, agradeço-lhe o carinho por nossas páginas. Que os nossos amigos de Araras consigam reuni-las, para reconforto de outras mães e outros filhos, de outros pais e outros irmãos, qual aconteceu em nossa casa, são os meus votos. De longe, nós dois juntos, você e eu enviamos um beijo ao Waltinho, e pedimos a Deus para que abençoe a nossa querida Suely e todos os nossos.
Desejando vê-la sempre mais valorosa e sempre mais forte em nosso caminho, em que Jesus é o nosso Guia e Companheiro de todas as horas, beija-lhe a face querida e envolve-a com meu pai num abraço do coração, seu filho reconhecido e sempre mais seu,
já estava no prelo quando Walter escreveu esta nova carta pela mediunidade de Francisco C. Xavier, no “Grupo Espírita da Prece”, em reunião pública da noite de 11/novembro/1977 em Uberaba, MG, externando, no final, o seu pensamento quanto ao objetivo maior do presente livro.
Gerson, citado em cartas anteriores, quando encarnado já era amigo de Walter. E Serginho, filho de D. Cesira Cossero, residente em São Paulo, faleceu em 4/março/1976.
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